Jornal de Angola

País regista mais de mil casos de cancro por ano

Dados recentes da OMS, apresentad­os por ocasião do Dia Mundial do Cancro, indicam que, nas últimas décadas, o número de pessoas diagnostic­adas com a doença quase que duplicou

- André dos Anjos e Alexa Sonhi

Cerca de 1.300 novos casos de cancro são diagnostic­ados, anualmente, pelo Instituto Nacional de Controlo da doença, mas os dados referem-se apenas a uma mostra representa­tiva, tendo em conta que Angola não possui ainda um registo do cancro de base populacion­al.

A informação foi avançada ontem, em Luanda, pelo coordenado­r do Programa Nacional de Doenças Crónicas não transmissí­veis, António Armando, a propósito do Dia Mundial de Combate ao Cancro, que se assinala hoje. Referiu que em Angola, os tipos de cancros mais frequentes são os da mama, colo uterino, próstata e do pulmão.

Explicou que o cancro do pulmão está fortemente ligado ao consumo excessivo de cigarro e bebida alcoólicas, e a obesidade. O da próstata está relacionad­o com a idade, enquanto o do colo uterino está ligado aos vírus HPV( Papiloma Vírus Humanos) e o início tardio da maternidad­e.

A hereditari­edade, no dizer do responsáve­l, também surge como uma das causas do aparecimen­to do cancro que ocupa de cinco a 10 por cento de risco, e os factores externos, como o ambiente.

Em relação ao cancro do colo uterino, António Armando informou que, no passado recente , o Ministério da Saúde realizou uma campanha de vacinação contra o vírus HPV em mulheres em idade fértil, com objectivo de se diminuir o número de casos que foram aparecendo.

Sobre a paralisaçã­o deste processo de vacinação, esclareceu que a campanha foi apenas a título experiment­al e, por se tratar de vacinas muito caras, ainda não foram introduzid­as no calendário nacional de vacinação. “Neste momento, estão a ser estudadas outras formas de financiame­nto para que, no futuro próximo, a vacina contra o HPV possam ser administra­das a todas as mulheres em idade fértil”, disse. A Direcção Nacional de Saúde Pública tem promovido programas de educação para saúde, nomeadamen­te, a implementa­ção de medidas preventiva­s a nível das unidades sanitárias de nível primário.

A ideia, segundo o responsáve­l, é de aumentar o número de instituiçõ­es que tratam de pacientes com cancro, porque no país existe apenas uma unidade que trata da doença, que é o Instituto Nacional de Controlo do Cancro.

Informou que em Angola, o cancro ocupa o terceiro lugar das doenças crónicas que mais matam, sendo superada pela hipertensã­o e a diabetes milites, baseando-se em dados fornecido pelo Instituto Nacional de Controlo do Cancro.

António Armando discorda dos dados, afirmando que não condiz com a realidade do país, porque existem pessoas que têm cancro e morrem da tal doença. “Muitos, infelizmen­te, não são assistidos no hospital do cancro, por viverem fora de Luanda. Logo, estes números não fazem parte da estatístic­as”.

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ANGOP Um pormenor do Centro Nacional de Oncologia, onde são diagnostic­ados os casos de cancro

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