País regista mais de mil casos de cancro por ano
Dados recentes da OMS, apresentados por ocasião do Dia Mundial do Cancro, indicam que, nas últimas décadas, o número de pessoas diagnosticadas com a doença quase que duplicou
Cerca de 1.300 novos casos de cancro são diagnosticados, anualmente, pelo Instituto Nacional de Controlo da doença, mas os dados referem-se apenas a uma mostra representativa, tendo em conta que Angola não possui ainda um registo do cancro de base populacional.
A informação foi avançada ontem, em Luanda, pelo coordenador do Programa Nacional de Doenças Crónicas não transmissíveis, António Armando, a propósito do Dia Mundial de Combate ao Cancro, que se assinala hoje. Referiu que em Angola, os tipos de cancros mais frequentes são os da mama, colo uterino, próstata e do pulmão.
Explicou que o cancro do pulmão está fortemente ligado ao consumo excessivo de cigarro e bebida alcoólicas, e a obesidade. O da próstata está relacionado com a idade, enquanto o do colo uterino está ligado aos vírus HPV( Papiloma Vírus Humanos) e o início tardio da maternidade.
A hereditariedade, no dizer do responsável, também surge como uma das causas do aparecimento do cancro que ocupa de cinco a 10 por cento de risco, e os factores externos, como o ambiente.
Em relação ao cancro do colo uterino, António Armando informou que, no passado recente , o Ministério da Saúde realizou uma campanha de vacinação contra o vírus HPV em mulheres em idade fértil, com objectivo de se diminuir o número de casos que foram aparecendo.
Sobre a paralisação deste processo de vacinação, esclareceu que a campanha foi apenas a título experimental e, por se tratar de vacinas muito caras, ainda não foram introduzidas no calendário nacional de vacinação. “Neste momento, estão a ser estudadas outras formas de financiamento para que, no futuro próximo, a vacina contra o HPV possam ser administradas a todas as mulheres em idade fértil”, disse. A Direcção Nacional de Saúde Pública tem promovido programas de educação para saúde, nomeadamente, a implementação de medidas preventivas a nível das unidades sanitárias de nível primário.
A ideia, segundo o responsável, é de aumentar o número de instituições que tratam de pacientes com cancro, porque no país existe apenas uma unidade que trata da doença, que é o Instituto Nacional de Controlo do Cancro.
Informou que em Angola, o cancro ocupa o terceiro lugar das doenças crónicas que mais matam, sendo superada pela hipertensão e a diabetes milites, baseando-se em dados fornecido pelo Instituto Nacional de Controlo do Cancro.
António Armando discorda dos dados, afirmando que não condiz com a realidade do país, porque existem pessoas que têm cancro e morrem da tal doença. “Muitos, infelizmente, não são assistidos no hospital do cancro, por viverem fora de Luanda. Logo, estes números não fazem parte da estatísticas”.