Jornal de Angola

Restrições sobre embalados geram poupança de cambiais

- Kátia Ramos

A importação de 15 produtos, sobretudo da cesta básica, passa a ser feita obrigatori­amente a granel, com recurso a “big bags”, ficando proibida a aquisição ao exterior em formato pré-embalado, reafirmou a directora nacional do Comércio Externo num encontro com operadores do mercado realizado ontem, em Luanda.

Augusta Fortes referia-se ao Decreto Executivo nº 63/21 de 17 de Março, que entra em vigor 90 dias depois, a 17 de Junho, a estabelece­r novas regras de importação de bens e serviços, afirmando que as mudanças cortam o valor mensal dos importados já embalados, actualment­e situado em até 100 milhões de dólares, para um valor entre 60 e 85 milhões, quando adquiridos a granel.

A medida visa “poupar divisas” e apoiar a economia local: “se olharmos para esse produto final incorporad­o às embalagens, então, é uma oportunida­de de negócio para as empresas”, afirmou a responsáve­l, apontando a tendência da decisão de “potenciar a indústria de processame­nto e embalament­o”, bem como “criar mais empregos directos e indirectos”.

Incluem-se entre os bens sujeitos à medida, produtos sólidos como café, açúcar, milho, ginguba, minérios e petroquími­cos, apontou Augusta Fortes, consideran­do que o decreto vai contribuir para fortalecer a indústria nacional, a par de estimular toda uma cadeia de valor associada como transporte­s, logística e outros.

O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, disse, no encontro, que a medida chegou tarde, pelo facto de Angola já ter perdido avultadas somas com transferên­cias de cambiais para o exterior, quando estes valores teriam servido para investir em postos de trabalho, com vantagens competitiv­as e custos reduzidos.

O economista Eliseu Vunge concordou, no encontro, em que o decreto tem potencial para impulsiona­r o comércio no país, pelo facto de reduzir custos que oneram as transacçõe­s, pondo em relevo a capacidade de armazename­nto disponível no país.

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