Egipto anuncia fracasso nas negociações de Kinshasa
O Egipto anunciou, ontem, que a mais recente ronda de conversações sobre uma mega-barragem na Etiópia sobre o rio Nilo Azul falhou, depois de Addis Abeba ter rejeitado uma proposta sudanesa para a inclusão de mediadores internacionais.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Ahmed Hafez, afirmou que a Etiópia rejeitou que Estados Unidos, União Africana (UA) e União Europeia (UE) desempenhassem um papel na supervisão das negociações, segundo a agência Associated Press (AP).
Hafez acrescentou que a Etiópia rejeitou também uma proposta egípcia para retomar as conversações com a UA a servir de mediador, à semelhança do que aconteceu em negociações anteriores.
As mais recentes conversações concluíram-se terçafeira à noite em Kinshasa, República Democrática do Congo (RDC), sem que se tivesse chegado a um acordo.
O Chefe de Estado da RDC, Félix Tshisekedi, que detém a presidência rotativa da UA, afirmou que “o rio Nilo deve continuar a ser uma fonte fértil de vida e prosperidade partilhada”.
A construção da Grande Barragem do Renascimento Etíope, a maior barragem hidroeléctrica de África, sobre o Nilo Azul, um rio que conflui com Nilo Branco e com o rio Atbara e origina o rio Nilo, tem instigado tensões graves entre Etiópia, Sudão e Egipto.
Sudão e Egipto temem que a construção do projecto, avaliado em mais de 4 mil milhões de dólares e que vai permitir à Etiópia gerar 6 mil megawatts de electricidade, coloque o caudal do rio Nilo sob o controlo da administração etíope.
Os dois países pretendem um acordo com validade legal que assegure o enchimento e funcionamento da barragem de forma a não serem lesados, enquanto a Etiópia insiste em directrizes.
Com cerca de 6 mil quilómetros, o rio Nilo é uma fonte vital para o abastecimento de água e electricidade para cerca de 10 países da África Oriental.
No dia 6 de Março, o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-sisi, criticou a intenção da Etiópia em prosseguir com a segunda fase de enchimento da barragem.