Jornal de Angola

A história de Joana Gonçalves

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Joana Gonçalves,

moradora no Bairro Capalanga, em Viana, tem outra história para contar.

Até a bem pouco tempo vendia cabelo no mercado do São Paulo. O produto era da tia, irmã mais nova da mãe, que reside no Brasil, há 13 anos, mas que encontrou na venda de cabelo, em Luanda, uma forma de ajudar, nas despesas de casa, o marido, também angolano e igualmente radicado naquele país.

Há meses, uma outra tia de Joana, irmã da que se encontra no Brasil, e também vendedora de cabelo, tinha viagem marcada para aquele país. Joana, por orientação da tia, juntou todo o dinheiro e foi ao encontro da outra tia, em Cacuaco, para entregar-lhe o montante (500 mil Kwanzas) que, depois de cambiados, seriam entregues à proprietár­ia.

Por volta das 10 horas da manhã, com o dinheiro numa pasta, Joana apanha uma moto-táxi do Capalanga à paragem dos "Três prédios", como também são conhecidos os três edifícios da rede de hotéis "IU", na via expressa. Daí apanha um táxi, Toyota Hiace, que supostamen­te chegaria à vila de Cacuaco.

Depois de passarem pelo antigo comando da Brigada Especial de Trânsito (BET) e já com o táxi lotado, três ocupantes, sendo o condutor, o "pendura" e um outro sentado atrás e munido de uma pistola, anunciam o assalto, no momento em que uma senhora informava que tinha chegado a sua paragem.

O condutor não queria parar. A senhora, de tanto reclamar apanhou um tiro no pé. O tiro chamou a atenção dos passageiro­s para a gravidade da situação. Não resistiram e entregaram todos os pertences e, em debandada, abandonara­m o carro, que já se encontrava parado. Além dos 500 mil kwanzas da tia, Joana perdeu o telefone e os brincos em ouro.

Joana, que se encontrava grávida de quatro meses, chegou a cair de barriga para o chão, mas o bebé, felizmente, nasceu bem. Ela não consegue dizer qual foi a sorte da senhora que apanhou tiro no pé, porque na fuga, correram em direcções diferentes. A gestante regressou a pé até aos "Três prédios", de onde apanhou outra moto-táxi de regresso à casa e só lá conseguiu pagar os 150 kwanzas ao motoqueiro.

Informada, a partir do Brasil, a tia de Joana conformou-se com o ocorrido e, apesar de ter perdido o dinheiro, congratulo­u-se com o facto de a sobrinha ter sobrevivid­o.

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