Equipas do Leste alargam luta do título do Girabola
Maquis e Sagrada contrariam em campo a perspectiva de corrida à consagração limitada aos colossos 1º de Agosto e Petro de Luanda
O ex-médio esquerdo do Petro de Luanda e da Selecção Nacional, Gilberto Graça do Amaral, é o novo coordenador para o futebol de alta competição do clube do Eixo-viário, em substituição de Sidónio Malamba.
De acordo com uma nota publicada na página oficial do facebook da agremiação, a direcção do Petro procedeu a remodelação da sua estrutura orgânica e administrativa, e extinguiu a direcção de futebol de alta competição e o departamento de compras e de serviços gerais. A direcção de Tomás Farias criou a coordenação técnica do futebol de alta competição, que o ex-lateral esquerdo Gilberto Amaral foi indicado para dirigir. O novo homem forte do futebol tricolor é campeão africano pelo Al-ahly do Egipto. No regresso a Angola, terminou a carreira na equipa do Benfica de Luanda em 2015. Até à sua nomeação exercia o cargo de director para o futebol de formação. Recorda-se que no espaço de um ano, a direcção de futebol tricolor já foi dirigida por três dirigentes, nomeadamente Nelo Bumba, Renato Campos e Sidónio Malamba.
A nota revela que foi também criado o departamento de aprovisionamento, que tem à frente a ex-andebolista Filomena Trindade, que conquistou 30 títulos com a camisola do Petro de Luanda, e 14 pela Selecção Nacional, tendo o estatuto de “jogadora angolana mais titulada” do país.
Noutro despacho de Tomás Faria, Sidónio Malamba foi nomeado chefe do departamento de associativismo, marketing e comunicação. É uma área nova, que se enquadra no programa de revitalização da estrutura orgânica do clube.
O Petro de Luanda viaja, hoje, às 14h00, para o Reino de Marrocos, para a disputa da última jornada do grupo C da Liga dos Clubes Campeões da CAF, onde ocupa a última posição, com apenas 1 ponto, fruto de um empate em Luanda diante do Kaizer Chiefs da África do Sul. Nas restantes partidas averbou derrotas.
Prestação na primeira volta coloca maquisardes entre os candidatos à conquista do campeonato
Honorato Silva
A prática tem exercido o seu papel de “critério da verdade”, ao contrariar a tese que de forma recorrente aponta para uma disputa a dois, entre 1º de Agosto e Petro de Luanda, na corrida ao título do Girabola, face à presença consolidada do FC Bravos do Maquis e do Sagrada Esperança, no topo da classificação.
O denominado campeonato atípico, dada as limitações impostas pela pandemia da Covid-19, tem sido marcado pela afirmação competitiva das duas maiores forças futebolísticas do Leste de Angola, ascensão que pode ser associada ao patrocínio, proveniente de uma empresa do sector diamantífero, estendido aos maquisardes para a presença nas Afrotaças.
Apesar do discurso cauteloso e protector de treinadores e dirigentes, os números das equipas do Moxico e Lunda-norte apontam à existência de algo além de meros animadores da prova, como as chamadas “lebres” utilizadas no atletismo, com a finalidade de aumentar o ritmo da corrida nas especialidades de fundo, sobretudo na maratona.
Trabalhar em silêncio
Campeão pelo Recreativo do Libolo, Zeca Amaral, um dos treinadores mais experientes da competição, único com título no currículo, considera utópico colocar o Maquis no leque de candidatos à conquista do troféu, quiçá a afastar a pressão dos seus
jogadores. Justifica a afirmação com o argumento de falta de condições capazes de sustentar tal objectivo.
“Não veio de mim a intenção de ascender à liderança. O Bravos não é candidato ao título. É candidato ao trabalho, à disciplina, à organização e ao seu crescimento. Isso sim. O Bravo não criou uma estrutura que permita já ser campeão. Vamos jogar jogo a jogo, como foi o jogo de hoje. Eu disse que o Sagrada era favorito na antevisão, porque tem um plantel muito recheado, dos melhores que está no Girabola, com um treinador jovem e ambicioso. As dificuldades em jogar neste campo todos conhecemos. Tivemos algumas contrariedades que não possibilitaram que fôssemos uma equipa melhor”, disse o treinador, depois de empatar (0-0) no Dundo.
Disputa a quatro
Opinião contrária tem Paulo Duarte, treinador português contratado pelo 1º de Agosto, com o firme propósito de atingir a elite africana e, internamente, materializar o desejo
do “penta”, quinto título seguido, feito exclusivo do arqui-rival Petro de Luanda.
A derrota de terça-feira, por 1-2, no terreno do Sagrada Esperança, em jogo de conclusão da sexta jornada, reforçou a crença do timoneiro dos militares numa disputa mais alargada, a julgar pelo desempenho do quarteto que ocupa a primeira linha da tabela classificativa.
“Tive a oportunidade de dizer que todos estão a focar no 1º de Agosto e no Petro de Luanda. Isso não é um campeonato a dois. É um campeonato a quatro. Ficou hoje comprovado que é um campeonato a quatro. Portanto, não há duas equipas a lutar pelo título. Há quatro!”
Equilíbrio nas perdas
Enquanto se aguarda pela conclusão da primeira volta, para que a segunda possa arrancar no dia 21, os números dos ganhos e perdas mostram um quadro de equilíbrio, ainda que as equipas não estejam numa relação de paridade no concernente aos jogos realizados.
Com as 15 jornadas cumpridas, o Bravos do Maquis perdeu 14 pontos, ao totalizar 31 dos 45 possíveis. Os 29 amealhados pelo Sagrada representam um desperdício de 13, visto que em 14 partidas podia chegar aos 42, safra em nada distante da conseguida pelo Petro, que deixou escapar 11 em 39, e da prestação do 1º de Agosto, cujo défice é 10 em 36, quando o Interclube, aspirante à discussão do título, deixou escapar 20 pontos.
Enquanto se aguarda pela conclusão da primeira volta, para que a segunda possa arrancar no dia 21, os números dos ganhos e perdas mostram um quadro de equilíbrio