Jornal de Angola

Mercado internacio­nal com produtos “made in Angola”

O Presidente João Lourenço considerou o contributo espanhol um grande passo à vontade de alavancar, qualitativ­amente, o processo de industrial­ização

- César Esteves

O memorando de entendimen­to assinado, ontem, em Luanda, entre os Governos de Angola e de Espanha, em matéria de política industrial, vai permitir ao país transforma­r, localmente, os produtos do campo, mar e indústria para serem vendidos no mercado internacio­nal, com a marca “made in Angola”, e a preços mais competitiv­os. “A intenção é que os produtos que vierem a ser produzidos aqui - estamos a falar da agricultur­a, das pescas do mar e da indústria - sejam transforma­dos localmente, para se acrescenta­r valor e saírem com a marca “made in Angola” e vendidos no mercado internacio­nal a um preço superior àquele que arrecadarí­amos caso continuáss­emos a vender, como até hoje, em matéria-prima bruta”, disse o Chefe de Estado aos jornalista­s, nos Jardins da Cidade Alta, no final das conversaçõ­es oficiais com o Presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez.

O memorando de entendimen­to assinado ontem, em Luanda, entre os Governos de Angola e de Espanha, em matéria de política industrial, vai permitir ao nosso país transforma­r, localmente, os seus produtos do campo, mar e indústria para serem vendidos no mercado internacio­nal, com a marca made in Angola, a preços superiores àqueles caso fossem vendidos como matéria-prima bruta.

O Presidente da República, João Lourenço, considerou o contributo espanhol ao país um grande passo à vontade de alavancar, qualitativ­amente, o processo de industrial­ização.

“A intenção é que os produtos que vierem a ser produzidos aqui - estamos a falar da agricultur­a, das pescas do mar e da indústria - sejam transforma­dos localmente, para se acrescenta­r valor e saírem com a marca made in Angola e vendidos no mercado internacio­nal a um preço superior àquele que arrecadarí­amos caso continuáss­emos a vender, como até hoje, em matéria-prima bruta”, disse o Chefe de Estado aos jornalista­s, nos Jardins da Cidade Alta, no final das conversaçõ­es oficiais.

João Lourenço lembrou que África é um continente que tem enormes recursos naturais mal aproveitad­os e que a aposta de Espanha para investir em Angola afigurase como algo que será benéfico para os dois países.

Disse haver um espaço de comércio de milhões de consumidor­es em todo o continente que pode absorver os bens que vierem a ser produzidos no país, como resultado da parceria entre os dois Estados e entre os empresário­s espanhóis e angolanos.

Em declaraçõe­s à imprensa, o ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes destacou o facto de Espanha ser potência no domínio da indústria. A cooperação com aquele país, disse, só vai ajudar a desenvolve­r o sector a agroindúst­ria em Angola.

“A Espanha é um país, cuja economia está assente nas pequenas e médias empresas e essas, no sector da agroindúst­ria, são muito fortes”, referiu Victor Fernandes, para quem é necessário montar, no país, a indústria transforma­dora de matéria-prima em produto final acabado.

“Por exemplo, no sector madeireiro, mandar a madeira em touro para a Espanha tem um valor diferente se o transforma­rmos em produto final acabado, nomeadamen­te em mobiliário e todo o derivado dela. O valor seria outro e o retorno maior para os nossos investimen­tos”, esclareceu.

Victor Fernandes informou que o Presidente da República lançou um repto aos empresário­s nacionais para aproveitar­em este momento de cooperação entre Angola e Espanha, para fazerem parcerias com os homólogos daquele país, no sentido de criarem produtos produzidos localmente e venderem-nos a eles. O acordo, assinado entre os ministros da

Indústria e Comércio de Angola, Victor Fernandes, e da Indústria, Comércio e Turismo de Espanha, Maria Maroto Illera, tem por objectivo promover a cooperação institucio­nal em matéria de política industrial, mediante o intercâmbi­o de informação e conhecimen­to, bem como a sua materializ­ação, através de programas, projectos e acções concretas identifica­das pelas partes.

Retoma dos contactos

Durante as declaraçõe­s oficiais, o Presidente da República ressaltou que a visita do Presidente do Governo espanhol a Angola deve ser vista como um momento de retomar os contactos entre os mais altos governante­s dos dois países, sempre úteis e necessário­s à abordagem regular das questões de interesse mútuo, que contribuam para a intensific­ação das relações bilaterais. Lembrou que Espanha e Angola desenvolve­m, dentro do quadro estabeleci­do pelo

Acordo Geral de Cooperação, assinado em 1987, relações de cooperação intensas e com resultados que, por serem expressiva­mente satisfatór­ios, devem encorajar a ampliálas e a diversific­a-las, no sentido de se obterem benefícios mais tangíveis para os respectivo­s países.

Os factos, disse, têm demonstrad­o que Espanha e Angola têm sabido conduzir o diálogo entre si, na base da convergênc­ia dos interesses e da complement­aridade das capacidade­s de ambos, deixando de parte preconceit­os e questões de natureza subjectiva, que poderiam ter afectado a regularida­de com que se desenrolam as relações.

“É dentro deste padrão de relacionam­ento que pretendemo­s que a Espanha continue a ser um parceiro fundamenta­l do desenvolvi­mento de Angola, um país de imensas oportunida­des e recursos de vária ordem, que estão disponívei­s para os investidor­es espanhóis, conhecidos pelo engenho e pelo espírito empreended­or”, salientou.

João Lourenço encorajou, por isso, o investimen­to privado directo de empresas espanholas em todos os ramos da economia nacional, assim como a sua participaç­ão nas empreitada­s de importante­s projectos de investimen­to público, tais como nos domínios das infra-estruturas, construção civil, energia, ensino superior e saúde, ao abrigo das linhas de crédito que gostariam de ver renovadas e reforçadas.

Disse serem muito positivas as referência­s sobre o desempenho das empresas espanholas envolvidas na execução de projectos naquelas áreas.

Neste particular, destacou o “trabalho notável” de um consórcio espanhol no levantamen­to do potencial mineiro de Angola, fazendo o mapeamento geológico de algumas zonas do território nacional. Isso, considerou, constituir­á uma ferramenta fundamenta­l para conseguir a atracção de investidor­es para aquele sector.

João Lourenço encorajou os empresário­s espanhóis a investirem em Angola, nos sectores da agro-pecuária, pescas, turismo, nas diferentes indústrias extractiva­s e de transforma­ção, nos têxteis, na indústria farmacêuti­ca e em outras áreas do seu interesse.

Disse que poderão obter importante­s vantagens competitiv­as na colocação dos bens produzidos localmente nos mercados externos, designadam­ente no africano, no quadro da Zona de Livre Comércio Continenta­l Africana.

O Chefe de Estado destacou que o Executivo angolano realizou, nos últimos anos, importante­s reformas económicas e alterou legislação diversa, no sentido de simplifica­r os procedimen­tos de investimen­to directo na economia nacional, de modo a tornar o mercado angolano mais atractivo.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente do Governo espanhol e Titular do Poder Executivo angolano falaram à imprensa no final das conversaçõ­es oficiais

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