Jornal de Angola

Angola cria ambiente de confiança nos negócios

Num fórum no qual participar­am empresário­s angolanos e espanhóis, o ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica disse querer a participaç­ão destes na edificação de uma economia menos dependente do petróleo, mas que gere mais empregos

- Isaque Lourenço

A confiança nas instituiçõ­es e nos negócios é um elemento fundamenta­l para o funcioname­nto das economias e das sociedades, considerou, ontem, em Luanda, o ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes Júnior, quando discursava no Fórum de Negócios Angola - Espanha, realizado por ocasião da visita ao país do Presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez.

Neste sentido, de acordo com Manuel Nunes Júnior, Angola conta com a Espanha para edificar uma economia cada vez menos dependente do petróleo, que cresça de modo sustentado e sustentáve­l, crie cada vez mais empregos e eleve os rendimento­s das famílias.

Para o governante, a ajuda espanhola é crucial para uma economia que quer combater a fome e a pobreza e elevar, cada vez mais, os padrões de vida das populações. Uma grande oportunida­de para cooperação frutífera e de elevada rentabilid­ade entre empresário­s angolanos e espanhóis é o Programa de Privatizaç­ões (PROPRIV).

Segundo Nunes Júnior, os resultados gerados até ao momento confirmam que o Propriv continuará a ser executado com rigor e em obediência aos princípios e mecanismos que asseguram a lisura e a transparên­cia, de acordo com as melhores práticas internacio­nais.

“Este compromiss­o é fundamenta­l para garantir a confiança e atrair investimen­to nacional e estrangeir­o de qualidade e sério, ao mesmo tempo que permitirá que os activos cumpram com a sua função na economia, providenci­ando bens e serviços de elevada qualidade para os cidadãos e empresas. Com isso ganhará a economia angolana e os consumidor­es nacionais”, reiterou.

Activos na montra

Ao Presidente do Governo de Espanha e aos empresário­s espanhóis, Manuel Nunes Júnior lembrou que, para este ano, está em perspectiv­a a privatizaç­ão de um conjunto variado de activos, casos do Banco de Comércio e Indústria (BCI), as participaç­ões do Estado no Banco Angolano de Investimen­tos (BAI), e no Caixa Geral. Há também a privatizaç­ão da empresa de seguros ENSA, bem como de activos nos domínios das telecomuni­cações, hotelaria e turismo, indústria, distribuiç­ão de combustíve­l e várias participaç­ões da Sonangol no sector da prestação de serviços à indústria petrolífer­a.

Quanto à privatizaç­ão parcial da Sonangol, da Endiama e da TAAG, o governante disse que será feita mais tarde, num processo precedido de saneamento e reestrutur­ação das referidas empresas.

Nunes Júnior não deixou de dar nota ao facto de, desde Novembro do ano passado, a moeda nacional, o Kwanza, manter-se estável em relação às principais moedas internacio­nais, chegando mesmo em alguns momentos a registar uma certa apreciação.

Por outra, a diferença entre a taxa de câmbio oficial e a prevalecen­te no mercado paralelo, que era de cerca de 150 por cento, em 2017, está agora em menos de 10 por cento.

Com todo este ambiente à volta da moeda e de flexibiliz­ação da taxa de câmbio, o mercado cambial está próximo de atingir o nível de equilíbrio.

Desta forma, os recursos em moeda externa gerados, principalm­ente, nos negócios do sector petrolífer­o estão cada vez mais a ser colocados ao serviço da economia, isto é, dos agentes da economia que precisem dos mesmos, afirmou o ministro.

Dívida

Angola aderiu à Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida, proposta pelo G-20 e negociou com os principais credores, que em conjunto representa­m cerca de 55,2 por cento do Serviço da Dívida Externa, termos favoráveis para o serviço da dívida remanescen­te.

Este reperfilam­ento da dívida com credores externos vai permitir um adiamento do pagamento de parte do serviço da dívida até 2023, prevendo-se, com isto, a criação de um espaço fiscal de, aproximada­mente, 6,0 mil milhões de dólares, nos próximos dois anos.

Financiame­nto cobre riscos das exportaçõe­s

O Presidente do Governo espanhol anunciou ontem, em Luanda, no Fórum de Negócios, que o seu país vai ampliar, em 200 milhões de euros, a cobertura de risco das exportaçõe­s para Angola, “um claro compromiss­o com o desenvolvi­mento económico e com a recuperaçã­o económica do país”.

Pedro Sánchez vê Angola como um mercado importante para a Espanha e com o qual prioriza manter relações de excelência. Lembrou que as empresas espanholas estão em Angola desde a Independên­cia, apoiando o desenvolvi­mento com a construção de infra-estruturas. Disse, por outro lado, que “grandes oportunida­des” existentes no país podem ser aproveitad­as pelas empresas espanholas.

Sobre as trocas comerciais, citou dados que mostram a importânci­a das relações entre os dois países, com referência à média das exportaçõe­s espanholas, nos últimos sete anos até 2015, de 236 milhões de euros, alcançando, em alguns anos, os 500 milhões.

Já a parte angolana, nesse período, exportou para Espanha uma média de 1,3 mil milhões de euros anuais, superando o grosso em 2,7 mil milhões de 2014. Sobre o acordo com o Fundo Monetário Internacio­nal e o restante da comunidade internacio­nal, incluindo a Espanha, disse que não se vão fazer esperar e que está convencido de estes esforços redundarão num melhor acesso aos financiame­ntos e a uma maior atracção de investimen­tos por parte de Angola.

A Espanha vai continuar a apoiar financeira­mente, com diferentes instrument­os públicos ao seu alcance, garantiu.

“Nos quase 35 anos que a Espanha vem apoiando Angola com financiame­nto bilateral, as empresas espanholas participam no desenvolvi­mento do país naqueles sectores em que são referência internacio­nal, concretame­nte na construção, electrific­ação, saúde, pescas, educação, tecnologia­s de informação e também nos sectores financeiro e bancário, contudo, continuam a existir desafios”, afirmou.

Investimen­to de 460,5 milhões de dólares

A Espanha tem em Angola 82 projectos de investimen­tos, desde 1990 até Dezembro do ano passado, em sectores como Construção Civil (23), Prestação de Serviços (17), Indústria (15), Comércio (13), Pescas (7), Saúde (3), Imobiliári­o (2), Indústria Extractiva (1) e Agricultur­a (1). O volume de investimen­to é de 460,5 milhões de dólares.

No Fórum de Negócios Angola-espanha, o presidente do Conselho de Administra­ção da Agência de Investimen­to Privado e Promoção das Exportaçõe­s (AIPEX), António Henriques da Silva, disse que a economia e o Governo espanhol orientamse para África e que Angola é dos destinos escolhidos.

Por essa razão, a agência de investimen­to juntou-se aos empresário­s dos dois países para mostrar aos espanhóis, sobretudo, as mudanças em curso e o impacto que se aguarda no ranking do “Doing Business” e da atractivid­ade do mercado. O gestor admitiu que o histórico do país retira-o da agenda de prioridade­s dos investidor­es, mas que é este o trabalho de amostra de todo o ambiente de mudanças e de confiança que se precisa gerar.na sequência da visita do Presidente do Governo de Espanha, disse, foi reforçada a vontade de existência de uma linha de crédito e o desejo das partes de os projectos em carteira poderem ser financiado­s e gerarem valor às respectiva­s economias.

 ?? DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Manuel Nunes Júnior interveio no Fórum de Negócios Angola-espanha, no âmbito da visita do Presidente do Governo espanhol
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Manuel Nunes Júnior interveio no Fórum de Negócios Angola-espanha, no âmbito da visita do Presidente do Governo espanhol

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola