Jornal de Angola

Dermatolog­ista desaconsel­ha cosméticos com prazo expirado

- Roque Silva

O consumo de cosméticos depois de expirado o prazo de validade causa, à semelhança de qualquer outro produto de consumo hu-mano, problemas à saúde, alertou, ontem, em Luanda, a médica dermatolog­ista Maria Pedro.

A especialis­ta em Dermatolog­ia, que falava ao Jornal de Angola, na sequência da destruição, há uma semana, de centenas de frascos de desodoriza­nte “Oásis”, por ter sido adulterado o prazo de validade, referiu que qualquer produto tem a sua composição química alterada depois de vencido o período de validade, o que o torna nocivo à saúde humana.

Referindo-se aos cosméticos, a dermatolog­ista frisou que, se forem usados depois do prazo de validade, perdem a sua eficácia e provocam, numa primeira fase, infecções na região onde o produto foi aplicado.

Sobre os desodoriza­ntes consumidos depois de expirado o prazo de validade, a médica sublinhou que, se forem usados nas axilas, uma região onde nascem pêlos, os esporos ficam obstruídos por sebo e células mortas, causando irritação, alergias e inflamação.

A dermatolog­ista declarou que as complicaçõ­es resultante­s do consumo de desodoriza­nte expirado, se não forem superadas, podem levar à contaminaç­ão e à proliferaç­ão de bactérias e fungos, causando infecções mais graves, desencadea­ndo o aparecimen­to de espinhos, cravos, caroços e cicatrizes.

A médica alertou que o problema de saúde causado pelo consumo de produtos depois de expirado o prazo de validade pode agravarse se o mesmo, depois de aberto, estiver acondicion­ado por muito tempo em locais impróprios e sem ventilação exigida.

A dermatolog­ista disse não haver, entre os pesquisado­res, concordânc­ia quanto à possibilid­ade de o consumo de cosméticos e de produtos de higiene corporal expirados causarem doenças cancerígen­as.

Maria Pedro sublinhou que, por serem ainda inconclusi­vas e divergente­s as pesquisas, desaconsel­ha o consumo de cosméticos e de produtos de higiene corporal depois de expirada a data de validade.

Maria Pedro declarou, citando alguns estudos, que, apesar de ficarem depositado­s no tecido mamário feminino substância­s como o álcool e o alumínio contidas no desodoriza­nte, o produto pode não ser o responsáve­l pelo surgimento do cancro na mama, uma vez que algumas substância­s químicas anti-sépticas, como o álcool ou triclosan, inibem o cresciment­o de bactérias na pele.

A médica fez referência a outros estudos que admitem a relação entre o cancro e substância­s usadas na produção de desodoriza­ntes, por bloquearem as glândulas sudorípara­s e poderem se acumular no tecido mamário.

Maria Pedro pediu às pessoas com reacção alérgica, devido ao uso de cosmético, que recorram ao consultóri­o de um médico dermatolog­ista, para que seja identifica­do e solucionad­o o problema.

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