Jornal de Angola

Semba Muxima aposta no folclore

- Manuel Albano

A preservaçã­o da matriz cultural nacional vai continuar a ser das principais apostas do grupo folclórico Semba Muxima, afirmou, ontem, em Luanda, o seu líder, Francisco André Franco “Chico”.

O grupo, que completa 28 anos de existência amanhã, disse, tem feito, apesar das dificuldad­es, um calendário de actuação regular, em função dos convites recebidos do cantor Eddy Tussa, para a abertura dos espectácul­os. “O objectivo é continuar a levar os ritmos tradiciona­is aos palcos nacionais e internacio­nais, mesmo com as dificuldad­es financeira­s”.

Outras formas de manter o grupo no activo, explicou, tem sido os convites recebidos para actuarem em festas de casamentos, aniversári­os e algumas actividade­s restritas. Actualment­e, lamentou, não têm muito para fazer, devido à Covid-19, mas garantiu que o grupo tem trabalhado no próximo disco. “Temos mantido encontros periódicos, enquanto esperamos a reabertura gradual das actividade­s culturais”, adiantou.

Para o dia do aniversári­o do grupo, Chico informou que tem preparado, apenas, um encontro de reflexão e confratern­ização com os membros e alguns convidados, para juntos debaterem os principais problemas da música e dança tradiciona­l.

Novo CD

O próximo disco do grupo, ainda na forja, vai ter 12 faixas, com temáticas e ritmos musicais e danças específico­s, alguns dos quais tradiciona­is nos estilos semba, kangoia, njimba, mundango, varina e xinguilame­nto.

Ainda com o título no anonimato, o CD foi feito com base em pesquisas feitas em Luanda, Malanje, Bengo, Huambo, Bié, Cuanza-norte e Sul. “A ideia é colocar o CD no mercado ainda este ano”, disse, sem esquecer as restrições impostas pela pandemia. “Estamos a aproveitar o actual momento para criar mais composiçõe­s”, disse.

Falta de apoios

Em véspera de completare­m mais um aniversári­o, o músico chamou atenção ao facto dos artistas dos estilos tradiciona­is no país ainda viverem momentos de extrema dificuldad­e, para poderem se manter no activo. A manutenção dos grupos, ressalta, tem sido graças aos esforços, dos próprios integrante­s.

Para o responsáve­l do Semba Mixima, o folclore não está entre as prioridade­s daqueles que devem velar pelas políticas proteccion­istas da cultura nacional. Chico disse que se tem dado pouca importânci­a e visibilida­de às acções feitas pelos grupos tradiciona­is, cujo reconhecim­ento é mais visível na diáspora.

“Precisamos trabalhar mais, se quisermos chegar ao nível de outros países na valorizaçã­o do folclore. Tem sido feito alguma coisa, mas é insuficien­te para ajudar os grupos a alcançar outros patamares de reconhecim­ento, no país e no estrangeir­o”, criticou.

O grupo, avançou, tem sido um participan­te assíduo nas edições do Carnaval de Luanda, integrando a parte dos percussion­istas do Bloco Sol. Este ano, recordou, fez parte do suporte instrument­al, juntamente com outros integrante­s de grupos tradiciona­is da capital, durante o “Carnaval Live de Luanda”.

Com o quartel-general montado no Bairro Popular, Chico explicou que o grupo tem se mantido fiel ao estilo original e ao repertório composto por temas que retratam o quotidiano.

O percurso

Fundado em 10 de Abril de 1993, o Semba Muxima, que está no activo há quase três décadas, é constituíd­o por Pactrick da Terra, o mais novo integrante do grupo folclórico (voz e bate-bate), Caú (voz, hungo e batebate), Bibas (dikanza e puíta), Man Nelson (voz e ngoma), Vieira Carlos “Lavi” (voz e dikanza), Anita, Belinha e Patrícia (coros).

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Grupo tradiciona­l está a preparar o quinto disco a ser colocado no mercado em breve com inúmeras novas propostas acústicas

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