Semba Muxima aposta no folclore
A preservação da matriz cultural nacional vai continuar a ser das principais apostas do grupo folclórico Semba Muxima, afirmou, ontem, em Luanda, o seu líder, Francisco André Franco “Chico”.
O grupo, que completa 28 anos de existência amanhã, disse, tem feito, apesar das dificuldades, um calendário de actuação regular, em função dos convites recebidos do cantor Eddy Tussa, para a abertura dos espectáculos. “O objectivo é continuar a levar os ritmos tradicionais aos palcos nacionais e internacionais, mesmo com as dificuldades financeiras”.
Outras formas de manter o grupo no activo, explicou, tem sido os convites recebidos para actuarem em festas de casamentos, aniversários e algumas actividades restritas. Actualmente, lamentou, não têm muito para fazer, devido à Covid-19, mas garantiu que o grupo tem trabalhado no próximo disco. “Temos mantido encontros periódicos, enquanto esperamos a reabertura gradual das actividades culturais”, adiantou.
Para o dia do aniversário do grupo, Chico informou que tem preparado, apenas, um encontro de reflexão e confraternização com os membros e alguns convidados, para juntos debaterem os principais problemas da música e dança tradicional.
Novo CD
O próximo disco do grupo, ainda na forja, vai ter 12 faixas, com temáticas e ritmos musicais e danças específicos, alguns dos quais tradicionais nos estilos semba, kangoia, njimba, mundango, varina e xinguilamento.
Ainda com o título no anonimato, o CD foi feito com base em pesquisas feitas em Luanda, Malanje, Bengo, Huambo, Bié, Cuanza-norte e Sul. “A ideia é colocar o CD no mercado ainda este ano”, disse, sem esquecer as restrições impostas pela pandemia. “Estamos a aproveitar o actual momento para criar mais composições”, disse.
Falta de apoios
Em véspera de completarem mais um aniversário, o músico chamou atenção ao facto dos artistas dos estilos tradicionais no país ainda viverem momentos de extrema dificuldade, para poderem se manter no activo. A manutenção dos grupos, ressalta, tem sido graças aos esforços, dos próprios integrantes.
Para o responsável do Semba Mixima, o folclore não está entre as prioridades daqueles que devem velar pelas políticas proteccionistas da cultura nacional. Chico disse que se tem dado pouca importância e visibilidade às acções feitas pelos grupos tradicionais, cujo reconhecimento é mais visível na diáspora.
“Precisamos trabalhar mais, se quisermos chegar ao nível de outros países na valorização do folclore. Tem sido feito alguma coisa, mas é insuficiente para ajudar os grupos a alcançar outros patamares de reconhecimento, no país e no estrangeiro”, criticou.
O grupo, avançou, tem sido um participante assíduo nas edições do Carnaval de Luanda, integrando a parte dos percussionistas do Bloco Sol. Este ano, recordou, fez parte do suporte instrumental, juntamente com outros integrantes de grupos tradicionais da capital, durante o “Carnaval Live de Luanda”.
Com o quartel-general montado no Bairro Popular, Chico explicou que o grupo tem se mantido fiel ao estilo original e ao repertório composto por temas que retratam o quotidiano.
O percurso
Fundado em 10 de Abril de 1993, o Semba Muxima, que está no activo há quase três décadas, é constituído por Pactrick da Terra, o mais novo integrante do grupo folclórico (voz e bate-bate), Caú (voz, hungo e batebate), Bibas (dikanza e puíta), Man Nelson (voz e ngoma), Vieira Carlos “Lavi” (voz e dikanza), Anita, Belinha e Patrícia (coros).