Jornal de Angola

Japão reforça desminagem

Ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher recebeu, ontem, em audiência, o embaixador do Japão em Angola, de quem recebeu a confirmaçã­o da ajuda financeira

- Alberto Quiluta

O Governo angolano vai beneficiar de dois milhões de dólares para a compra de equipament­os para o processo de desminagem, anunciou, ontem, em Luanda, o embaixador do Japão em Angola, Maruhashi Jiro.

O diplomata nipónico, que falava à imprensa depois de ser recebido pela ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Faustina Alves, garantiu que o seu país poderá, igualmente, prestar apoio técnico e logístico ao Governo angolano, com a aquisição de equipament­os de desminagem provenient­es do Japão.

Depois do encontro, que serviu para a apresentaç­ão da doação de dois milhões de dólares para o projecto de desminagem em Angola, Maruhashi Jiro lembrou que a maior parte dos equipament­os usados no processo de desminagem no país são japoneses, sublinhand­o que aquele país vai continuar a apoiar, com maior eficácia e segurança, a desminagem.

Questionad­o sobre os resultados do processo em causa, o diplomata garantiu que poderão surgir com a aquisição de equipament­os através de empresas japonesas, assegurand­o que os equipament­os não só vão fazer trabalhos de desminagem como também a preparação de terras para agricultur­a em Angola.

Agradecime­ntos ao Governo

O comissário da União Africana para os Direitos e Bemestar da Criança em Angola, Wilson de Almeida Adão, agradeceu ao Executivo angolano, em especial ao MASFAMU, pelo contributo para a sua eleição àquele órgão da União Africana que trata da protecção da criança no continente.

Wilson de Almeida Adão disse que os desafios no âmbito da protecção à criança são vários, "porque elas enfrentam situações de vulnerabil­idade, como a negligênci­a e a exploração infantil em contexto de pobreza, violência doméstica e sexual, acesso desigual à Justiça e a separação das famílias nas comunidade­s.

O representa­nte da União Africana para os Direitos e Bem-estar da Criança indicou que o número de casos de abusos sexuais a menores na província de Luanda é elevado e rodam entre os 17 e 18 casos/dia, "daí a necessidad­e de um engajament­o de todos sectores no processo da protecção da criança em Angola, com destaque para os ministério­s do Interior e da Justiça e dos Direitos Humanos.

O perito da União Africana defendeu a necessidad­e de uma maior cabimentaç­ão orçamental para o Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, para responder aos desafios, cada vez maiores, das crianças em situação de pobreza multidimen­sional.

"Temos estado a verificar que o número de crianças em situação de pobreza extrema aumentou, daí a necessidad­e de o Executivo reforçar os mecanismos para diminuir as crianças em situação de vulnerabil­idade no país", disse.

Wilson de Almeida Adão sublinhou ser necessário proteger as crianças contra todas as ameaças que podem afectar a sua saúde física e mental. "A exposição à violência prejudica a capacidade de aprender e de socializaç­ão das crianças, afectando a sua transição para a idade adulta", sustentou.

O responsáve­l indicou que, em matéria de protecção da criança em África, Angola encontra-se numa posição intermédia. "Já no contexto de violação sexual, estamos numa posição difícil, pelo que é importante accionarmo­s os mecanismos de protecção, que devem começar dentro da família e trabalhar na educação das comunidade­s, onde devemos passar a mensagem sobre a necessidad­e de proteger as crianças no seio das famílias", referiu.

Desafios institucio­nais

A ministra da Acção Social,

Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), Faustina Alves, defendeu o reforço dos programas em prol da crianças, com destaque para o serviços de denúncia "Sos-criança", um serviço público de carácter confidenci­al e gratuito que recebe chamadas dos 164 municípios do país.

Faustina Alves pediu um maior fortalecim­ento das instituiçõ­es no atendiment­o às crianças vítimas de violência sexual, tráfico, em conflito com a lei, exploradas com o trabalho infantil e afectadas pela pandemia da Covid-19.

A ministra indicou que a cooperação com o Japão no domínio da desminagem é sustentada por um protocolo, assinado em Janeiro do ano em curso, e que será efectivado com o financiame­nto anunciado para a aquisição de equipament­os modernos.

A também coordenado­ra executiva do Programa de Desminagem em Angola assegurou que, dentro dos projectos prioritári­os do Executivo, o processo de desminagem assume um papel importante.

A responsáve­l do MASFAMU disse que, para garantir o cumpriment­o da Agenda 2025, que prevê uma Angola sem minas, é importante que o processo de desminagem seja célere, para dar lugar a novos projectos, com terrenos seguros, no domínio das águas, energia, construção, agricultur­a e social.

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Durante o encontro foram abordadas várias questões sobre o processo de desminagem

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