Japão reforça desminagem
Ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher recebeu, ontem, em audiência, o embaixador do Japão em Angola, de quem recebeu a confirmação da ajuda financeira
O Governo angolano vai beneficiar de dois milhões de dólares para a compra de equipamentos para o processo de desminagem, anunciou, ontem, em Luanda, o embaixador do Japão em Angola, Maruhashi Jiro.
O diplomata nipónico, que falava à imprensa depois de ser recebido pela ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Faustina Alves, garantiu que o seu país poderá, igualmente, prestar apoio técnico e logístico ao Governo angolano, com a aquisição de equipamentos de desminagem provenientes do Japão.
Depois do encontro, que serviu para a apresentação da doação de dois milhões de dólares para o projecto de desminagem em Angola, Maruhashi Jiro lembrou que a maior parte dos equipamentos usados no processo de desminagem no país são japoneses, sublinhando que aquele país vai continuar a apoiar, com maior eficácia e segurança, a desminagem.
Questionado sobre os resultados do processo em causa, o diplomata garantiu que poderão surgir com a aquisição de equipamentos através de empresas japonesas, assegurando que os equipamentos não só vão fazer trabalhos de desminagem como também a preparação de terras para agricultura em Angola.
Agradecimentos ao Governo
O comissário da União Africana para os Direitos e Bemestar da Criança em Angola, Wilson de Almeida Adão, agradeceu ao Executivo angolano, em especial ao MASFAMU, pelo contributo para a sua eleição àquele órgão da União Africana que trata da protecção da criança no continente.
Wilson de Almeida Adão disse que os desafios no âmbito da protecção à criança são vários, "porque elas enfrentam situações de vulnerabilidade, como a negligência e a exploração infantil em contexto de pobreza, violência doméstica e sexual, acesso desigual à Justiça e a separação das famílias nas comunidades.
O representante da União Africana para os Direitos e Bem-estar da Criança indicou que o número de casos de abusos sexuais a menores na província de Luanda é elevado e rodam entre os 17 e 18 casos/dia, "daí a necessidade de um engajamento de todos sectores no processo da protecção da criança em Angola, com destaque para os ministérios do Interior e da Justiça e dos Direitos Humanos.
O perito da União Africana defendeu a necessidade de uma maior cabimentação orçamental para o Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, para responder aos desafios, cada vez maiores, das crianças em situação de pobreza multidimensional.
"Temos estado a verificar que o número de crianças em situação de pobreza extrema aumentou, daí a necessidade de o Executivo reforçar os mecanismos para diminuir as crianças em situação de vulnerabilidade no país", disse.
Wilson de Almeida Adão sublinhou ser necessário proteger as crianças contra todas as ameaças que podem afectar a sua saúde física e mental. "A exposição à violência prejudica a capacidade de aprender e de socialização das crianças, afectando a sua transição para a idade adulta", sustentou.
O responsável indicou que, em matéria de protecção da criança em África, Angola encontra-se numa posição intermédia. "Já no contexto de violação sexual, estamos numa posição difícil, pelo que é importante accionarmos os mecanismos de protecção, que devem começar dentro da família e trabalhar na educação das comunidades, onde devemos passar a mensagem sobre a necessidade de proteger as crianças no seio das famílias", referiu.
Desafios institucionais
A ministra da Acção Social,
Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), Faustina Alves, defendeu o reforço dos programas em prol da crianças, com destaque para o serviços de denúncia "Sos-criança", um serviço público de carácter confidencial e gratuito que recebe chamadas dos 164 municípios do país.
Faustina Alves pediu um maior fortalecimento das instituições no atendimento às crianças vítimas de violência sexual, tráfico, em conflito com a lei, exploradas com o trabalho infantil e afectadas pela pandemia da Covid-19.
A ministra indicou que a cooperação com o Japão no domínio da desminagem é sustentada por um protocolo, assinado em Janeiro do ano em curso, e que será efectivado com o financiamento anunciado para a aquisição de equipamentos modernos.
A também coordenadora executiva do Programa de Desminagem em Angola assegurou que, dentro dos projectos prioritários do Executivo, o processo de desminagem assume um papel importante.
A responsável do MASFAMU disse que, para garantir o cumprimento da Agenda 2025, que prevê uma Angola sem minas, é importante que o processo de desminagem seja célere, para dar lugar a novos projectos, com terrenos seguros, no domínio das águas, energia, construção, agricultura e social.