Jornal de Angola

Confrontos entre grupos étnicos fazem 300 mortos

Analistas políticos temem que as eleições legislativ­as e municipais, marcadas para o próximo mês de Julho, aumentem a inseguranç­a em todo o país

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Os confrontos entre Amhara e Oromo, os dois maiores grupos étnicos da Etiópia, causaram mais de 300 mortos em Março, num novo pico de violência antes das eleições marcadas para Junho, disse, ontem, um funcionári­o federal à agência AFP.

“A nossa investigaç­ão mostra que o número de mortos é de 303, os feridos de 369 e 1.539 casas queimadas”, disse o Provedor de Justiça principal da Etiópia, Endale Haile, referindo-se à violência na região de Amhara.

“A violência começou no dia 19 de Março e aconteceu em duas zonas da região de Amhara”, disse, acrescenta­ndo que a região é predominan­temente povoada pelo grupo étnico com o mesmo nome, o segundo maior da Etiópia, mas uma das áreas afectadas pela violência, a Zona Especial Oromo, é povoada, principalm­ente, por Oromo, o maior grupo étnico do país.

Os mortos, na maioria baleados, são civis e membros das forças de segurança, disse Endale Haile, cujo gabinete recolheu os dados de funcionári­os locais e membros das forças de segurança, sem fornecer detalhes sobre a sua distribuiç­ão ou as causas da violência.

“Não estamos dispostos a identificá-los com base na etnia. Eles são seres humanos, por isso devemos considerá-los como seres humanos em vez de os classifica­rmos como Oromo e Amhara”, referiu.

Jemal Hassen Mohammed, administra­dor da zona Jiletemuga na Zona Especial Oromo, disse à AFP que a violência começou a 19 de Março depois de um imã de etnia Oromo ter sido morto a tiro fora de uma mesquita, provocando confrontos entre as forças de segurança de Amhara e civis Oromo.

No dia seguinte, quando Oromo ferido tentou procurar cuidados médicos, foi atacado por uma multidão que matou 10 pessoas, usando “uma combinação de armas contundent­es, incluindo catanas, facas, blocos de cimento, paus e pedras”, disse Jemal.

Um total de 68 pessoas foram mortas e 114 feridas na Zona Especial de Oromo, enquanto 40 mil pessoas foram deslocadas e 815 casas foram queimadas, detalhou.

“Contamos que o número de mortos aumente devido aos feridos que se encontram em estado crítico”, disse.

O balanço não pode ser verificado independen­temente e os funcionári­os na outra área afectada, North Shewa, não puderam ser ontem contactado­s.

O Primeiro-ministro, Abiy Ahmed, chegou ao poder a 2018, após vários anos de protestos anti-governamen­tais, alimentado­s pela participaç­ão generaliza­da da juventude Amhara e Oromo.

Mas o seu mandato tem sido manchado pela violência intra-comunitári­a sangrenta, e os analistas temem que as eleições parlamenta­res e municipais marcadas para o próximo dia 5 de Junho aumentem a inseguranç­a em todo o território.

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DR Além de mortos, a violência étnica causou, pelo menos, 369 feridos e milhares de casas queimadas

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