Pequim responsabiliza EUA pelos desastres humanitários
As relações entre Washington e Pequim permanecem turbulentas apesar da mudança de Administração nos Estados Unidos
A China acusou, ontem, os Estados Unidos de causarem desastres humanitários ao promoverem intervenções militares no exterior, num relatório difundido numa altura de crescente tensão entre as duas maiores potências do mundo.
O relatório, produzido pela Sociedade Chinesa de Estudos dos Direitos Humanos, um organismo sob tutela do Governo chinês, disse que as guerras lançadas pelos EUA, “sob a bandeira da intervenção humanitária, causaram vítimas em massa, danos a instalações, estagnação da produção, ondas de refugiados, agitação social, crise ecológica, traumas psicológicos e outros problemas sociais complexos”.
“O egoísmo e a hipocrisia dos Estados Unidos também foram totalmente expostos por estas guerras”, disse o relatório, que apresentou uma lista do que chamou de agressões norte-americanas, desde a intervenção na Grécia, em 1947, até à sua oposição ao Governo venezuelano, em 2019.
O documento citou os conflitos na península coreana, Vietname, Golfo Pérsico, Kosovo, Afeganistão, Iraque e Síria como as principais guerras dos EUA.
“As crises humanitárias causadas por acções militares derivam da mentalidade hegemónica dos Estados Unidos”, escreveu a agência noticiosa oficial Xinhua.
“Estes desastres poderiam ter sido evitados se os EUA abandonassem o pensamento hegemónico, motivado por interesses próprios”, descreveu a agência.
As tensões aumentaram durante o mandato do antecessor Donald Trump, que lançou uma guerra comercial e tecnológica contra o país asiático e reforçou os laços com Taiwan, a ilha que Pequim reclama como parte do seu território, apesar de funcionar como uma entidade política soberana.
Embora Joe Biden não tenha tomado nenhuma acção importante, também não deu nenhum sinal de querer reverter a linha dura adoptada pelo ex-presidente.
O Congresso norte-americano está, também, a preparar nova legislação que enfatize a competição com Pequim na diplomacia, comércio e outros campos.
A China reagiu com retórica acalorada e proibição de emissão de vistos a autoridades norte-americanas e outras pessoas que consideram terem prejudicado os seus interesses por meio de críticas ao seu histórico de Direitos Humanos.
Taiwan moderniza navios militares
A Marinha taiwanesa vai começar a receber, nos próximos dois meses, artilharia de última geração controlada por radar, de fabrico norteamericano, para ser instalada nos seus navios de guerra, segundo fonte militar.
Os Estados Unidos notificaram Taiwan do calendário de entrega de 13 novos sistemas de artilharia MK15 Block 1B Phalanx, que vão substituir uma versão anterior, disse a mesma fonte à agência CNA.
A artilharia Phalanx é um sistema de defesa naval, para ameaças como mísseis antinavio e embarcações de pequeno porte, tendo um alcance de cerca de 115 quilómetros. Numa inversão na tradicional política de primazia à capacidade de defesa de Taiwan face a uma possível invasão da China - que reclama a soberania do território e nunca excluiu o uso de força militar para “reunificar” a ilha - a Presidente taiwanesa Tsai Ing-wen estabeleceu como prioridade o desenvolvimento de capacidade dissuasora “assimétrica”. Já este mês, a Força Aérea de Taiwan anunciou que vai comprar mísseis terra-ar Patriot de última geração, fabricados pela norte-americana Lockheed Martin, para se reforçar perante um possível ataque da China.
Segundo a Força Aérea taiwanesa, serão adquiridos mísseis do modelo Patriot Advanced Capability 3 (PAC-3) Missile Segment Enhancement (MSE), que começarão a ser entregues em 2025, estando disponíveis no ano seguinte.
Num debate no Parlamento taiwanês, o ministro da Defesa Chiu Kuo-cheng afirmou, no mês passado, que o desenvolvimento de capacidade balística de longo alcance se mantém e que o desenvolvimento, a cargo do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Chungshan, “nunca parou”.