Jornal de Angola

Astronauta foi proibido de voar

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O mundo rendeu-se ao feito de Gagarine a 12 de Abril de 1961. Ultrapassa­da, a América reagiria e, três semanas depois, o astronauta Alan Shepard (Cosmos v Astro, até na designação dos viajantes do espaço a competição entre comunismo e capitalism­o se fazia sentir) faz o seu voo. A corrida espacial, iniciada em 1957, com o lançamento, pelos soviéticos, do satélite Sputnik, prosseguia e Kennedy prometia pôr um americano na Lua antes do final da década. Mas quando Neil Armstrong, em Julho de 1969, pisa finalmente solo lunar, já Gagarine não estava vivo para ver.

Depois de quase ter sido proibido de voar, protegido como um herói que não podia correr riscos, o cosmonauta morre a bordo de um Mig-15 a 27 de Março de 1968. Aquando do meio centenário da sua ida ao espaço, em 2011, arquivos secretos foram abertos e deram a conhecer que o avião se despenhara depois de um desvio para evitar uma sonda atmosféric­a.

A Rússia emitiu medalhas a celebrar estes 60 anos do feito de Gagarine. E são inúmeras as cerimónias por todo o país.

"Para qualquer russo Gagarine representa o espaço. Aliás, o sorriso de Gagarine é um cartão-de-visita da Rússia", diz ao DN Sergei Zalyotin, que foi duas vezes ao espaço (2000 e 2002) e lá permaneceu 83 dias. Sobre Gagarine como inspirador do seu sonho de ser cosmonauta, o russo, nascido em 1962, um ano depois do voo pioneiro, explica que, "como disse Neil Armstrong, Gagarine chamou-nos a todos para o espaço. Talvez, seja mesmo assim. Quanto a mim, cheguei a pensar que o que fez Gagarine e os outros cosmonauta­s era algo inatingíve­l. Mas, à medida que ficava mais envolvido nestes processos, comecei a perceber que talvez eu próprio também pudesse. No início, não tinha certeza, que, tal como Gagarine, poderia um dia voar para o espaço".

Também o presidente Vladimir Putin sabe bem do valor simbólico de Gagarine numa altura em que se fala de nova corrida ao espaço, agora com os chineses a participar­em com os seus taikonauta­s. Mas o espaço pode ser igualmente terreno de cooperação, depois os Estados Unidos homenageia­m agora o pequeno grande russo, com um astronauta americano a juntar-se a dois cosmonauta­s russos no foguetão que sexta-feira partiu e destinado a assinalar os 60 anos da Vostok 1.

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