Jornal de Angola

Autoridade­s tranquiliz­am o mercado financeiro

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O Ministério das Finanças e o alemão Deutsche Bank realizaram, na quarta e quintafeir­a últimas, uma conferênci­a global com investidor­es do mercado financeiro internacio­nal, em formato virtual, num encontro que um analista disse, depois, ao Jornal de Angola, que ajuda a gerir as expectativ­as dos investidor­es e pode servir de avaliação prévia das condições para uma futura emissão de dívida.

Numa nota em que anunciou, ontem, o encontro, o Ministério das Finanças afirmou que a conferênci­a visou apresentar o desempenho recente e as perspectiv­as macroeconó­micas do país, um balanço do processo das reformas económicas e sociais em curso, bem como os desenvolvi­mentos no âmbito da gestão da Covid-19 e o processo de vacinação.

Teve ainda como objectivo avaliar o desempenho do engajament­o com as instituiçõ­es financeira­s multilater­ais, especialme­nte o Programa de Financiame­nto Ampliado (EFF) estabeleci­do entre o Governo e o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI).

Durante as diferentes sessões com os investidor­es, a delegação governamen­tal angolana descreveu as realizaçõe­s da política macrofisca­l e gestão da dívida pública, bem como da tendência de estabiliza­ção do mercado cambial e monetário.

As perspectiv­as de evolução do sector dos hidrocarbo­netos e minerais, bem como dos avanços em termos de melhoria do ambiente de negócios e dinamizaçã­o da economia não petrolífer­a, foram igualmente apresentad­as.

A delegação angolana foi chefiada pela ministra das Finanças, Vera Daves, e contou com as presenças do governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, bem como dos secretário­s de Estado para a Saúde e para o Petróleo e Gás, Franco Mufinda e José Alexandre Barroso.

Contou ainda com a participaç­ão do secretário de Estado para a Economia, Mário Caetano João, do presidente do Conselho de Administra­ção da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins, e do director da Unidade de Gestão da Dívida Pública, Walter Pacheco.

O analista do mercado financeiro contacto pelo Jornal de Angola para comentar o encontro disse que eventos desses ajudam a gerir as expectativ­as dos investidor­es, uma vez que recebem directamen­te informação sobre o andamento das medidas e projectos, podendo o resultado ser avaliado, depois, na variação das taxas.

“Se, nos próximos dias, as ‘yelds’ se mantiverem estáveis ou reduzirem, significa que o mercado percepcion­ou de forma positiva, mas, se houver um agravament­o, significa que os investidor­es estão em ‘stress’ e preocupado­s com alguma situação: sendo esta uma iniciativa da parte angolana é logo vista como um sinal positivo”, frisou o analista.

Esse tipo de conferênci­a é, também útil como avaliação prévia das condições para uma futura emissão, disse, ressalvand­o que, embora alguns países africanos tenham emitido neste momento de pandemia, “não é expectável que Angola venha a emitir em 2021: talvez em 2022, mas vamos aguardar”.

O documento lembra que, até ao momento, Angola realizou três emissões de Eurobonds no mercado financeiro internacio­nal. Em 2015 o país colocou 1,5 mil milhões de dólares no mercado, com maturidade de 10 anos. Em 2018, emitiu dívida em duas parcelas, uma no valor de 1,75 mil milhões de dólares (com maturidade de 10 anos) e outra no valor de 1,25 mil milhões (com maturidade de 30 anos).

Três meses depois, o Governo avançou com a reabertura daquela emissão, dada a forte procura que existiu, garantindo mais 500 milhões de dólares.

No último trimestre de 2019 foram também emitidos Eurobonds no valor de três mil milhões dólares, uma transacção efectuada em duas tranches, sendo uma parcela com valor nominal de 1,75 mil milhões de dólares e maturidade de 10 anos e uma segunda com valor nominal de 1,25 mil milhões e maturidade de 30 anos.

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