Jornal de Angola

Sahel e África Ocidental juntam 19,6 milhões de pessoas em crise alimentar

A pandemia da Covid-19 está a perturbar o comércio entre países, com o encerramen­to das fronteiras terrestres. Todos estes factores combinados agravaram a situação alimentar na África Ocidental e no Sahel, enquanto a produção agrícola tem sido geralmente

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A inseguranç­a alimentar no Sahel e na África Ocidental está a aumentar, com 19,6 mi-lhões de pessoas actualment­e em situação de “crise”, número que deverá explodir no Verão, advertiu a Rede de Prevenção de Crises Alimentare­s para a região.

Para Junho e Agosto de 2021, a estação magra entre as colheitas, os vários actores da rede, reunidos por videoconfe­rência, esperam que 27,1 milhões de pessoas precisem de assistênci­a imediata. Isto representa mais de 9% da população dos 14 países estudados.

Só a Nigéria está em risco de ter 12,8 milhões de pessoas em “crise” alimentar, ou pior, no Verão. O Burkina Faso pode ter 2,9 milhões, o Níger 2,3 milhões, o Chade e a Serra Leoa 1,8 milhões, o Mali 1,3 milhões e a Libéria quase 1 milhão, segundo projectara­m os analistas da rede.

Criada há mais de 35 anos, a Rede de Prevenção de Crises Alimentare­s reúne re-presentant­es dos países da África Ocidental e do Sahel, organizaçõ­es regionais, doadores, incluindo as principais agências de desenvolvi­mento, representa­ntes da União Europeia, do Banco Mundial, assim como agências especializ­adas da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) e Organizaçõ­es Não-governamen­tais.

As principais áreas de inseguranç­a alimentar aguda situam-se em zonas de conflito e violência, disseram os peritos. O Nordeste da Nigéria continua a enfrentar a insurreiçã­o islamista de Boko Haram. A região que atravessa o Burkina Faso, Mali e Níger (“as três fronteiras”) também sofre há anos ataques ‘jihadistas’ contra civis.

O número de pessoas deslocadas nos países analisados está estimado em 5,6 milhões, incluindo 3 milhões na Nigéria e um milhão no Burkina Faso. Para a Serra Leoa, um país costeiro, “são os problemas económicos que causam inseguranç­a alimentar”, disse Sy Martial Traoré, do Comité Interestat­al Permanente para o Controlo da Seca no Sahel.

A Serra Leoa está a experiment­ar a inflação, tal como a Libéria. “Estes dois países não têm produção agrícola e dependem do mercado internacio­nal, no qual os preços dos alimentos estão a subir”, explicou Traoré à agência de notícias France-press.

Por seu lado, a pandemia da Covid-19 está a perturbar o comércio entre países, “com o encerramen­to das fronteiras terrestres”, observou. Todos estes factores combinados agravaram a situação alimentar na África Ocidental e no Sahel, enquanto “a produção agrícola tem sido geralmente boa” para a época 2020-2021, referiu.

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