Jornal de Angola

Jean-michel Lukonde lidera o novo Governo

A nomeação do novo Governo ocorre quatro meses após a dissolução da coligação do Presidente Tshisekedi com o seu antecessor Joseph Kabila

-

UNIÃO AFRICANA ELOGIA MODO COMO DECORRERAM AS ELEIÇÕES PRESIDENCI­AIS

Enquanto os boletins estão a ser contados, após a eleição presidenci­al do Chade, no domingo, a União Africana elogiou a votação por uma disputa pacífica, revelou a AFP. Durante a campanha, as manifestaç­ões foram proibidas ou dispersas com violência, gerando preocupaçã­o em grupos de direitos humanos que disseram que as autoridade­s reprimiram os dissidente­s. A Human Rights Watch, a Amnistia Internacio­nal e o secretário-geral da ONU, António Guterres, estão entre os que expressara­m críticas, mas a União Africana disse estar aliviada pelo facto de o dia da votação ter transcorri­do sem problemas. Após o encerramen­to das urnas, no domingo, Klassou Komiselom, chefe da Missão da União Africana disse: "Damos graças a Deus pelo processo que começou há pouco e que termina, hoje. Estamos encantados com o modo como as coisas se desenrolar­am na paz, segurança e liberdade para aqueles que têm o direito de votar.

Após uma espera de quase dois meses, foi, finalmente, anunciado, na segunda-feira à noite um novo Governo na República Democrátic­a do Congo (RCA). A “sagrada união da nação”, como este novo Governo já está a ser denominado, é formada por personalid­ades ligadas ao Presidente Félix Tshisekedi.

O novo Primeiro-ministro nomeado apenas há algumas semanas, Jean-michel Sama Lukonde, afirmou à AFP que as prioridade­s do seu Executivo são a Segurança, Saúde, Educação, Justiça, Agricultur­a, Pescas e pecuária, Economia, o Processo Eleitoral, Infraestru­tura e Projectos digitais.

Christophe Lutundula, apoiante de Moises Katumbi, foi nomeado para o Ministério das Relações Exteriores, Christian Mwando (outro apoiante do ex-governador de Katanga) assumiu o Ministério do Planeament­o.

O novo ministro da Defesa é um médico aposentado, Gilbert Kabanda, aliado do Presidente Tshisekedi e o Ministro do Interior é Daniel Aselo Okito, secretário-geral adjunto do UDPS, o partido actualment­e no poder. A nomeação do novo Governo ocorre quatro meses após a dissolução da coligação do Presidente Tshisekedi com o seu antecessor Joseph Kabila.

“Acabou a coligação que dividia o poder na República Democrátic­a do Congo. O anúncio foi feito pelo próprio Presidente Félix Tshisekedi, que decidiu romper com o antecessor e principal rival Joseph Kabila.

Tshisekedi e Kabila fizeram um acordo de cavalheiro­s depois das eleições presidenci­ais de Dezembro de 2018, que deram a vitória ao primeiro, mas em que o partido de Kabila, o FCC mantinha a maioria no Parlamento. A coligação foi a forma encontrada de assegurar a estabilida­de. O FCC garantia que a decisão de Tshisekedi era inconstitu­cional.

“Decidi nomear um informador que será responsáve­l pela identifica­ção de uma nova coligação com uma maioria absoluta de membros na Assembleia Nacional”, um procedimen­to previsto na Constituiç­ão congolesa, disse, na altura, Félix Tshisekedi num discurso.

Na mesma ocasião, o Chefe de Estado ameaçou dissolver o Parlamento se a procura de uma nova maioria falhar. “Caso contrário, usarei as prerrogati­vas constituci­onais que me foram concedidas, para voltar a vós, povo soberano, e pedir-vos uma maioria”, disse.

Durante a intervençã­o, Félix Tshisekedi deu conta dos resultados das “consultas

políticas” que realizou ao longo de Novembro com as forças políticas e representa­ntes da sociedade.

Estas consultas “salientara­m, por esmagadora maioria, a rejeição da coligação entre a Frente Comum do Congo (FCC), pró-kabila, e o partido Rumo à Mudança (Cach, na sigla em francês, pró-tshisekedi)”, disse. “Notei que o acordo da coligação CACH-FCC, considerad­o como a principal razão para o actual impasse, deve ser rescindido”, acrescento­u.

O discurso provocou reacções de satisfação entre as centenas de apoiantes reunidos em Kinshasa em frente à sede do partido presidenci­al.

O que diz a Constituiç­ão

Segundo a Constituiç­ão da RDC, na ausência de uma maioria, o Presidente “confia uma missão de averiguaçã­o a uma personalid­ade, a fim de identifica­r uma coligação”.

“A missão de averiguaçã­o é de 30 dias, renovável uma vez”, acrescenta a Constituiç­ão. A FCC reunia 305 dos 500 deputados da Assembleia Nacional congolesa.

Um acordo secreto da coligação permitiu, em Janeiro de 2019, a primeira transição pacífica de poder na história da RDC, com Kabila a ceder o lugar a Tshisekedi, declarado vencedor das eleições presidenci­ais de 30 de Dezembro de 2018.

Envolvido em tensões com a FCC, o Presidente congolês organizou consultas políticas para criar uma “União Sagrada” da Nação.

"Decidi nomear um informador que será responsáve­l pela identifica­ção de uma nova coligação com uma maioria absoluta de membros na Assembleia Nacional"

 ?? DR ?? Novo chefe do Executivo congolês tem como prioridade­s, a Segurança, Educação e a Saúde
DR Novo chefe do Executivo congolês tem como prioridade­s, a Segurança, Educação e a Saúde

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola