Bailarinos defendem inovações
A falta de conhecimentos teóricos tem tornado os grupos de dança bastante limitados, em especial quanto ao processo da criação artística, alertou, ontem, em Luanda, a bailarina e professora de Dança Elisandra Bernardo.
A subdirectora da Escola de Dança Alfa Ómega defende ainda a profissionalização dos grupos de dança. Para a professora, é preciso que os integrantes dos grupos aumentem os conhecimentos sobre as danças e não fiquem limitados somente na prática, “pois periga a evolução rápida e permanente do processo de criação artística”.
A bailarina, que participou, também, no último encontro quinzenal sobre a dança, realizado no auditório da escola Njinga Mbande, deixou subsídios importantes para a revitalização dos estilos contemporâneo e tradicional, assim como enalteceu a iniciativa, criada para fomentar o debate, na generalidade, dos vários assuntos ligados ao movimento artístico.
Quanto à evolução dos grupos, sobretudo, na capital do país, reconheceu existir projectos inovadores e de qualidade, mas que precisam apostar mais na formação artística. “É importante aprofundar-se os conhecimentos em todas as áreas do saber para ajudar na consolidação dos projectos artísticos, sobretudo, no domínio da dança, para melhor permitir o domínio dos fundamentos técnicos”, sustentou.
Revitalização
A antiga bailarina do grupo tradicional Yaka, Florinda Miranda, revelou que o movimento artístico ligado à dança era mais activo na época dos anos 1980. “Porém, com o tempo esse movimento foi se perdendo”, lamentou.
As danças populares, adiantou, ajudavam a ocupar o tempo livre das crianças e adolescentes na época. “Havia um movimento artístico bastante dinâmico nos bairros e nas escolas”, reforçou, recordando que no passado, os grupos de dança eram muito competitivos e isso permitia, todos os anos, o surgimento de novas danças.
Florinda Miranda, que também já integrou os grupos Préfabricados, Mabor e Semba África, considerou urgente a dinamização da dança, começando pelas escolas e comunidades. O papel dos mecenas, destacou, deve ser activo nesse processo de revitalização. “Antigamente os empresários locais apoiavam as pequenas iniciativas nos bairros e isso permitia o surgimento de muitos grupos de dança”.
Conhecimento
O presidente da Associação Angolana de Dança, Maneco Vieiradias,enalteceuosencontros e disse que o objectivo é continuararealizá-los,deforma a permitir a maior troca de conhecimentoentreasgerações e encontrar soluções para a revitalização da dança no país.
Maneco Vieira Dias agradeceu a iniciativa da Direcção Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, por permitir discutir os problemas relacionados com a classe e criar novos factos culturais em torno da dança.
Para o director da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos de Luanda, Manuel Gonçalves, estes encontros quinzenais são umaoportunidadedepromover a troca de experiência, apresentar e colher contribuições sobre um legado importante na preservação e reconstrução documentaldahistóriadadança do país. Porém, pediu uma maior abrangência dos encontros, pois, defende, é preciso levar os debates sobre a dança até à periferia”.