Preservar os monumentos e sítios
O inventário da herança cultural, material e imaterial, de todo o país, tem sido das prioridades do Executivo, para uma melhor preservação dos locais históricos, garantiu, ontem, em Luanda, a directora do Instituto Nacional do Património Cultural (INPC). Cecília Gourgel afirmou que a atenção aos monumentos e sítios é das preocupações do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, que procura não se limitar apenas a reconhecer a importância daqueles locais nas datas especiais, como a de hoje. No quadro do Dia Mundial de Monumentos e
Sítios, que hoje se assinala, o ministro da
Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, procedeu ao descerramento das placas que classificam como Património Nacional as igrejas de Nazaré e da Ilha do Cabo, em Luanda.
O inventário da herança cultural, material e imaterial de todo o país tem sido, ao longo dos anos, das prioridades do Executivo para uma melhor preservação dos locais históricos, garantiu, ontem, em Luanda, a directora do Instituto Nacional do Património Cultural (INPC).
Cecília Gourgel afirmou, ao Jornal de Angola, que a atenção aos monumentos e sítios é das preocupações do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, que procura não se limitar apenas a reconhecer estes locais nas datas especiais, como a de hoje.
Para tal, garantiu, um vasto trabalho de pesquisa tem sido feito, com especialistas, nacionais e estrangeiros, no sentido de elevar a Património da Humanidade dos maiores reconhecimentos que se pode obter de um monumento muita desta herança cultural.
O reconhecimento, disse, não se limita só ao património material. O imaterial também tem tido a devida atenção, prova disso é o processo de candidatura da massemba/rebita, como música e dança, ou do semba, na lista da UNESCO.
Outro património que muito tem se cogitado pela significância, adiantou, é o Sona, desenhos na areia típicos do Leste do país, mas conhecidos como figuras geométricas por incorporar padrões e conexões significantes únicas, com aspectos de matemática, que já levou a estudos detalhados, em colaboração com a Universidade Lueji A’nkonde, no Dundo, Lunda-norte.
Outros candidatos
Apesar do reconhecimento internacional do Centro Histórico de Mbanza Kongo, Cecília Gourgel disse que o país tem muitos outros monumentos e sítios, com potencial para serem elevados a tal categoria, como é o caso de Tchitundo-hulu, o Corredor do Cuanza e o Cuito Cuanavale, como marco de libertação da África Austral.
O processo de inscrição destes patrimónios, revelou, é longo e requer a obtenção de documentos, com uma base sustentável, capaz de ter o reconhecimento da UNESCO. Porém, alguns são de tão grande relevo e geram altas expectativas.
Um destes casos, explicou, é o Cuito Cuanavale, local onde ocorreu a maior batalha da história da guerra pós-independência do país, que resultou no fim do Apartheid, na África do Sul, e, também, na libertação de Nelson Mandela.
“Estamos a trabalhar com processos complexos e onerosos. Apesar da experiência que os técnicos do ministério adquiriram com a inscrição de Mbanza Kongo, vamos precisar de solicitar assistência internacional, porque temos poucos especialistas e o valor universal excepcional destes três bens são diferentes”, sustentou.
Em relação à preservação dos monumentos e sítios nacionais, Cecília Gourgel adiantou que a maior parte dos já classificados, independentemente da antiguidade, encontram-se num estado de conservação preocupante e parte deles necessita de obras de restauro.
A capital do país, adiantou, tem sido o centro das atenções, quanto à matéria de preservação. Com alguma preocupação apontou a urgência da recuperação do património degradado e em risco de desaparecer.
Numa lista enorme, a directora do INPC citou como as mais preocupantes a Fortaleza de São Francisco do
Penedo (Casa Reclusão), Fortaleza de São Pedro da Barra e o edifício sede do INPC, bem como o Largo do Baleizão. Na Província do Namibe, a que está em maior risco é a Fortaleza de São Fernando.
Os novos de Luanda
A directora do INPC disse que entre os novos reconhecidos da capital constam os Largos da Independência e do Pelourinho, classificados como sítios de interesse histórico, e as igrejas da Nossa Senhora do Cabo e da Nazaré, como património histórico nacional.
Com o reconhecimento destes, contou, é preciso criar novas perspectivas de gestão dos problemas que afectam o património cultural, principalmente tendo em conta que há muitos destes em situações preocupantes.
Outro aspecto de relevo, considerado urgente e já solucionado, é a criação nas plataformas digitais de sítios com informações detalhadas sobre os locais turísticos. “Hoje os turistas que queiram visitar os monumentos e sítios encontram com facilidade as informações detalhadas, mas o ministério ainda está por finalizar um guia turístico nacional”.
Herança imaterial
No caso do património imaterial angolano, Cecília Gourgel garante que o Executivo tem estado a trabalhar no levantamento de todas as manifestações culturais a nível nacional e já foi elaborado um “mapa”.
Há, defendeu, danças e músicas angolanas únicas que precisam de toda a protecção, algumas delas ligadas ao Carnaval, ou a determinados grupos étnicos, como a tchianda. “A maioria está na lista de prioridades do ministério para os próximos anos, com realce para o semba”, disse, acrescentando que outros estilos singulares, como o kuduro, que têm despontado no mercado internacional e com alguns países a aparecerem como titulares também estão protegidos. “Não corremos o risco de um dia perdermos o privilégio de sermos os detentores deste género, porque os registos do surgimento do mesmo podem ser encontrados nas plataformas digitais”, afiançou.
“Estamos a trabalhar com processos complexos e onerosos. Apesar da experiência que os técnicos do ministério adquiriram com a inscrição de Mbanza Kongo, vamos precisar de solicitar assistência internacional, porque temos poucos especialistas e o valor universal excepcional destes três bens são diferentes”, sustentou
A efeméride
O 18 de Abril, lembrou, foi instituído pelo Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), com o propósito de se proporcionar uma análise crítica sobre as práticas passadas de conservação e preservação dos monumentos e sítios.
Este ano, sob o lema “Passados complexos, Futuros diversos”, a data leva todos a reflectir sobre uma inclusão global e o reconhecimento da diversidade, com especial atenção às narrativas históricas existentes.