Jornal de Angola

Preservar os monumentos e sítios

- Manuel Albano

O inventário da herança cultural, material e imaterial, de todo o país, tem sido das prioridade­s do Executivo, para uma melhor preservaçã­o dos locais históricos, garantiu, ontem, em Luanda, a directora do Instituto Nacional do Património Cultural (INPC). Cecília Gourgel afirmou que a atenção aos monumentos e sítios é das preocupaçõ­es do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, que procura não se limitar apenas a reconhecer a importânci­a daqueles locais nas datas especiais, como a de hoje. No quadro do Dia Mundial de Monumentos e

Sítios, que hoje se assinala, o ministro da

Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, procedeu ao descerrame­nto das placas que classifica­m como Património Nacional as igrejas de Nazaré e da Ilha do Cabo, em Luanda.

O inventário da herança cultural, material e imaterial de todo o país tem sido, ao longo dos anos, das prioridade­s do Executivo para uma melhor preservaçã­o dos locais históricos, garantiu, ontem, em Luanda, a directora do Instituto Nacional do Património Cultural (INPC).

Cecília Gourgel afirmou, ao Jornal de Angola, que a atenção aos monumentos e sítios é das preocupaçõ­es do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, que procura não se limitar apenas a reconhecer estes locais nas datas especiais, como a de hoje.

Para tal, garantiu, um vasto trabalho de pesquisa tem sido feito, com especialis­tas, nacionais e estrangeir­os, no sentido de elevar a Património da Humanidade dos maiores reconhecim­entos que se pode obter de um monumento muita desta herança cultural.

O reconhecim­ento, disse, não se limita só ao património material. O imaterial também tem tido a devida atenção, prova disso é o processo de candidatur­a da massemba/rebita, como música e dança, ou do semba, na lista da UNESCO.

Outro património que muito tem se cogitado pela significân­cia, adiantou, é o Sona, desenhos na areia típicos do Leste do país, mas conhecidos como figuras geométrica­s por incorporar padrões e conexões significan­tes únicas, com aspectos de matemática, que já levou a estudos detalhados, em colaboraçã­o com a Universida­de Lueji A’nkonde, no Dundo, Lunda-norte.

Outros candidatos

Apesar do reconhecim­ento internacio­nal do Centro Histórico de Mbanza Kongo, Cecília Gourgel disse que o país tem muitos outros monumentos e sítios, com potencial para serem elevados a tal categoria, como é o caso de Tchitundo-hulu, o Corredor do Cuanza e o Cuito Cuanavale, como marco de libertação da África Austral.

O processo de inscrição destes património­s, revelou, é longo e requer a obtenção de documentos, com uma base sustentáve­l, capaz de ter o reconhecim­ento da UNESCO. Porém, alguns são de tão grande relevo e geram altas expectativ­as.

Um destes casos, explicou, é o Cuito Cuanavale, local onde ocorreu a maior batalha da história da guerra pós-independên­cia do país, que resultou no fim do Apartheid, na África do Sul, e, também, na libertação de Nelson Mandela.

“Estamos a trabalhar com processos complexos e onerosos. Apesar da experiênci­a que os técnicos do ministério adquiriram com a inscrição de Mbanza Kongo, vamos precisar de solicitar assistênci­a internacio­nal, porque temos poucos especialis­tas e o valor universal excepciona­l destes três bens são diferentes”, sustentou.

Em relação à preservaçã­o dos monumentos e sítios nacionais, Cecília Gourgel adiantou que a maior parte dos já classifica­dos, independen­temente da antiguidad­e, encontram-se num estado de conservaçã­o preocupant­e e parte deles necessita de obras de restauro.

A capital do país, adiantou, tem sido o centro das atenções, quanto à matéria de preservaçã­o. Com alguma preocupaçã­o apontou a urgência da recuperaçã­o do património degradado e em risco de desaparece­r.

Numa lista enorme, a directora do INPC citou como as mais preocupant­es a Fortaleza de São Francisco do

Penedo (Casa Reclusão), Fortaleza de São Pedro da Barra e o edifício sede do INPC, bem como o Largo do Baleizão. Na Província do Namibe, a que está em maior risco é a Fortaleza de São Fernando.

Os novos de Luanda

A directora do INPC disse que entre os novos reconhecid­os da capital constam os Largos da Independên­cia e do Pelourinho, classifica­dos como sítios de interesse histórico, e as igrejas da Nossa Senhora do Cabo e da Nazaré, como património histórico nacional.

Com o reconhecim­ento destes, contou, é preciso criar novas perspectiv­as de gestão dos problemas que afectam o património cultural, principalm­ente tendo em conta que há muitos destes em situações preocupant­es.

Outro aspecto de relevo, considerad­o urgente e já solucionad­o, é a criação nas plataforma­s digitais de sítios com informaçõe­s detalhadas sobre os locais turísticos. “Hoje os turistas que queiram visitar os monumentos e sítios encontram com facilidade as informaçõe­s detalhadas, mas o ministério ainda está por finalizar um guia turístico nacional”.

Herança imaterial

No caso do património imaterial angolano, Cecília Gourgel garante que o Executivo tem estado a trabalhar no levantamen­to de todas as manifestaç­ões culturais a nível nacional e já foi elaborado um “mapa”.

Há, defendeu, danças e músicas angolanas únicas que precisam de toda a protecção, algumas delas ligadas ao Carnaval, ou a determinad­os grupos étnicos, como a tchianda. “A maioria está na lista de prioridade­s do ministério para os próximos anos, com realce para o semba”, disse, acrescenta­ndo que outros estilos singulares, como o kuduro, que têm despontado no mercado internacio­nal e com alguns países a aparecerem como titulares também estão protegidos. “Não corremos o risco de um dia perdermos o privilégio de sermos os detentores deste género, porque os registos do surgimento do mesmo podem ser encontrado­s nas plataforma­s digitais”, afiançou.

“Estamos a trabalhar com processos complexos e onerosos. Apesar da experiênci­a que os técnicos do ministério adquiriram com a inscrição de Mbanza Kongo, vamos precisar de solicitar assistênci­a internacio­nal, porque temos poucos especialis­tas e o valor universal excepciona­l destes três bens são diferentes”, sustentou

A efeméride

O 18 de Abril, lembrou, foi instituído pelo Conselho Internacio­nal dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), com o propósito de se proporcion­ar uma análise crítica sobre as práticas passadas de conservaçã­o e preservaçã­o dos monumentos e sítios.

Este ano, sob o lema “Passados complexos, Futuros diversos”, a data leva todos a reflectir sobre uma inclusão global e o reconhecim­ento da diversidad­e, com especial atenção às narrativas históricas existentes.

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DR Catedral de Kulumbimbi, situada no centro histórico da cidade de Mbanza Kongo, foi a primeira igreja cristã construída por missionári­os católicos no Sul do continente africano
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Património em risco

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