Jornal de Angola

Fissuras na estrutura do Kulumbimbi preocupam autoridade­s

- Jaquelino Figueiredo | Mbanza Kongo

O aparecimen­to de fissuras na infra-estrutura física da primeira igreja erguida a Sul do Sahara, Kulumbimbi, há mais de seis séculos e o ruir paulatino do alicerce do Tady Dia Bukikwa (antigo Palácio dos Reis do Kongo), dois dos muitos monumentos e sítios que fazem parte do Património Mundial da Humanidade de Mbanza Kongo, província do Zaire, preocupa o responsáve­l da área de valorizaçã­o e preservaçã­o do gabinete técnico do centro histórico local, Luntadila Lunguana.

De acordo com o responsáve­l, os monumentos e sítios em referência já têm beneficiad­o de alguns trabalhos de manutenção, mas não se pode ignorar o aparecimen­to de fissuras inquietant­es que podem colocar em causa a sua existência, pelo que urge uma intervençã­o para sua preservaçã­o.

“Dentro destas preocupaçõ­es temos uma intervençã­o que deve se realizar a nível do Kulumbimbi, por ser uma construção mais antiga que temos aqui na cidade de Mbanza Kongo, com mais de seis séculos de existência, cuja acção do tempo é visível, através de algumas fissuras que requerem uma intervençã­o de especialis­tas, porque a sua progressão pode um dia provocar mesmo o desabament­o daquelas ruínas históricas a nível da África Subsariana”, acrescento­u.

A outra preocupaçã­o, segundo avançou, tem a ver com os sítios históricos “Tady Dia Bukikwa” e as “Doze Fontes”, este último três das quais estão em vias de secar, pelo que o Centro histórico de Mbanza Kongo advoga uma intervençã­o para o seu restauro e preservaçã­o.

“O Kulumbimbi e Tady Dia Bukikwa são, em geral, os dois monumentos e sítios que requerem mais atenção. As Doze Fontes, três das quais estão a secar, necessitam também de alguns trabalhos de requalific­ação, sobretudo nas vias de acesso e nas próprias estruturas físicas, requerem um trabalho para permitir a sua preservaçã­o para as gerações futuras”, acrescento­u.

No concernent­e ao sítio histórico Tady Dia Bukikwa, Luntadila Lunguana frisou que requer também uma atenção particular, porque o seu alicerce original que data de muitos anos, hoje, com os efeitos das erosões provocadas pela chuva, está a desagregar-se progressiv­amente, consubstan­ciada nas pedras que se soltam da própria estrutura.

Apesar da preocupaçã­o resultante do estado físico dos referidos monumentos e sítios, como assegurou, a situação não influencia na manutenção do estatuto de Património Mundial da Humanidade atribuído em 2017 pela UNESCO à cidade de Mbanza Kongo, na medida em que existem condições próprias e específica­s pata tal, mas devese fazer algo para mantê-los.

“O público vê a estrutura de uma certa maneira e pensa que pode influencia­r a decisão da UNESCO da manutenção do nome de Mbanza Kongo na lista de Património Mundial da Humanidade. Enquanto especialis­ta, digo que não, porque existe um leque de regras específica­s a cumprir e acções a realizar para que possamos manter na referida lista e daí vamos dizer que não há nenhuma preocupaçã­o. A UNESCO esperava o nosso relatório em Dezembro de 2020, onde consta o conjunto de tarefas realizadas até agora no âmbito das recomendaç­ões. Dizer que sete das nove recomendaç­ões emanadas pela UNESCO foram cumpridas, uns de forma parcial e outras totalmente”, tranquiliz­ou.

O público vê a estrutura de uma certa maneira e pensa que pode influencia­r a decisão da UNESCO da manutenção do nome de Mbanza Kongo na lista de Património Mundial da Humanidade

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GARCIA MAYATOKO | EDIÇÕES NOVEMBRO Luntadila Lunguana

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