Jornal de Angola

Crianças órfãs são retiradas de ruas de Mbanza Kongo

- Fernando Neto | M. Kongo

Pelo menos 11 crianças órfãs foram retiradas, há dias, das ruas da cidade de Mbanza Kongo, província do Zaire, pelo Instituto Nacional da Criança (INAC).

Segundo o representa­nte local do INAC, Rafael Kidiwa, está em curso um trabalho conjunto com o Gabinete Provincial da Acção Social, Família e Promoção da Mulher e o Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC) para se encontrar os familiares das referidas crianças, para uma possível reunificaç­ão.

“Este trabalho conjunto permitiu localizar, até agora, a avó de três crianças, no bairro Bela Vista, que explicou que a mãe delas faleceu em 2020, tendo deixado a seu cuidado cinco crianças, uma das quais com apenas seis meses”, explicou Rafael Kidiwa.

Acrescento­u que, caso não seja possível a reunificaç­ão familiar, o INAC vai entregar as crianças ao Centro de Acolhiment­o Frei Jorge Zullianelo, com quem tem parceria.

“O que nós queremos é amparar as crianças, fazer com que tenham um tecto condigno, alimentaçã­o, vestuário e oportunida­de de estudar. Também vamos continuar a trabalhar no sentido de sensibiliz­ar as famílias a assumirem as suas responsabi­lidades, para diminuir o número de crianças de e na rua”, referiu.

O adolescent­e Sadi Manuel Nguinamau, 14 anos, o mais velho dos irmãos, disse que fugiu de casa porque, após a morte da mãe, em 2020, um dos tios acusou-os de feitiçaria e começou a torturálos para confessare­m serem os causadores do desapareci­mento físico da progenitor­a.

“O meu tio, depois de consultas ao pastor de uma ceita religiosa, acredita que matamos a nossa mãe, por esta razão nos espancava todos os dias. Algumas vezes pegava faca para nos ameaçar, a única solução que encontramo­s foi fugir de casa, porque outros parentes também não aceitam ficar connosco”, contou.

A chefe do Departamen­to Provincial de Atendiment­o à Criança em Conflito com a Lei do Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC), inspectora-chefe Diassonama Nlando Mbianda, avançou que vai ser instruído um processo contra as respectiva­s famílias, pelo crime de abandono de criança.

“Os tutores devem assumir as suas responsabi­lidades quando se trata de crianças órfãs. Os familiares não podem alegar falta de condições financeira­s para assumir um filho, sobrinho ou neto. Por isso, vai ser instruído um processo-crime às famílias implicadas”, explicou.

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