Jornal de Angola

MPD e PAICV vão hoje a votos para formar próximo Governo

Sem a possibilid­ade de campanha eleitoral de rua, devido às medidas sanitárias de restrição, os cabo-verdianos votam, hoje, para eleger 72 deputados sem que algo de substancia­lmente evidente distinga aquilo que são as posições programáti­cas dos principais

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Os cabo-verdianos, elegem, hoje, 72 deputados, numa altura em que os presidente­s do Movimento para a Democracia (MPD, no poder), e do Partido Africano da Independên­cia de Cabo Verde (PAICV, oposição), defendem a promoção do crioulo para língua nacional, em paridade com o português.

Raramente, como agora, uma campanha eleitoral em Cabo Verde tem tido tantos denominado­res comuns entre os principais partidos candidatos à vitória. Um dos pontos em que as duas principais formações políticas apostaram para a captação de votos foi a cultura.

Com a sua economia depauperad­a pela crise no turismo, a principal indústria, o país teve uma perda de 80 por cento da sua receita em divisas, o que provocou, no ano passado, uma retracção recorde de 14,8 por cento, segundo dados do FMI. Tudo isto poderia ser tema de discussão, numa campanha que por força da pandemia realizou-se sem contacto directo com os eleitores.

O pleito será acompanhad­o por 65 observador­es da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), de órgãos da Comunicaçã­o Social estrangeir­a, bem como da Embaixada dos Estados Unidos e a União Africana (UA). Na corrida está um total de 597 candidatos de seis partidos, que tentam conquistar o voto de 393.166 eleitores inscritos no arquipélag­o e na diáspora. Para hoje, estão previstas 1.245 mesas de voto no arquipélag­o e 246 para diáspora, que elege um total de seis dos 72 deputados, dois dos quais pelo círculo de África, dois pelo círculo da América e dois pelo círculo da Europa e o resto do mundo.

Ambos os líderes partidário­s concordam, mas não assumem compromiss­os para a próxima legislatur­a para esse efeito, mas com Janira Hopffer Almada, 42 anos, presidente do PAICV, a admitir que os próximos cinco anos serão para “trabalhar” no sentido da oficializa­ção do crioulo como língua nacional.

Na mesma linha, o presidente do MPD, Ulisses Correia e Silva, 58 anos, que tenta a reeleição como Primeiro-ministro, também reconhece que o tempo para essa oficializa­ção ainda não é uma certeza absoluta.

“Não assumo um compromiss­o taxativo, a dizer que será nesta legislatur­a a oficializa­ção como língua nacional. Há toda uma construção em curso, mais do que o uso da língua, não só o uso da língua, que é natural, a sua oficializa­ção impõe determinad­as condições e exigências, nomeadamen­te no sistema de ensino, a bibliograf­ia, o sistema de ensino e aprendizag­em, investimen­tos que têm de ser feitos, a nossa ligação com o resto do mundo em termos de comunicaçã­o”, admitiu.

Janira Hopffer Almada, do PAICV, que reafirma estar preparada para assumir a liderança do Governo, acha que chegou o “tempo de mudança”e prometeu uma postura diferente

Papel da oposição

Recentemen­te, o Primeiromi­nistro Ulisses Correia e Silva, admitiu que a “retoma económica e social para além das medidas de protecção, exige um quadro propiciado­r de amplos consensos a nível político e da concertaçã­o social”.

Numa outra intervençã­o, Ulisses Correia e Silva, afirmou que um bom resultado nas eleições legislativ­as é manter a maioria absoluta, justifican­do que o país precisa de “estabilida­de” na governação para lidar com as consequênc­ias da pandemia.

Por sua vez, Janira Hopffer Almada defende que o país precisa de um outro tipo de Governo que vá de encontro àquilo que diz serem as “preocupaçõ­es do povo”, mas sem especifica­r concretame­nte aquilo que pretende fazer.

Janira Hopffer Almada, que reafirma estar preparada para assumir a liderança do Governo, acha que chegou o “tempo de mudança” e prometeu uma postura “mais construtiv­a” se vier, como espera, a merecer a confiança dos eleitores hoje.

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DR Um total de 597 candidatos de seis partidos tentam conquistar o voto de 393.166 eleitores

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