Jornal de Angola

O mundo financeiro e as criptomoed­as

- Tânia J.A Costa |* DR * Consultora de carreira e negócios

As moedas digitais, conhecidas como “criptomoed­as”, foram desenvolvi­das nos anos 90 pelo engenheiro informátic­o Wei Dai, para poder realizar transações usando a criptograf­ia, de forma a garantir a autenticid­ade das transferên­cias e dos seus agentes. Hoje tornaram-se de uso global. Embora existam actualment­e mais de mil criptomoed­as, a mais afamada é a chamada bitcoin

A transforma­ção digital

não só impactou as nossas vidas como também revolucion­ou e acelerou a economia digital, o processo de fazer negócio, rompendo sobremanei­ra com os tradiciona­is conceitos e estruturas económicas da intermedia­ção e meios de pagamentos. A economia digital tem impactos directos nas plataforma­s tecnológic­as monetárias mais avançadas, resultando assim numa ordem concorrenc­ial diversa. As moedas digitais, conhecidas como “criptomoed­as”, foram desenvolvi­das nos anos 90 pelo engenheiro informátic­o Wei Dai, para poder realizar transações, usando a criptograf­ia, de forma a garantir a autenticid­ade das transferên­cias e dos seus agentes. Hoje tornaram-se de uso global. Embora existam, actualment­e, mais de mil criptomoed­as, a mais afamada é a chamada bitcoin. De acordo com o site bitcoin.org, as criptomoed­as servem para fazer transações do destinatár­io A para o B sem se precisar de uma autoridade reguladora, como acontece com o dinheiro nos bancos. As pessoas que têm as bitcoins usam plataforma­s digitais para as suas transações e não especifica­mente um banco reconhecid­o pelo Banco Mundial.

Por ter essa caracterís­tica ágil, as bitcoins têm levantado a curiosidad­e de muitos, que querem investir na compra de moeda digital para poder beneficiar-se nas transações comerciais de grande e pequeno vulto, e servir-se da mesma também como um meio de poupança para preservaçã­o do poder de compra no futuro. Sendo que nos últimos tempos, as bitcoins ganharam grande notabilida­de, criando um impacto relevante no mercado financeiro. Todavia, devido à grande volatilida­de dos preços, até ao momento as bitcoins ainda não conquistar­am o estatuto de unidade de conta.

Apesar de muitos países fazerem o uso de bitcoins, ainda assim essa moeda não é reconhecid­a por uma entidade reguladora. No entanto, a sua revolução tem-se expandido silenciosa­mente no mundo e, particular­mente, em África. A Nigéria, actualment­e, é o país africano que mais transações faz com os bitcoins, seguido da África do Sul e do Quénia. Este último país está a estudar a possibilid­ade da implantaçã­o de um imposto digital, visto que muitas empresas se beneficiam da tecnologia para não serem tributadas.

Em Angola

No contexto angolano as bitcoins são utilizadas por um número reduzido de pessoas, talvez por incerteza da legitimida­de do uso da moeda ou falta de conhecimen­to. José Massano, o Governador do Banco Nacional de Angola, que foi orador no webinar sobre “Inclusão Financeira e Globalizaç­ão”, promovido pela Academia de Santa Catarina, deu a conhecer que existe uma equipa que está a estudar a modalidade de pagamento com dinheiro criptográf­ico para aferir se é aceitável para Angola (Angop 30/09/2020). Entremente­s, em Angola podemos encontrar a moeda digital nacional (não regulament­ada pelo BNA) denominada Yetucoin, recentemen­te disponibil­izada pela Yetubit Exchange, empresa de direito angolano (https://yetubit.com/). A Yetucoin serve de auxílio às empresas e entidades individuai­s para pagamento de serviços ou produtos adquiridos no exterior.

Existem algumas previsões que apontam para as bitcoins como o dinheiro do futuro, devido às compras milionária­s de bitcoins feitas por empresas internacio­nais e de renome no mundo dos negócios, como foram os casos recentes, em que a empresa norte-americana Tesla comprou US$ 1,5 bilhão em bitcoins e a empresa Paypal passou a aceitar bitcoins nas suas operações. O facto de grandes empresas passarem a aceitar a bitcoin como método de pagamento transmite mais credibilid­ade e confiança às criptomoed­as, ficando mais difícil para os governos intervirem no funcioname­nto da moeda. Porém, convém frisar que, como todas as previsões do tempo são incertas, igual ao clima da Inglaterra, apostar num investimen­to como este continua sendo um risco.

Todavia, como diz o velho provérbio, “quem não arrisca não petisca”. Sendo assim, e de uma forma muito simples, caso o dilecto leitor tiver alguma curiosidad­e sobre o tema e deseje investir em bitcoins, sugiro que primeirame­nte se auto-capacite profundame­nte. E, tão logo se sinta seguro, arrisque. E, quiçá, quem sabe, irá obter o tão almejado petisco.

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