“Não fecho a porta a fusões”
O Banco BIC mantém liquidez necessária para apoiar o Estado e a economia real, apesar de prever uma significativa queda dos resultados este ano
O Banco BIC mantém liquidez necessária para apoiar o Estado e a economia real, assegura o presidente da instituição, Hugo Teles, em entrevista ao Jornal de Angola.
Quais os indicadores do Banco BIC, passados 16 anos desde a sua criação?
O Banco BIC é um operador de referência em Angola. Temos a maior rede privada de agências a nível do país e estamos presentes em 102 municípios. O objectivo da instituição sempre foi ser o motor da economia. Esse é um papel essencial que os bancos têm e devem ter. A estratégia de crescimento não está fácil, pois a economia está numa fase lenta do seu desenvolvimento. Logo, estamos à espera de tempos melhores.
O que os bancos estão a fazer para mudar este quadro?
Os bancos, tal como todas as empresas, têm feito um esforço para tentar ultrapassar esta situação com menos danos possíveis. Não escondo que é triste ver muitas empresas a fechar ou a dispensar muita gente. É o que temos assistido no último ano e meio. A maioria das empresas não está a passar por uma boa situação. Há sempre algumas empresas que crescem durante a crise, mas não é o caso dos bancos, que perderam muitos depósitos. Este ano vai ocorrer o que há muito não se via: vários bancos vão dar prejuízos e os que davam muito lucro, este ano, provavelmente, darão muito menos. Diria que os lucros dos bancos vão cair aos trambolhões. É normal que assim seja. Os depósitos caíram muito. Havendo pouco negócio na economia, também não é fácil crescer, ou seja, os bancos, hoje em dia, tentam, por um lado, segurar ou ajudar as empresas a ultrapassar esta crise e, por outro, estão a fazer um esforço no sentido de apoiar as empresas para que comecem a produzir localmente.
É também esta a realidade do Banco BIC?
Nós continuamos a ter a necessidade de começar a fazer funcionar a pequena indústria ou até mesmo a grande indústria. Refiro-me à grande indústria no sentido de perceber o que é que se importa ainda em grande quantidade e tentar produzir localmente. Há muita coisa que podemos perfeitamente produzir com qualidade e com preços que permitam fazer face aos praticados pelos importadores. O objectivo dos bancos, hoje em dia, é fazer as empresas crescer no interior, e creio que também seja este um dos objectivos do Estado. Provavelmente, não pode ser tudo em Luanda, e o que vemos é que começa haver projectos que têm pernas para andar. O objectivo é que sejam viáveis no futuro e consigam trabalhar.
Que impacto tem tudo isso na evolução da carteira de negócios do banco?
O banco sempre esteve virado para as empresas. Nós chamávamos antigamente o Banco BIC de o banco dos comerciantes. Somos uma instituição de retalho que também ajuda as empresas a investirem. Neste momento, o banco tem uma carteira de cerca 60 por cento de crédito sob forma de Obrigações do Tesouro. O restante é credito a particulares e a empresas. Penso que somos o banco mais contra-corrente neste caso, pois a maioria dos bancos tem os depósitos (80 por cento) aplicado em Obrigações do Tesouro e só cerca de 20 atribuídos a particulares e a empresas. Eu diria que, se calhar, é uma boa estratégia por parte de alguns bancos. também?
Nós preferimos continuar a apoiar os particulares e as empresas porque, de contrário, as coisas não avançam e será mais difícil haver lucros e crescimento por parte dos empresários. Os privados têm mesmo de crescer e o Estado tem vindo a dar um empurrão para que haja incentivos para o tal crescimento esperado. É por aí que as coisas têm que ir, isso a nível da carteira de crédito. Quanto à carteia de depósitos, continuamos a ser o quarto banco. Se calhar, neste momento, o quinto em crédito, e devemos ser o segundo ou terceiro a nível de toda banca.
Qual é a maior taxa de crescimento alcançada?
Posso afirmar que para os bancos, nos últimos dois anos, a taxa de crescimento foi negativa sempre. Os bancos têm diminuído o seu