CARTAS DOS LEITORES
Problemas no futebol
Saudações para todos os escribas deste diário localizado na zona baixa luandense, que se estende também aos outros funcionários desta casa de imprensa. Enquanto o assunto se tratar de desporto, ou futebol em particular, continuarei a emitir a minha opinião até porque é no desporto onde também se desfruta a verdadeira democracia, porque une povos, sem separação de raças ou cor da pele. As outras esferas também permitem o mesmo exercício, razão pela qual fazer referência do desporto não significa que esta área monopoliza o exercício de democracia. O Girabola’2020/2021 tem sido tecnicamente competitivo, porque já lá vão uns anos que não víamos as equipas do interior, ou concretamente do Leste do país, a dar tanta luta pelo título como agora. Até as equipas de meio da tabela e as da parte derradeira da classificação tendem a agigantar-se, quando fazem frente às hipoteticamente invictas na sua trajectória. Tem sido hábito, a luta pelo título a ser repartida a dois: 1º de Agosto e Petro de Luanda, nos últimos tempos, tal como há décadas era entre a TAAG e aquele primeiro inicialmente e depois com o 1º de Maio de Benguela. Mas, pelo que tudo indica, se aquelas equipas que são tidas e achadas como potenciais competidoras e candidatas naturais não se meterem a aprumo, o Sagrada Esperança pode voltar a levar o troféu do Girabola, depois de muitos anos a tentar sem sucesso. Agora, onde parece que a coisa não funciona mesmo é a parte administrativa dos órgãos que superintendem o desporto, realidade que se está a passar com o presente Girabola’2020/21. Cada dia, casos atrás de casos acumulados aos que já lá estão e que não se vislumbra nenhuma solução no fundo do túnel, quando o campeonato corre a passos largos da meta.
Sei que o diferendo relacionado com as últimas eleições na Federação Angolana de Futebol (FAF) não conhece ainda um desfecho por parte do tribunal que está a tratar do caso. Não faz sentido que os tribunais actuem como verdadeiros entraves à realização da justiça desportiva, prejudicando sobre os queixosos e, pior de tudo, beneficiando os presumíveis infractores. O tempo que está a levar o tribunal para lidar com o caso em questão poderá ser quase igual ao de um mandato, facto que leva a perguntar se valerá a pena recorrer a um tribunal que leva o mesmo tempo de mandato para decidir cobre determinadas questões. Será que com esta morosidade toda ainda teremos as questões resolvidas antes do fim do campeonato? A federação que por causa do capricho dos homens continua desguarnecida, porque não tem presidente, só tem tido voz para sancionar, mesmo estando com legitimidade, porque sspara a resolução que é bom, nunca estão para o efeito. Por isso, senhores magistrados, façam-nos o favor de encontrar o veredicto final dos casos ligados ao futebol em particular que estão sob vossa responsabilidade. Não faz qualquer sentido as pessoas, ligadas ou não ao futebol, ganharem, consciente ou inconscientemente, a percepção de que não adianta se recorreraos tribunais porque estes tendem a levar muito tempo a decidir sobre matérias que requeiram alguma celeridade. Até parece que estão a fazer de propósito para fazer o assunto prescrever, levar a parte queixosa a desistir ou permitir que a parte queixada continue a exercer um mandato para o qual não foi legalmente eleita.
LOPES HEBO
Sambizanga