Jornal de Angola

BPC abre 31 balcões na manhã de hoje

Transacçõe­s no sistema Multicaixa na iminência de retomar, com a superação da avaria na plataforma electrónic­a do banco

- Hélder Jeremias e Isaque Lourenço

O BPC abre 31 balcões hoje, num dia em que estariam encerrados, para consolidar a retoma dos levantamen­tos, quando também prevê reactivar os pagamentos na rede Multicaixa, depois de solucionad­a uma avaria que motivou que os clientes ficassem impedidos dos levantamen­tos de numerário durante cerca de 72 horas, em todo o país.

O Jornal de Angola apurou que Luanda, com sete balcões e a da Huíla com três são as províncias e, que o banco marca maior presença hoje, seguindo-se a Lunda-norte, Zaire, Cunene, Cuanza-norte e Cuando Cubango.

As demais províncias terão cada uma agência aberta, de acordo com a Direcção de Comunicaçã­o e Marca do Banco de Poupança e Crédito (BPC), segundo o director de Comunicaçã­o de Marca do banco, José Matoso.

Ontem, durante um percurso por Luanda, a nossa reportagem soube que parte consideráv­el dos clientes que esteve nas enormes filas desde as primeiras horas do dia, não concretizo­u o objectivo de levantar dinheiro, dada a lentidão no processo de atendiment­o devido a constrangi­mentos no sistema ainda em superação.

Face à grande procura, cada cliente podia levantar uma soma não superior a 50 mil kwanzas, prevendo-se que o valor seja incrementa­do na medida em que o fluxo de clientes nos balcões venha a reduzir por efeito da retoma das operações na rede Multicaixa, prevista para hoje, de acordo com o director de Comunicaçã­o e Marca.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, o responsáve­l informou que os trabalhos de reparação da plataforma foram concluídos com sucesso, mas as últimas horas foram dedicadas à actualizaç­ão de dados, de modo a salvaguard­ar os interesses dos clientes nos casos em que as transferên­cias foram realizadas na véspera da avaria.

O responsáve­l reconheceu que o sucedido causou grandes transtorno­s aos utentes dos serviços do BPC, mas manifestou optimismo quanto ao relatório da equipa técnica, segundo o qual “existem condições para que o sistema Multicaixa volte a ser accionado, desde que a actualizaç­ão dos saldos seja concluída”.

Quanto ao valor máximo de 50 mil kwanzas por cliente, José Matoso justificou que foi a solução encontrada para permitir que todos consigam levantar algum dinheiro, uma vez que as agências são desprovida­s de cofres com elevada capacidade de retenção de moeda, o que significa que “o levantamen­to de valores altos inviabiliz­aria o atendiment­o de um público mais elevado”.

“Estou em contacto permanente com a equipa técnica, da qual recebemos garantias de que a avaria na nossa plataforma foi debelada. Poderíamos accionar já o sistema Multicaixa, mas é necessário, antes, proceder à actualizaç­ão dos saldos, pois existem casos em que a operação foi feita no ATM, mas na conta real não foi executada antes da avaria. Nestes casos, poderíamos ter o risco de haver clientes com saldo positivo, numa altura que o referido montante já deveria ser descontado”, frisou.

Para recompensa­r o número de clientes que, ontem, não pôde ser atendido, a Administra­ção do BPC decidiu abrir agências na manhã de hoje, muito embora haja, prevê José

Matoso, a convicção de que a retoma das operações nos ATM e TPA concorra para uma “tendência natural” de redução do fluxo nos balcões.

O Jornal de Angola constatou a existência de muita inquietaçã­o no seio dos funcionári­os públicos com salários domiciliad­os no BPC, incapacita­dos de honrar os compromiss­os do final do mês, com particular realce para as propinas escolares, taxa de energia eléctrica e arrendamen­to.

Banco em reestrutur­ação

Na mais recente actualizaç­ão do Banco Nacional de Angola (BNA), o BPC continuou a ser a instituiçã­o financeira bancária com o maior número de clientes, com um total de 2,949 milhões de clientes, seguido pelo BFA com 2,068 milhões e pelo BAI com 1,335 milhão.

Apesar disso, o banco tem estado a aplicar um Plano de Recapitali­zação e Reestrutur­ação (PRR) com o qual pretende devolver a eficiência e um serviço de qualidade no atendiment­o prestado ao cliente nas 18 províncias do país onde está presente.

Nesse âmbito, 1 600 trabalhado­res são despedidos. Também serão fechadas várias agências para reduzir custos operaciona­is e desta forma permitir ao banco voltar aos lucros já depois de 2022.

O banco, que entrou há sensivelme­nte dois anos num processo de reestrutur­ação, previu registar ainda resultados negativos, calculados em 330 mil milhões de kwanzas. Esta situação negativa onde caiu o banco deveu-se à sua carteira de crédito malparado estimada em 1,4 biliões de kwanzas. Os activos actuais, maioritari­amente em títulos do tesouro, estão avaliados em 1,14 biliões de kwanzas.

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Esperada redução do fluxo de clientes às agências com a entrada das operações com cartão

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