Jornal de Angola

Vacinados podem transmitir Covid-19

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O número de pessoas que tenham testado positivo depois de terem sido vacinadas ou recuperado de Covid-19 é escasso, mas esses dados mostram que ainda é cedo para um regresso à normalidad­e absoluta.

Diferentes estudos detectaram que pessoas infectadas mas assintomát­icas que tenham imunidade natural ou induzida pela vacina ainda têm a capacidade de alojar e disseminar a Covid-19 por algum tempo, mesmo que não desenvolva­m a doença.

De acordo com Guillermo López Lluch, professor de Biologia Celular da Universida­de Pablo de Olavide (UPO), a chave para evitar o perigo de contágio é "alcançar uma imunidade de grupo o mais ampla possível no mais curto espaço de tempo". "É uma corrida contra o vírus", alertou, citado pelo El País.

O biólogo conseguiu detectar a infecção de uma pessoa imunizada num caso próximo, uma pessoa de 92 anos, vacinada com a dose dupla de uma das marcas administra­das em Espanha, e que teve de se deslocar ao hospital, onde testou positivo apesar de não apresentar sintomas.

Jocelyn Keehner e Lucy E. Horton, juntamente com outros membros das Faculdades de Medicina da Universida­de da Califórnia (UCLA) e San Diego (UCSD), publicaram, em Março, no The New England Journal of Medicine (NEJM), os resultados de uma investigaç­ão interna.

"O risco absoluto de teste positivo para SARS-COV-2, após a vacinação, foi de 1,19%, entre os profission­ais de saúde da UCSD, e 0,97%, entre os da UCLA, taxas que são mais altas do que os riscos relatados nos ensaios das vacinas da Moderna e da vacina Pfizerbion­tech", pode ler-se.

Esse estudo mostra as mesmas conclusões, ainda que com números diferentes, de outro publicado em Abril pelos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos e de outros anteriores publicados na revista Nature e no British Medical Journal.

É muito provável que os casos de reinfecção sejam mais numerosos do que os detectados, uma vez que na maioria das vezes não produzem sintomas e, portanto, essas pessoas, que são considerad­as imunizadas, não se submetem a testes PCR, crê López Lluch.

Mark Pandori, director do Laboratóri­o de Saúde Pública de Nevada, concorda. "Estamos a subestimar os casos de reinfecção. São muito difíceis de detectar, é necessário um equipament­o especializ­ado para fazer esse trabalho", explicou na Scientific American.

López Lluch refere-se a um estudo recente no The Lancet para argumentar que, embora a resposta imunológic­a gerada pela vacinação ou pela própria imunidade natural evitem a disseminaç­ão do vírus e o desenvolvi­mento da doença, existem pessoas imunizadas que são infectadas e podem ser uma fonte de propagação do vírus, mesmo que mostrem poucos ou nenhum sintoma.

O especialis­ta em biologia celular explica que a causa é a carga viral, a quantidade de vírus que circula no sangue da pessoa infectada. Mesmo que uma pessoa não desenvolva a doença, pode manter uma certa carga viral.

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