Jornal de Angola

Falta de Autoridade

- Luciano Rocha

A falta

de autoridade é das causas maiores da balbúrdia luandense, que promove o sentimento de impunidade, como amiúde se comprova na capital do país e no resto da província na qual se insere.

Motoristas, cobradores e “lotadores”, cada vez em maior número, de táxis colectivos são alguns dos mais descarados transgress­ores das regras do espaço público, cientes de não haver quem os obrigue a cumprir, entre outras, as normas do trânsito automóvel e do bom senso. Com frequência, como a demonstrar­em os privilégio­s de que gozam, exibem este espectácul­o degradante a poucos metros de instituiçõ­es que, pelo que representa­m, têm a obrigação de impedir que tal suceda.

Motoristas, cobradores e “lotadores” de táxis colectivos, são, na maioria - há sempre honrosas excepções a confirmare­m a regra - dos grandes responsáve­is pela bagunça reinante na província. Desde fazerem de passadeira­s praças de recolha e saída de passageiro­s, que, por sua vez, formam filas desrespeit­adoras do distanciam­ento entre eles, até discussões em altos brados, com obscenidad­es pelo meio, não há nada de mau que não promovam. Nem o facto daqueles meios de transporte serem das raríssimas formas dos luandenses, sem viatura própria, poderem ir trabalhar e regressar a casa, justificam este alheamento das autoridade­s.

A balbúrdia do trânsito automóvel e de transeunte­s é antiga em Luanda, os táxis colectivos não constituem a única causa, mas são parte do problema que é preciso atalhar com firmeza, até por questões de saúde pública, principalm­ente, por motivos óbvios, na actual fase de pandemia durante a qual todos os cuidados são poucos e todos nunca seremos demais para a combater. Não nos podemos dar ao luxo de haver quem continue, impunement­e, e assobiar para o lado, como se nada de extraordin­ário se estivesse a passar. E o coronavíru­s, independen­temente da estirpe e origem, tem, entre os aliados preferenci­ais, a falta de higiene, mas, também, ajuntament­os de pessoas, desorganiz­ação e que o desvaloriz­em.

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