Macron anuncia fim da operação militar francesa no Sahel
Como já havia anteriormente ameaçado, a França anunciou, ontem, a suspensão da “Operação Barkhane” o que significa uma “profunda transformação” da presença militar deste país na região do Sahel
O Presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou, ontem, o fim da Operação Barkhane “na sua forma actual” e a “profunda transformação” da presença militar francesa no Sahel, nas modalidades precisas e com um calendário a ser conhecido nos próximos dias, referiu a AFP.
A Operação Barkhane, lançada em Agosto de 2014, sucedeu à Operação Serval iniciada em Janeiro de 2013 para conter a ofensiva de grupos jihadistas no Sul do Mali. Segundo Emmanuel Macron, esta operação será substituída por uma de “apoio e cooperação com os exércitos dos países da região que o desejem”, naquilo que será uma “aliança internacional de combate ao terrorismo no Sahel. Não podemos garantir a segurança em áreas que caem no caos porque os estados não assumem as suas responsabilidades “, explicou o Presidente francês ao falar à imprensa.
Esta mudança estratégica anunciada por Emmanuel Macron não é nenhuma surpresa, pois estava em equação desde o final de 2020. No início de 2021, antes da cúpula do G5 Sahel em N’djamena, a 15 de Fevereiro, o Presidente francês, sucessivamente, recebeu pessoalmente os homólogos daquela região. A todos expressou o desejo de “reconfigurar” o sistema militar no Sahel, ao mesmo tempo que pretende manter-se empenhado na luta contra o terrorismo, ao lado de vários parceiros internacionais.
Essa reconfiguração poderá passar pela criação de uma unidade especial que terá também a vocação de realizar intervenções estritamente de combate ao terrorismo.
Na ocasião, havia sido planeada uma redução dos recursos humanos alocados.
Confrontado com as preocupações expressas, na altura, pelos parceiros do Sahel, que temiam um período de hesitação no terreno no caso de uma redução do contingente francês, Macron concordou em adiar a programação por alguns meses, convencido em particular pelo envio de 1.200 soldados tchadianos para a zona das “três fronteiras” e o relançamento da aplicação do Acordo de Paz de Argel no Mali.
Inicialmente, o reajuste da Operação Barkhane deveria ser anunciado no final deste mês, durante a Cúpula da Coligação pelo Sahel em Bruxelas. Mas o segundo golpe de Estado em nove meses dado pelo coronel Assimi Goita no final de Maio, em Bamako, mudou a situação e acelerou as coisas. Depois de denunciar um gesto “inaceitável” e declarar que “não pode ficar ao lado de um país onde já não existe legitimidade democrática ou transição”, Emmanuel Macron anunciou, a 3 de Junho, a suspensão temporária das operações militares conjuntas com o Exército do Mali. Uma decisão forte e sem precedentes, que diz muito sobre a percepção francesa do golpe perpetrado por Assimi Goita, agora o novo Presidente da transição do Mali.
Academia de combate ao terrorismo em Abidjan
O Primeiro-ministro ivoiriense, Patrick Achi, e o ministro da Defesa, Téné Birahima Ouattara, ao lado do ministro francês das Relações Exteriores, Jean-yves Le Drian inauguraram, ontem, nos arredores da capital, Abidjan, a Academia Internacional de Combate ao Terrorismo.
O objectivo desta academia é treinar quadros e forças especiais do continente africano com vista a fazer face aos grupos jihadistas que operam na região intensificando os ataques violentos no Sahel.
A operação militar de França na região do Sahel movimentava um total de 5.100 soldados.