Digitalização e preservação dos acervos
Alexandra Aparício alertou para a necessidade do asseguramento da preservação digital dos originais, porque, no seu entender, não devem ser eliminados mas sim preservados
A directora-geral do Arquivo Nacional de Angola defendeu, quinta-feira, em Luanda, a digitalização e preservação digital dos acervos, mas com regras arquivistas adequadas aos distintos tipos de arquivos.
Alexandra Aparício, que falava numa mesa redonda sob o lema “Empoderar os Arquivos”, realizada por ocasião da Semana Internacional dos Arquivos, assinalada de 7 a 11, referiu que a digitalização dos acervos deve respeitar os princípios arquivísticos, realizando-se sempre o tratamento documental antes de dar-se início ao processo de digitalização.
Recordando que a digitalização e a preservação digital é um tema que está sempre em discussão em todos os arquivos a nível mundial, a directora-geral do Arquivo Nacional de Angola alertou para a necessidade do asseguramento da preservação digital dos originais, porque, no seu entender, “não devem ser eliminados mas sim preservados”.
“Devemos garantir que o processo de digitalização e demais procedimentos arquivísticos sejam executados apenas por pessoas de confiança”, defendeu Alexandra Aparício.
A directora-geral do Arquivo Nacional de Angola defendeu, por outro lado, a necessidade urgente de criação de arquivos nos órgãos de soberania do Estado, a nível das autarquias locais e em todas as instituições produtoras de documentos.
No seu entender, as instituições mencionadas devem ter espaços apropriados, para guardar, tratar e conservar os arquivos, correntes ou intermédios, com meios humanos e técnicos apropriados e com conhecimentos, para pôr em prática os procedimentos da gestão documental.
Alexandra Aparício deu ênfase à aprovação, em 2017, da Lei Geral dos Arquivos, legislação que considerou um “marco significativo” para todos os arquivistas e profissionais de arquivo.
A responsável pelo Arquivo Nacional de Angola informou que o regulamento da Lei está em fase final de preparação, para ser aprovada ao mais alto nível.
De acordo com Alexandra Aparício, o regulamento vai garantir uma maior eficiência e dinâmica ao sector dos arquivos e trazer maior responsabilidade e clareza no domínio das competências do Arquivo Nacional de Angola, enquanto coordenador da política arquivística nacional, referente ao Sistema Nacional de Arquivos.
“Este regulamento vai ser um guia orientador para os arquivos e os seus profissionais, porque aborda os procedimentos arquivísticos a ter-se em conta para a gestão documental e o tratamento do património arquivístico nacional”, acentuou Alexandra Aparício.
A directora-geral do Arquivo Nacional de Angola defendeu a formação de jovens na área de arquivo para que tenham entusiasmo pela profissão de arquivista, a fim de haver, cada vez mais, profissionais no sector. Também na mesa redonda esteve o director-geral adjunto do Arquivo Nacional , Francisco Alexandre, que lembrou ter a instituição também a responsabilidade de promover e implementar acções que possam melhorar a qualidade de vida da sociedade.
Francisco Alexandre destacou a importância na sociedade do arquivista profissional de informação, por ser o especialista que cuida e disponibiliza a informação ao cidadão.
Por sua vez, Santos Simão, mestre em Ciências da Documentação e Informação, na especialidade de arquivista, que dissertou sobre o tema “A diversidade e a inclusão dos arquivos”, afirmou que “o arquivo é a alma de uma instituição e impulsiona o desenvolvimento das nossas organizações”.
O mestre em Ciências da Documentação lembrou que, “em algumas províncias, os arquivos provinciais, carecem de alguma estrutura”.
A título de exemplo, o especialista mencionou o Arquivo Provincial da Huíla, cujas condições constatou quando ainda estava a fazer o curso de licenciatura.
“Não consegui consultar nenhum arquivo provincial, porque não havia nenhuma estrutura condigna”, adiantou Santos Simão, que enalteceu o trabalho que, actualmente, o Arquivo Nacional de Angola está a desenvolver com os governos provinciais, no sentido de “emancipar os arquivos provinciais”, no âmbito da sua política de actuação.
Além disso, de acordo com Santos Simão, o Arquivo Nacional de Angola tem dado, também, formação sobre gestão documental, a algumas instituições.
“Uma instituição que conhece e domina os padrões de gestão documental sabe dar resposta às preocupações das pessoas que vêm solicitar um documento”.
A mesa redonda foi realizada pelo Arquivo Nacional de Angola com o objectivo de reflectir sobre o papel dos arquivos e contou com a presença de estudantes e especialistas nas áreas de arquivo e documentação. O Dia Internacional dos Arquivos é assinalado a 9 de Junho.