Há mais de 230 fazendas em estado de abandono
Um total de 238 fazendas, num universo de 554, na província do Bengo, encontramse em estado de abandono, revelou, quinta-feira, a governadora provincial, quando apresentava, ao Presidente da República, o memorando sobre a situação política, social e económica da província.
Mara Quiosa disse recear que este número aumente ainda mais, tendo em conta a não conclusão do levantamento que está a ser feito. Entretanto, a governante ressaltou estar em curso, neste momento, um processo que visa o aproveitamento útil e efectivo deste património.
Antes, disse, vão ser convocos os proprietários dessas fazendas para, junto do governo e do Gabinete Jurídico, regularizarem a situação. “A Lei de Terra é clara. As pessoas têm um prazo específico para dar tratamento aos campos. Não se tendo efectivado, estamos a ver formas de criar mecanismos para que estes patrimónios revertam a favor do Estado”, alertou.
Sem revelar números, o ministro da Agricultura e Pescas, António de Assis, disse que o problema que se regista no Bengo verificase, também, a nível do país. Trata-se de uma questão que se procura corrigir. Informou que decorre um levantamento para se identificar as pessoas, muitas das quais herdaram os espaços.
António de Assis exortou os proprietários dessas fazendas a terem mais amor à Pátria e a pensarem nas novas gerações, entregando tais patrimónios ao Estado, para que lhes seja dado um destino adequado, sem a necessidade de haver querelas ou divisões. “Você tem, hoje, 60 ou 70 anos e está com a fazenda há 30 ou 40 anos sem nunca ter feito nada, não vai ser agora que vai conseguir fazer alguma coisa”, referiu.
Admitiu que parte das fazendas abandonadas possuem produtos “extremamente importantes”, tais como o café e cacau, que poderiam trazer divisas para o país. “Existiram razões? Sim! Mas, no contexto actual, quem não está disponível para trabalhar nelas, contribui, voluntariamente, com o país, entregando-as ao Estado e às autoridades locais, de modo que sejam passadas para pessoas que tenham interesse em trabalhar”, aclarou.
118 cooperativas
Ao todo, 118 cooperativas agro-pecuárias, 20 cooperativas de pesca e 155 associações de camponeses, estão registadas na província do Bengo, informou a governadora. No total, 16.476 pessoas estão inscritas naquelas cooperativas e associações.
Nas últimas três campanhas agrícolas, a província do Bengo registou um crescimento acentuado em termos de produção de frutas, tubérculos e ovos, sendo, neste momento, a maior produtora e exportadora de banana do país.
Segundo ainda a governadora, no Bengo, destacase, também, a exportação, para a África do Sul e alguns países da Europa, de manga, mamão e pitaia.
Sector da Educação
No sub-sistema de ensino geral, a província do Bengo encontra-se num período de procura permanente de soluções para responder ao conjunto de situações que ainda persistem.
Mara Quiosa destacou a insuficiência de professores e auxiliares de limpeza em todos os níveis de ensino, excesso de alunos nas salas de aulas do ensino primário em algumas escolas, atrasos constantes no pagamento de subsídios dos alfabetizadores, falta de energia e água em muitos estabelecimentos de ensino, principalmente no meio rural.
A governadora sublinhou ter havido, entretanto, uma redução significativa do número de crianças fora do sistema de ensino, passando de 16.988, no ano de 2018, para 13.239, em 2020.
A nível superior, a província do Bengo conta com duas instituições de ensino, nomeadamente a Escola Superior Pedagógica (pública), com 2.385 estudantes matriculados neste ano académico, e outra privada, o Instituto Superior Técnico de Angola, com 678 estudantes.
Mara Quiosa revelou estarem quase concluídas as obras das futuras instalações do Instituto Superior Politécnico do Bengo.