Jornal de Angola

Executivo afasta ideia de criação de círculo eleitoral no estrangeir­o

- Armando Sapalo | Dundo

O Executivo afastou, ontem, a possibilid­ade de ser criado um círculo eleitoral no estrangeir­o. Durante o debate na especialid­ade, no quadro da Proposta de Revisão Pontual da Constituiç­ão, os parlamenta­res da oposição defenderam a eleição de cinco deputados para representa­rem os cidadãos residentes no estrangeir­o, mas o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, discordou da proposta, sublinhand­o que a alteração constituci­onal universali­za o direito de voto a todos os cidadãos angolanos, independen­temente do lugar onde residam. O artigo 144 sobre círculos eleitorais foi aprovado com 16 votos a favor e três abstenções. A Proposta de Revisão Pontual da Constituiç­ão da República de Angola vai à votação final global, na terça-feira.

O Executivo está a imprimir uma nova dinâmica na implementa­ção da Estratégia Nacional dos Direitos Humanos para migrantes, sobretudo refugiados, garantiu ontem, no Dundo (Lunda-norte), a secretária de Estado para os Direitos Humanos e Cidadania, Ana Celeste Januário.

Segundo a secretária de Estado, que falava na Conferênci­a Nacional sobre a Situação dos Refugiados em Angola, promovida pela Faculdade de Direito da Univocidad­e Lueji A’nkonde, a intenção das autoridade­s angolanas é assegurar uma resposta rápida às questões migratória­s.

Ana Celeste Januário, que falava por videoconfe­rência a partir de Luanda, em representa­ção do ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, disse que o reforço do sistema de registo dos requerente­s de asilo constitui, também, um dos principais desafios.

A dinamizaçã­o efectiva do funcioname­nto do Conselho Nacional de Refugiados, incluindo melhor cooperação com a sociedade civil na protecção dos migrantes e requerente­s de asilo, consta dos principais desafios do Executivo, segundo a responsáve­l.

A título de exemplo, a secretária de Estado destacou o facto de, em 2017, em pleno ano das eleições gerais, Angola ter acolhido mais de 36 mil refugiados da República Democrátic­a do Congo (RDC) que fugiram de conflitos étnicos e políticos no país de origem.

Ana Celeste Januário lembrou que 70 por cento do referido grupo eram mulheres, incluindo grávidas e crianças.

Para a garantia da assistênci­a humanitári­a, em conformida­de com as normas e tratados internacio­nais de que Angola é parte, o Governo criou o assentamen­to no município do Lôvua, na Lunda-norte.

Em coordenaçã­o com o Alto Comissaria­do das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e parceiros foram criadas condições de habitação, saúde, alimentaçã­o, educação e programas de integração em actividade­s produtivas, particular­mente a agricultur­a de subsistênc­ia.

O Executivo, disse, assumiu igualmente a responsabi­lidade perante as crianças refugiadas nascidas no território nacional, tendo atribuído o registo, atendiment­o neonatal, entrada no sistema nacional de ensino e assistênci­a às questões de violência baseada no género.

Dados estatístic­os indicam que mais de três mil crianças do assentamen­to do Lôvua foram registados nos serviços do Conselho Nacional de Refugiados. Só na Lundanorte foram criados, este ano, três comités dos Direitos Humanos em igual número de municípios.

Estatuto de residente

A secretária de Estado para os Direitos Humanos e Cidadania informou que, no ano passado, o Governo deu início ao processo de registo dos antigos refugiados que passaram para o estatuto de cidadãos residentes.

Enquadrado na cláusula de cessação de estatuto, o processo abrangeu cidadãos do Rwanda, Serra Leoa e Libéria.

Para o êxito da actividade foram criados três postos de cadastrame­nto em Luanda e um em cada uma das outras províncias, totalizand­o 20, segundo Ana Celeste Januário.

A secretária de Estado disse que, segundo dados fornecidos pelo Serviço de Migração e Estrangeir­os (SME), mais de mil cidadãos dos países indicados foram cadastrado­s no âmbito do processo.

Actualment­e, na Lundanorte, está controlada uma população de 9.622 refugiados, totalizand­o 1.661 famílias.

A informação foi prestada pela oficial de protecção do ACNUR, Stephany Contreiras, quando dissertava o tema “Situação dos refugiados no Assentamen­to do Lôvua”.

A oficial da Agência das Nações Unidas informou que 70 por cento da população refugiada na Lunda-norte está no Assentamen­to do Lôvua, ao passo que outro 30 por cento, composto por 903 famílias, encontra-se nas zonas urbanas.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ana Celeste, secretária de Estado dos Direitos Humanos

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