Covid-19 teve “impacto significativo” na deterioração da paz no Mundo
A pandemia de Covid-19 teve um “impacto significativo” nos níveis de conflito e violência no mundo, resultando em mais agitação civil e instabilidade política, de acordo com o Instituto de Economia e Paz (IEP) num relatório.
Segundo a edição de 2021, com dados relativos a 2020, o “Índice Global de Paz” decresceu 0,07%, comparando com o ano anterior, com melhorias identificadas em 87 países e deteriorações em 73.
“A pandemia de Covid-19 teve um impacto significativo no nível de paz em todo o mundo, em 2020”, lê-se no relatório, que refere que os confinamentos e outras restrições ajudaram a diminuir crime violento e homicídio no início, mas os níveis voltaram ao normal. A violência doméstica e os crimes de ódio também aumentaram em todo o mundo, mas conflitos e crimes de ódio parecem ter caído.
“No início da pandemia de Covid-19, houve uma série de indicadores que melhorou, como os crimes, homicídios e instabilidade social, mas voltou a aumentar, incluindo 5.000 manifestações violentas relacionadas com a pandemia, entre Janeiro de 2020 e Abril de 2021, por todo o mundo”, afirmou o fundador e director do IEP, Steve Killelea, numa apresentação para jornalistas.
O empresário e filantropo australiano disse que a pandemia “exacerbou tensões em alguns países” e que, “se a situação económica difícil persistir, é provável que agitação social e a instabilidade política aumentem”.
Portugal desceu uma posição no índice, para quarto lugar, atrás da Islândia, Nova Zelândia e Dinamarca, que usa vários indicadores sobre conflitos a nível nacional e internacional, segurança da sociedade e militarização.
Timor-leste, na 56.ª posição da tabela, Guiné Equatorial (62.ª), Angola (80.ª), Guinébissau (99.ª), Moçambique (103.ª) são os outros países lusófonos incluídos na 15.ª edição do Índice, que cobre 163 países e territórios independentes, equivalente a 99,7% da população. Cabo Verde e São Tomé e Príncipe não estão abrangidos.
O Afeganistão é o país menos pacífico pelo quarto ano consecutivo, seguido pelo Iémen, Síria, Sudão do Sul e Iraque. A Europa é a região mais pacífica, enquanto a América do Norte registou a pior deterioração regional devido à agitação civil e manifestações violentas nos Estados Unidos relacionadas com a conjuntura política, como as eleições presidenciais e protestos anti-racismo.
O relatório identifica ainda a Guiné Equatorial e Timor Leste como estando entre os 10 países com maior risco de registar aumento de violência nos próximos cinco anos, devido ao elevado “Défice de Paz Positiva”.