O reinado de Mandume ya Ndemufayo
Mandume ya Ndemufayo foi o 17º e último monarca do Reino Cuanhama ainda independente. Foi também o líder militar e político da Confederação dos Reinos Ovambos durante as batalhas do Sudoeste Africano, na Primeira Guerra Mundial.
Chegou ao poder em 1911 e o seu reinado durou até 1917, coincidindo, portanto, com o período em que os poderes coloniais português, alemão, sulafricano e britânico se concentraram na ocupação efectiva, pela força, dos territórios de Angola e da Namíbia, conforme exigido pelo "Princípio da Ocupação Efectiva" da Conferência de Berlim.
Mandume ya Ndemufayo impôs aos europeus uma resistência tenaz, enfrentando ao mesmo tempo o avanço dos ocupantes alemães, sul-africanos e britânicos que vinham do Sul, e dos portugueses que vinham do Norte, nos confrontos que ficaram conhecidos como Campanha de Cubangocunene, parte da Campanha do Sudoeste da África.
Conseguiu a façanha de reunir consigo a maioria dos Estados ovambos, formando a Confederação dos Reinos Ovambos, composta pelos reinos Cuanhama e Cuamato, apoiados pelo Reino Evale, pelo Reino Cuambi e tropas do Humbe. As tropas sob o seu comando foram as maiores sob a supervisão de um único homem na Campanha do Sudoeste da África, chegando a 50 mil homens.
Em relação aos alemães, adoptou posição dúbia, recebendo armamentos no início do conflito, e lutando pela sua expulsão no final da campanha militar. Tentou associar-se aos britânicos, porém, acabou por receber um ultimato conjunto da Grã-bretanha e de Portugal, da qual respondeu com uma máxima que tornou-se célebre:
“Meu coração me diz que não fiz nada de errado. Se me ama, eu estou aqui, eles podem vir e podem me tirar daqui. Eu não vou disparar o primeiro tiro, mas eu sou um homem e não um pequeno antílope.
Eu lutarei até que minha última bala termine.” -Mandume ya Ndemufayo
Face à superioridade militar tecnológica dos europeus, acabou vencido. Segundo a tradição oral ovambo, Mandume ya Ndemufayo, ao notar que já não tinha outra saída, preferiu suicidar-se ao ter que se render. O relato oficial sul-africano afirma no entanto que ele foi morto a tiros por um destacamento das forças britânicas-sul-africanas.
Em 2002 foi inaugurado o Complexo Memorial do Rei Mandume, no município de Namacunde, no sul de Angola, no local onde o rei residia pouco antes de sua morte e onde se encontra sepultado. Nas proximidades de Vinduque, foi erguida uma lápide simbólica para ele no memorial Acre dos Heróis, um local onde enterramse figuras importantes para a história dos povos da Namíbia.
Mandume ya Ndemufayo nasceu em 1894 no Sul de Angola, e morreu a 6 de Fevereiro de 1917.