“Tem sido uma boa experiência”
Nascido em Luanda,
mas com origens no Uíge, António Félix Kimbambi, 25 anos, é professor há quatro anos. Formado na Escola de Professores do Futuro (EPF) da ADPP no Cuanza-norte, há dois anos assentou arraiais no centro de refugiados do Lôvua, onde dá aulas de Geografia e História aos alunos da 5ª e 7ª classes.
Antes do Lôvua, Kimbambi, tão longo terminou a formação, leccionou durante um ano na EPF do Cuanza-norte. No segundo ano, trabalhou na agregação pedagógica dos professores sem formação para o efeito, no sentido de melhorar a qualidade do ensino em alguns municípios do Cuanzanorte. “E, desde 2019, que dou aulas no assentamento de refugiados do Lôvua”, disse.
Longe da família, António Félix Kimbambi garante estar a viver “uma boa experiência” no assentamento do Lôvua. Admite ter vivido seis meses dramáticos no primeiro ano no centro, devido a alguns conflitos provocados pelos refugiados que pretendiam regressar à RDC.
Conta que, durante esses conflitos, os professores eram o principal alvo, na medida em que os refugiados pensavam que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) não os deixava regressar pelo facto das crianças estarem a estudar.
Sob risco de serem vítimas de agressão, os professores foram obrigados a parar com as actividades lectivas. “Esta era uma forma de pressionar o ACNUR a deixá-los regressar. Foi complicado, mas também foi uma boa experiência. Tivemos de ser fortes, sentar, conversar com os refugiados e permanecemos aqui até hoje”, conta.
A língua tem sido um obstáculo no processo de ensino. “Tem sido difícil ensinar alguém que não fala o português”, reconhece.
O jovem professor tem sido dinâmico. Para facilitar o processo de ensino, tem contado com o apoio daqueles alunos que entendem o português que, depois explicam aos restantes colegas em lingala, tshiluba e cokwe, fazendo com que compreendam a matéria.
“Na 5ª e 7ª classes, os alunos, por serem mais crescidos, conseguem entender um pouco o português. Já nas classes iniciais, ou seja, da 1ª a 5ª classe, os alunos não sabem falar o português”.