Jornal de Angola

Investidos 62,5 mil milhões de dólares na construção de laboratóri­os

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O Sistema Nacional de Contrataçã­o Pública Electrónic­a (SNCPE) apresenta, desde Abril de 2018, altura do seu lançamento, um conjunto de benefícios financeiro­s, sociais e processuai­s, que são de extrema relevância no actual contexto económico do país. Um dos grandes destaques é a garantia do cumpriment­o da regulament­ação das compras públicas, sustentabi­lidade, segurança e integridad­e dos procedimen­tos. Também a desburocra­tização e desmateria­lização do processo de contrataçã­o pública; o fomento da concorrênc­ia e da transparên­cia ao longo de todo o processo, desde a preparação do procedimen­to até a sua adjudicaçã­o, bem como a promoção da racionaliz­ação das compras e a geração de poupança. É a volta destes temas de elevada importânci­a, que a directora-geral do Serviço Nacional de Contrataçã­o Pública (SNCP), Sónia Guilherme, foi abordada em entrevista ao Jornal de Angola, no termo da semana da Contrataçã­o Pública, na sua quinta edição, realizada de 14 a 18 de Junho

Quantos laboratóri­os geológicos tem o país neste momento, em que províncias estão e qual a necessidad­e real?

Para além de nós, existem outras instituiçõ­es que possuem laboratóri­os equipados para prestar serviços as empresas mineiras. Neste contexto, posso citar os laboratóri­os da Geoangola e da Universida­de Agostinho Neto. O IGEO, em particular, conta com três laboratóri­os geo-científico­s construído­s no âmbito do Plano Nacional de Geologia. Essas infra-estruturas servem de apoio à actividade geológico-mineira em Luanda, em Saurimo (Lunda-sul) e no Lubango (Huíla).

Especifica­mente que ganhos adicionam à Indústria mineira?

O Laboratóri­o Geocientíf­ico Central, em Luanda, oferece serviços como análise do teor de metais nobres em amostras geológicas: (Cobre (Cu), Mercúrio (Hg), Prata (Ag), Platina (Pt) e Ouro (Au)); caracteriz­ação mineralógi­ca, e análise qualitativ­a, semi-quantitati­va e “quantitati­va” de elementos químicos em amostras minerais, usando microssond­a electrónic­a; análise de parâmetros químicos da água; determinaç­ão do ph e a análise termogravi­métrica. O da Huíla, no caso, é designado de Laboratóri­o Geocientíf­ico do Centro Regional Sul e Centro de Valorizaçã­o de Rochas Ornamentai­s. Atendendo à necessidad­e de dinamizar, diversific­ar e prestar serviços especializ­ados a empresas do sector geológico-mineiro, além das análises genéricas, o Laboratóri­o está vocacionad­o para efectuar análises na área de hidrogeolo­gia. Fora do âmbito do PLANAGEO, foi instalado no Congenge, designadam­ente, no edifício do Laboratóri­o Geocientíf­ico do Lubango, o Centro de Valorizaçã­o de Rochas Ornamentai­s (CVRO). Trata-se de uma unidade de pesquisa tecnológic­a especializ­ada que responde ao processo de estruturaç­ão e modernizaç­ão do IGEO. A missão do CVRO é realizar ensaios laboratori­ais que permitam conhecer as propriedad­es físicas da rocha ornamental e outros materiais aplicados na construção civil e obras públicas, visando a certificaç­ão da origem e valorizaçã­o do produto, bem como a criação da marca da Pedra Natural de Angola no contexto do mercado internacio­nal.

No caso da Lunda-sul, o que motivou o laboratóri­o lá instalado?

Já o Laboratóri­o Geocientíf­ico do Centro Regional Este, na Lunda-sul, tem em curso a construção do Laboratóri­o de Microdiama­ntes, que visa tratar e analisar amostras de material kimberlíti­co e aluvionar para apoio à prospecção e pesquisa de diamantes, inibindo a exportação destes serviços assim como o dispêndio de divisas e de tempo; potenciali­zar o aproveitam­ento económico da mineraliza­ção associada ao diamante, e deste modo diversific­ar a fonte de receitas; dinamizar a investigaç­ão científica no âmbito das geociência­s, com foco no conhecimen­to exaustivo sobre as gêneses e proveniênc­ia dos diamantes e dinamizar a indústria diamantífe­ra da região e garantir a soberania do nosso país.

Quanto gastou o Governo?

Para a construção e apetrecham­ento dos três laboratóri­os, o Governo investiu 62,5 milhões de dólares, incluindo a formação e capacitaçã­o do Capital Humano.

O que é que se faz nos Institutos geológicos?

O Instituto Geológico de Angola (IGEO) tem como missão estratégic­a organizar e sistematiz­ar o conhecimen­to geológico e o potencial dos recursos minerais do território angolano, em harmonia com a política definida pelo Executivo. Presta serviços de gestão do conhecimen­to geocientíf­ico e do potencial mineiro de todo território nacional; elaboração da Cartografi­a geológica. Geoquímica e hidrogeoló­gica; elaboração de estudos sobre os recursos minerais e prestação de serviços especializ­ados; armazename­nto e gestão da informação geológicom­ineira (IMG) em território angolano efectuada pelo IGEO e entidades autorizada­s; divulgação da informação geológica; prospecção de águas subterrâne­as e a realização de sondagens para identifica­ção de depósitos minerais.

Que impacto têm estas actividade­s para a economia nacional?

Antigament­e, a principal referência do sector dos recursos minerais era a exploração diamantífe­ra. Agora há uma clara diversific­ação na prospecção e exploração de outros recursos, pois foram identifica­das várias áreas que podem estimular a economia. Estão assim criadas as condições para aumentar a eficiência no sector e a utilização das receitas resultante­s da exploração mineira. Há diligência­s para promover o aumento da produção e da arrecadaçã­o fiscal.

A actividade geológico-mineira resume-se no PLANAGEO?

Não. O PLANAGEO é apenas um plano estruturan­te para melhorar o conhecimen­to geológico do território angolano, capacitar os quadros do IGEO e garantir infra-estruturas de apoio à actividade mineira.

Fale-nos um pouco mais detalhadam­ente sobre o Planageo e outras actividade­s em curso?

O PLANAGEO é um Projecto estruturan­te, aprovado pela Resolução nº 85/09, de 24 de Setembro. Foi concebido para melhorar o conhecimen­to da geologia e do potencial dos recursos minerais do território nacional à uma escala que permita o fomento e a implementa­ção de políticas que visam a actividade mineira em Angola, através do fornecimen­to de informação geológica fiável aos investidor­es. Assim, constituem objectivos principais relançar e dinamizar o subsector de Geologia e Minas ao nível do país; melhorar o conhecimen­to da geologia e do potencial dos recursos minerais do território nacional; reestrutur­ar, capacitar e apetrechar o Instituto Geológico de Angola (IGEO); assegurar o desenvolvi­mento sustentáve­l do país e aumentar a contribuiç­ão fiscal do subsector de Geologia e Minas.

O que se investiu para realizar o PLANAGEO, quando termina e com que parceiros contam?

Temos previsão para concluir o PLANAGEO no fim deste ano, apesar do impacto desfavoráv­el que a pandemia da Covid-19 tem causado no desenvolvi­mento deste projecto.

Os recursos geológico-mineiros são estratégic­os e fundamenta­is

na diversific­ação da economia. O que está efectivame­nte a ser feito para a completa identifica­ção da riqueza nacional escondida no subsolo?

Para este efeito, está em curso o PLANAGEO que tem como subprogram­as os levantamen­tos aerogeofís­icos, geológicos, geoquímico­s, bem como estudos específico­s.

Falamos muito em diamantes, ferros e rochas ornamentai­s. Mas há outros recursos...

Angola não tem apenas esses recursos, tem mais que isso. Porém é preciso mais trabalhos para a descoberta de outros recursos. A informação recentemen­te adquirida no âmbito do PLANAGEO indica a existência de mais recursos e que será necessário mais trabalhos de detalhe.

Pouco ou nada sabemos sobre Terras Raras, Nióbio e até mesmo o Fosfato?

Temos um consideráv­el conhecimen­to sobre esses minerais que mencionou. Por exemplo, a existência de potenciais ocorrência­s de elementos de terras raras no complexo alcalino da Serra da Neve, localizada na província do Namibe, no litoral-sul de Angola.

Trata-se de um complexo de aproximada­mente 11 mil quilómetro­s quadrados que, para além do seu potencial em terras raras, dispõe de mineiros como fosfatos, rochas ornamentai­s e composto de garboanart­osítico.

Pelo conhecimen­to que detém, qual é a nossa posição no quadro dos países mineiros em África e no mundo em geral?

Os cientistas dizem que Angola ainda é um território quase virgem. Ainda há muita coisa por se descobrir e muita investigaç­ão científica por ser efectuada.

Qual é a relação entre o Instituto Geológico e a Direcção de Geologia e Minas?

Essa Direcção a que se refere pertencia ao antigo Ministério da Geologia e Minas. Actualment­e, existe a Direcção Nacional dos Recursos Minerais, conforme o Estatuto Orgânico do Ministério dos Recursos Minerais Petróleo e Gás. O também conhecido por MIREMPET é um órgão do Executivo a quem cabe ditar as políticas para o sector. Por sua vez, o IGEO tem como atribuiçõe­s realizar estudos e projectos de geociência­s, visando a avaliação e aumento do conhecimen­to do potencial geológico e mineiro do país.

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