Jornal de Angola

AIA propõe sete por cento do IVA

- Isaque Lourenço

O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, instou, recentemen­te, em Luanda, a Administra­ção Geral Tributária (AGT) a rever a taxa de 14 por cento cobrada no Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA), propondo uma redução para sete.

No entender do industrial, a estrutura económica do país e de seus empresário­s não suporta a contribuiç­ão actual e pode ser causa da falência de muitas empresas, que são ao mesmo tempo consumidor­es de bens e serviços sujeitos à tributação em sede do IVA.

Segundo referiu, o baixo poder de compra e a alta inflação fazem com que o cidadão consuma menos e os preços sejam mais elevados também face à reduzida oferta e subida da procura.

José Severino diz ser necessário estimular-se o consumo das famílias e, nesta equação, os impostos têm de ser mais amigo dos contribuin­tes.

Nas jornadas comemorati­vas dos 10 anos da Reforma Tributária, que encerrou quinta-feira última, na Escola Nacional de Administra­ção e Políticas Públicas (ENAPP), o líder da AIA critica um certo elitismo no "modus operandi" da Administra­ção Geral Tributária (AGT) ao que advoga ser preciso eliminar para melhor atender o cidadão-contribuin­te.

O actual peso de 23 por cento que tem o IVA na receita global do imposto não petrolífer­o não faz recuar José Severino, pois entende ele que as consequênc­ias são maiores que os benefícios até aqui alcançados.

Na sua intervençã­o à margem das sessões de debate, o industrial recorreu a história para apontar o sucesso na arrecadaçã­o fiscal com uma maior aproximaçã­o entre o contribuin­te e a autoridade tributária.

Nesse sentido, José Severino é dos que apoia a entrada de um Imposto Único, que seja para simplifica­r a presença e as contas de que precisa fazer o cidadão à AGT.

Ordem dos Contabilis­tas

Por sua vez, o bastonário da Ordem dos Contabilis­tas e Peritos Contabilis­tas de Angola (OCPCA), Manuel Ribeiro Sebastião, disse, na ocasião, que os profission­ais de contas no país ainda são insuficien­tes para tamanho desafio de melhorar a arrecadaçã­o fiscal por via de maior transparên­cia nas contas das empresas.

Sobre a revisão da taxa de IVA, Manuel Ribeiro entende ser preciso um estudo rigoroso para aferir o impacto deste imposto nas finanças dos cidadãos, das empresas e do Estado.

Todavia, sugere que a máquina fiscal seja menos burocrátic­a e mais próxima do contribuin­te para que a receita arrecadada possa representa­r o valor mais próximo das expectativ­as das autoridade­s.

Na sua intervençã­o num dos painéis, o bastonário pediu que a AGT reduza o que chamou de mais de 200 contas que baralham até contabilis­tas e peritos.

Conforme entende, o Estado por ser uma entidade de bem, deve tudo fazer para proteger os direitos e garantias dos cidadãos e não permitir que os impostos possam ser uma via de violação do que lhe é constituci­onalmente consagrado.

Recorde-se que no encerramen­to das jornadas dos 10 anos da Reforma Tributária, o presidente do Conselho da Administra­ção Geral Tributária (AGT), Cláudio Paulino dos Santos, fez saber da intenção de avançar-se, em breve, com o Imposto Único, iniciando-se no Imposto Predial. A AGT já inovou ao tornar o número do Bilhete de Identidade como o Número de Identifica­ção Fiscal (NIF).

O actual peso de 23 por cento que tem o IVA na receita global dos impostos não petrolífer­o não faz recuar José Severino, pois entende que as consequênc­ias são maiores que os benefícios

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO José Severino participou, de 15 a 17, nas jornadas da AGT

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