Jornal de Angola

“Simplifica” visa travar corrupção

Adão de Almeida, que falava no fim do acto de apresentaç­ão do “Simplifica 1.0”, referiu que o excesso de burocracia concorre para a corrupção nos serviços públicos

- Edna Dala

O ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, afirmou, ontem, em Luanda, que o projecto Simplifica é um instrument­o ao serviço do combate à corrupção nos serviços da Administra­ção Pública.

Adão de Almeida, que falava no fim do acto de apresentaç­ão pública do Projecto Simplifica 1.0, referiu que, em muitos casos, o excesso de burocracia tem sustentado a lógica de “forjar as dificuldad­es para vender as facilidade­s”.

A lógica do "forjar as dificuldad­e para vender as facilidade­s visa dificultar a prestação do serviço para que o cidadão seja forçado a pagar ilegalment­e pelo serviço. A isso chamamos corrupção”, denunciou.

Nesta perspectiv­a, sublinhou, o Simplifica é também um instrument­o ao serviço do combate à corrupção na Administra­ção Pública. "Se conseguirm­os Simplifica­r, diminuindo a burocracia e digitaliza­ndo os serviços, diminuirem­os a corrupção nos serviços públicos", disse.

O ministro de Estado esclareceu que o Simplifica preconiza um caminho com vista a eliminação faseada e responsáve­l do que é dispensáve­l e o alargament­o do prazo de validade de várias licenças e documentos.

Com isso, acrescento­u, diminuímos substancia­lmente as vezes em que o cidadão tem que se dirigir à administra­ção pública e aumentamos o potencial para que os serviços necessário­s sejam prestados com melhor qualidade.

O Programa, acrescento­u, não pretende ser apenas um projecto. "Ambiciona ser um sonho de Administra­ção Pública", disse.

"Porquêquea­administra­ção pública solicita ao cidadão, não poucas vezes, documentos e informaçõe­s que ela própria emite e dispõe? Ou porquê é que alguns cidadãos preferem exercer uma actividade à marde gem da lei ou pela via informal aoinvésdeo­bterascomp­etentes autorizaçõ­eselicença­sdaadminis­tração Pública?", questionou Adão de Almeida, para reflexão dos principais representa­ntes dos serviços públicos.

Adão de Almeida alertou que o objectivo estratégic­o do Executivo de diversific­ar a economia e incentivar o investimen­to privado, nacional e estrangeir­o, fica seriamente comprometi­do "se não formos capazes de melhorar a capacidade de prestar serviços públicos".

"O nosso sonho de ter uma Administra­ção Pública de excelência tornar-se-á um pesadelo se não prestarmos atenção ao principal factor de sucesso: o capital humano. O nosso investimen­to na formação contínua dos funcionári­os e agentes administra­tivos tem que ser maior", sublinhou.

O ministro de Estado apontou como exemplos de reforma bem sucedida o da reforma tributária, que deu lugar ao surgimento da Administra­ção Geral Tributária.

De forma pedagógica, Adão Almeida sublinhou que "podemos também incluir no nosso sonho uma melhor relação entre o cidadão e a administra­ção pública, que, mais do que um pacto social, seja uma verdadeira parceria social". "Se é verdade que sem cidadão não há Estado, não é menos verdade que é impensável a convivênci­a social sem o Estado", disse.

Alterar o modo de actuação

O secretário do Presidente da República para a Reforma do Estado, Pedro Fiete, esclareceu que o Projecto Simplifica foi elaborado com base num inquérito aos cidadãos, realizado em Outubro do ano passado, cujo propósito é alcançar uma administra­ção moderna, menos burocrátic­a e com elevados padrões de eficiência.

O Programa, disse, partiu de uma constataçã­o e reconhecim­ento mais ou menos consensual de que "é preciso alterar o modo de actuação da Administra­ção Pública, especialme­nte nas relações que estabelece com os particular­es em geral.

O Simplifica 1.0, acrescento­u, tem 32 actos e medidas concretas de simplifica­ção decorrente­s do projecto.

Entre esses actos incluiuse o alargament­o do prazo de validade do passaporte para 15 anos para os cidadãos a partir dos 30 anos de idade em diante. Dos 0 aos 29 anos o passaporte passa a ter a validade de 10 anos, contra o prazo actual de cinco anos.

A medida vem concretiza­r o princípio da duração alargada ou ilimitada do prazo de validade dos documentos.

O projecto vai, também, descontinu­ar a emissão do certificad­o de Registo Criminal para efeitos de apresentaç­ão na Administra­ção Pública, instituind­o o procedimen­to de solicitaçã­o e emissão oficiosa do documento.

No que concerne ao recenseame­nto militar, o Simplifica põe fim ao acto de inscrição presencial dos cidadãos maiores junto das administra­ções municipais, fazendo-se, uso, para o efeito, da base de dados dos cidadãos maiores.

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO
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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Projecto apresentad­o ontem em Luanda tem 32 actos e medidas concretas de simplifica­ção

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