Greve dos funcionários pára acção parlamentar
Os funcionários administrativos da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe iniciaram, ontem, uma paralisação “por tempo indeterminado” em protesto contra o que afirmam ser “uma quebra de salário”, que pode atingir os 75 por cento, em função das categorias.
Em causa estão as medidas previstas num projecto do Governo são-tomense, chefiado por Jorge Bom Jesus, de reajuste salarial na Administração Pública, entregue ao Parlamento para discussão e aprovação.o projecto prevê a redução dos salários mais altos praticados em toda a Função Pública e empresas estatais para reajustar aos mais baixos, sem encargos para o Orçamento Geral do Estado.
“Essa quebra de salário vem em prejuízo dos funcionários da Assembleia Nacional porque, de acordo com esta proposta de reajuste salarial, haverá uma redução do salário de 50 até quase 75 por cento, em função das categorias individuais de cada um”, disse à Lusa Florêncio Noronha, presidente do Sindicato dos Funcionários Parlamentares e dos Órgãos Autónomos (SFPOA).
A paralisação dos funcionários parlamentares já teve como consequência imediata o adiamento dos trabalhos do Parlamento Infantil, que deveriam arrancar ontem, bem como dois encontros das comissões especializadas com as forças militares e para-militares.
O dirigente sindical referiu, ainda, que a paralisação “foi o único recurso encontrado”, depois uma série de negociações falhadas com o presidente do Parlamento, Delfim Neves, com o secretário-geral, os grupos parlamentares da Acção Democrática Independente (ADI), do Partido da Convergência Democrática (PCD) e o Conselho de Administração da Assembleia Nacional.
“Com o grupo parlamentar do MLSTP-PSD não foi possível falarmos até hoje, porque sempre se recusaram, alegando que não tinham tempo”, lamentou Florêncio Noronha.