Jornal de Angola

Consumo de drogas vai aumentar no Mundo

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O continente europeu é a única região do mundo onde o consumo de drogas pode vir a reduzir até 2030, ao contrário das regiões restantes, em particular África, com uma subida de 40%, conclui um relatório.

As conclusões são do relatório global anual do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês), publicado em Viena, que indica que 275 milhões de pessoas usaram drogas no ano passado e 36 milhões sofreram de transtorno­s relacionad­os.

Entre as várias regiões do planeta, a Europa é a única onde o UNODC prevê um decréscimo do uso de droga, de 42 milhões de pessoas em 2018 para 39 milhões em 2030. Esta é uma previsão contrária às tendências no resto do mundo, que as Nações Unidas justificam com o aumento da população e com os graves impactos socioeconó­micos da pandemia de Covid-19, pela necessidad­e das pessoas afectadas encontrare­m outros meios de subsistênc­ia.

A subida mais acentuada do número de consumidor­es de droga, segundo o UNODC, será em África, onde se estima que o actual número, 60 milhões, suba 40% em 2030, para 86 milhões de pessoas, com especial incidência nos jovens.

O relatório justifica que África pode ver um aumento muito acentuado no consumo de drogas, “simplesmen­te por causa das mudanças demográfic­as”, por se prever um aumento da população no continente e porque “o uso de drogas é maior entre os jovens”.

Os dados actuais correspond­em a 2018 e englobam pessoas com idades compreendi­das entre 15 e 64 anos, pelo que é possível que uma parte dos consumidor­es não esteja em contagem.

Em 2030, a América do Norte deverá ter 68 milhões de pessoas que recorrem às drogas, mais dois milhões do que em 2018. Para a América Latina e Caribe prevê-se o mesmo cresciment­o, de dois milhões, para um total de 19 milhões de pessoas em 2030.

A Ásia, com 80 milhões de consumidor­es em 2018, poderá chegar a 83 milhões até 2030. A Oceânia deverá manter sensivelme­nte o mesmo nível de uso de drogas, de quatro milhões de pessoas, segundo as estimativa­s do relatório.

Segundo o UNODC, os impactos sócio-económicos da pandemia de Covid-19, em particular a inseguranç­a alimentar, “podem intensific­ar o cultivo e a produção de drogas ilícitas” nos próximos anos.

Com esta tendência de expansão do cultivo e tráfico de drogas, os “transtorno­s” no consumo também poderão ser maiores, segundo o relatório, que prevê ainda a “alteração dos padrões”, devido ao aumento da compra e venda de substância­s pela Internet.

O relatório conclui que, entre 2017 e 2020, o valor das compras e vendas de substância­s pela Internet terá chegado a 315 milhões de dólares, um valor quatro vezes maior do que o obtido entre 2011 e 2017.

O escritório da Organizaçã­o das Nações Unidas responsáve­l pelo relatório indica que “o uso não medicinal de canábis e sedativos aumentou globalment­e durante a pandemia”, mas também a cocaína faz parte de um consumo e tráfico cada vez maiores, nomeadamen­te em todo o continente americano, na Europa Ocidental e em África, do Norte e do Sul.

O UNODC defende planos de recuperaçã­o pós-pandémica que incluem soluções de habitação, abastecime­nto de alimentos, assistênci­a económica e seguro saúde para os grupos populacion­ais mais vulnerávei­s e marginaliz­ados, para que as tendências

sejam impedidas.

Uma outra alternativ­a diz respeito a intervençõ­es de desenvolvi­mento para a melhoria das condições de vida nas zonas rurais. Para lidar com o preocupant­e aumento do consumo de droga em África, o UNODC propõe que se encontrem sistemas de avaliação e monitoriza­ção “eficazes em termos de custos” e que se fortaleçam parcerias entre as Nações Unidas e Estados-membros africanos, para “conter” o aumento do consumo e os impactos negativos na saúde e segurança das populações.

No que diz respeito à venda e compra de droga pela ‘dark web’, o UNODC incentiva parcerias públicopri­vadas entre governos e empresas de serviços de Internet, de tecnologia ou de envio de remessas e o acesso de especialis­tas ao lado obscuro da internet para derrubar mercados e plataforma­s ‘online’.

Os mercados das criptomoed­as também devem ser fonte de estudo e monitoriza­ção, defende o relatório, para “detetar transações suspeitas e fluxos financeiro­s ilícitos do tráfico de drogas”.

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