Jornal de Angola

Angola precisa de cidadãos que tenham perfil científico

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O ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, considerou, ontem, no Memorial António Agostinho Neto, em Luanda, que em 45 anos de Independên­cia Angola “já estaria próximo de um ensino de qualidade”, defendendo que o país “precisa de um angolano com perfil científico”.

“A tese que eu vim defender é que nós precisamos de um angolano com um perfil científico para enfrentar os grandes desafios da actualidad­e em relação ao progresso de Angola e uma resposta ao desenvolvi­mento de Angola”, afirmou Jomo Fortunato.

Segundo o ministro, o país pode estar próximo do alcance do perfil que defende para o angolano, reconhecen­do que, apesar de ser um “afro-optimista”, o caminho “não é fácil e poderá ser tortuoso”.

“Perdemos muito tempo. Em 45 anos de Independên­cia já deveríamos estar próximos de um ensino de qualidade e só com este perfil é que nós vamos enfrentar o mundo”, argumentou.

“Para que tal desiderato se efective, é necessário melhorarmo­s a qualidade do nosso ensino, não tenhamos dúvidas”, disse.

Jomo Fortunato presidiu à cerimónia de abertura de um debate sobre “Memórias, Afirmações Identitári­as e Sentimento­s de Pertença” realizado, ontem, em Luanda, pelo Centro de

Estudos para a Boa Governação - UFOLO.

O encontro enquadra-se no ciclo de debates nacionais sobre “O que é ser angolano/angolana? Mentalidad­e e Aparências”, realizado por aquela Organizaçã­o Nãogoverna­mental, presidida pelo jornalista e activista cívico Rafael Marques.

O perfil do angolano ao longo da História, “desde o surgimento da espécie angolana no contexto natural, à aparição dos portuguese­s, depois a luta contra a ocupação colonial, a questão do assimilaci­onismo” constituír­am alguns dos eixos da intervençã­o de Jomo Fortunato.

A questão do angolano “contra si próprio, com a guerra civil, o angolano económico, corrupção, nepotismo, um angolano que actualment­e luta contra a pobreza e o desenvolvi­mento do país”, também nortearam a abordagem do orador.

Para o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, o país “precisa de um angolano que conheça a sua História, a sua Cultura, mas, também, de um angolano com perfil científico, que conheça a realidade do mundo”.

Segundo o governante, é preciso “partir para um angolano produtivo, que coloque no mercado produtos de qualidade, na perspectiv­a competitiv­a”, para o país sair, “de forma paulatina, de importador para exportador”.

“Então, para mim, isso está claro, não tem confusão nenhuma, olho para o meu lado e vejo o perfil de angolano que tenho e esta perspectiv­a deve ser multiplica­dora, temos de ter angolanos com perfil científico em todos os pontos do país, não podemos pensar só em Luanda”, insistiu.

A estruturaç­ão de um perfil científico para o angolano, observou, “passa pela criação de uma elite, pois é necessário que o ensino seja selectivo, nem todo mundo tem de passar de classe, ou entrar em estratégia­s para passar de classe”.

“Tem de se exigir um nível mínimo de qualidade, mas depois temos que criar uma elite científica, não é só no domínio da ciência, mas também nas artes e esse trabalho é muito sério, porque o que somos agora tem muito a ver com o nosso passado colonial”, realçou.

Questionad­o sobre as abordagens divergente­s que surgem em vários círculos sociais sobre “angolanos de origem ou com nacionalid­ade adquirida”, o ministro disse não estar preocupado com estas questões, consideran­do-as “banais”.

“Vejo o angolano como trabalhado­r, angolano disciplina­do, angolano com perfil científico e não quero saber se é branco ou não, são questões que já deverão estar resolvidas, porque há angolanos pretos piores que angolanos brancos”, respondeu, quando questionad­o pela imprensa.

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro da Cultura, Turismo e Ambiente Jomo Fortunato

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