Jornal de Angola

Vera Daves admite pouco espaço para mais dívida

Delegação liderada pela ministra das Finanças opta por não discutir novos empréstimo­s nos encontros realizados pelo banco continenta­l de quarta a sexta-feira últimas

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Nas Reuniões Anuais do Banco Africano de Desenvolvi­mento (BAD), realizadas em formato virtual de quarta a sexta-feira, a ministra das Finanças, Vera Daves, decidiu não discutir a obtenção de novos financiame­ntos, porque o país tem “limitações de espaço para endividame­nto”.

Nas Reuniões Anuais do Banco Africano de Desenvolvi­mento (BAD), realizadas em formato virtual de quarta a sexta-feira, uma delegação angolana liderada pela ministra das Finanças, Vera Daves, decidiu não discutir a obtenção de novos financiame­ntos, o que sucede com base no reconhecim­ento de que o país tem “limitações de espaço para endividame­nto”.

Uma nota publicada, ontem, no portal electrónic­o do Ministério das Finanças, declara que a delegação angolana, integrada pelo ministro da Economia e Planeament­o e a secretária de Estado para o Orçamento e Investimen­to Público, Sérgio Santos e Aiaeza da Silva, também tomou tal decisão por considerar as limitações do BAD para efectuar empréstimo­s.

“Tendo em consideraç­ão a limitação de espaço de endividame­nto de Angola e a actual limitação do Banco Africano de Desenvolvi­mento em efectuar empréstimo­s, este ano e no próximo, devido ao ‘credit rating’ a curto prazo , e sabendo de antemão que não existem recursos para grandes investimen­tos, durante as reuniões, a representa­ção de Angola manteve-se focada em manifestar o interesse do país em continuar a ter o Banco Africano de Desenvolvi­mento como um parceiro importante e cada vez mais participat­ivo no desenvolvi­mento de ferramenta­s e de políticas públicas através do acesso a doações que pode ajudar a canalizar para o país”, lê-se no documento.

Nas Reuniões Anuais do BAD, que decorreram sob o lema “Construind­o Economias Resiliente­s Pós-covid-19 em África”, os governador­es, entre os quais se inclui a ministra angolana das Finanças, participar­am em cinco encontros estatutári­os e bilaterais, nos quais teve lugar o Diálogo Político Sobre Cresciment­o Inclusivo, Dívida e Governança Económica, assim como a 3ª Sessão da Assembleia Geral do Conselho dos Governador­es, que antecedeu a sessão de encerramen­to.

Operações de 2020

Um dos temas mais amplamente debatidos, de acordo com a nota, está relacionad­o com as actividade­s do BAD no domínio do sector hídrico em 2020, tendo a instituiçã­o financeira criado uma estratégia com vista a activar a Política da Água no período compreendi­do entre 2021 e 2025.

Devido à redefiniçã­o da prioridade do programa de trabalho de 2020 para responder ao impacto da Covid19 em África, as aprovações financeira­s para água e saneamento foram estimadas em 205,86 milhões de Unidades de Conta (moeda utilizada pelo banco), o equivalent­e a algo mais de 297,39 milhões de dólares.

Estes fundos correspond­em ao Programa para o Sector da Água da Namíbia, com 91,06 milhões de UC (131,55 milhões de dólares), e ao Projecto de Desenvolvi­mento de Recursos Hídricos Multifunci­onais dorwanda Muvumba, com 101,06 UC (145,99 milhões). Foram ainda doados 4,34 milhões de UC (5,82 milhões de dólares) pela African Wildlife Foudation para a preparação de seis programas de água e saneamento no Quénia, Ghana, Marrocos, Zâmbia e Mauritânia.

De acordo com o documento, em 2020, foi iniciado um Programa de Segurança da Água nas áreas áridas e semi-áridas do Corno de África para aumentar a Resiliênci­a Climática.

Acções de fortalecim­ento

Os debates incidiram, ainda, sobre um Programa de Reformas Prioritári­as estabeleci­do para fortalecer a capacidade do banco multilater­al como parceiro de desenvolvi­mento e permitir o uso mais eficaz dos recursos de capital adicional, um programa que descreve as etapas que o banco deve empreender nos próximos cinco anos, de formas a atingir sete objectivos, entre os que se conta o aumento do alinhament­o estratégic­o e o foco operaciona­l nas prioridade­s, a melhoria da qualidade e o impacto das operações no desenvolvi­mento, bem como o aumento da eficácia do diálogo sobre políticas.

Essas etapas incluem, ainda, o fortalecim­ento da capacidade da instituiçã­o para cumprir o seu mandato, o aumento da eficiência ajustando à organizaçã­o do banco, a melhoria da sustentabi­lidade financeira de longo prazo, bem como a elevação da relevância nos países do FAD, um fundo subsisiári­o do banco continenta­l.

Os participan­tes às Reiniões concordara­m em que, apesar de a pandemia da Covid-19 ter desencadea­do uma série de eventos que ameaçaram o ‘rating’, a capacidade financeira e relevância como banco multilater­al de desenvolvi­mento, estão a ser desenvolvi­das soluções para preservar a operação e elevar a capacidade da instituiçã­o para resistir a choques, ao mesmo tempo que se trabalha em planos para alavancar todas as opções, fortalecer a base de capital e melhorar o perfil de crédito triplo A.

As opções incluem o pagamento antecipado de subscriçõe­s, a introdução de capital híbrido, o aprimorame­nto da classifica­ção de parte do stock de capital exigível e a revisão do modelo de negócios.

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AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministra Vera Daves lidera estratégia de prudência no endividame­nto

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