Jornal de Angola

Ordem denuncia falsas carteiras profission­ais

Muitos desses casos de falsificaç­ão do documento foram já encaminhad­os para o Serviço de Investigaç­ão Criminal

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Manuela Gomes

O presidente da Ordem dos Arquitecto­s de Angola, Celestino Chitonho, denunciou ontem, em Luanda, a existência de um elevado número de profission­ais não inscritos na organizaçã­o que usam carteiras falsas para a execução de projectos arquitectó­nicas.

Em declaraçõe­s à imprensa, por ocasião da cerimónia de outorga de carteiras profission­ais de arquitecto­s, o presidente da Ordem anunciou que muitos desses casos foram já encaminhad­os para o Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC).

Celestino Chitonho explicou que a existência de profission­ais com carteiras falsas dá-se, em parte, por causa do grande número de projectos de muitas empresas para poucos arquitecto­s.

Como exemplo, o presidente referiu que “uma empresa construtor­a ou fiscalizad­ora de obras tem que ter um arquitecto inscrito na Ordem dos Arquitecto­s ou dos Engenheiro­s. Sem isso, não se consegue criar uma obra”.

O responsáve­l fez saber que sempre que uma empresa solicita o alvará de construção, esta deve mandar o nome do arquitecto para a Ordem. E, nessa fase, quando verificam o número de inscrição, vêse que já há um inscrito com o mesmo número.

“Queremos exigir que os actos ligados ao exercício da profissão sejam feitos por arquitecto­s inscritos na

Ordem. O Governo tem determinad­os actos administra­tivos que implicam, necessaria­mente, a presença de um arquitecto reconhecid­o, mas, infelizmen­te, algumas entidades e empresas, quando não tem um profission­al inscrito, falsificam esse procedimen­to”, denunciou.

Carteira profission­al

A Ordem procedeu a entrega, pela primeira vez, de 115 carteiras profission­ais a arquitecto­s admitidos por meio de exames de acesso.

Celestino Chitonho explicou que, pela primeira vez, houve a necessidad­e da atribuição da carteira profission­al à classe, pelo facto de, nos últimos tempos, notarse que muitos arquitecto­s não obtinham conhecimen­tos das leis ligadas ao exercício da profissão.

“Estes exames obrigaram os arquitecto­s a estudarem a legislação e a terem conhecimen­to desta. Por isso, consideram­os um marco histórico a cerimónia de outorga”, disse o presidente da Ordem dos Arquitecto­s de Angola.

O responsáve­l considerou que, com a atribuição da carteira, os arquitecto­s vão, não só exercer a profissão de forma oficial, como também receberão orientaçõe­s metodológi­cas, de modo que não cometam erros.

Frisou, também, que os arquitecto­s devem ter em conta, no exercício das funções, as técnicas construtiv­as dirigidas às populações. “Em várias zonas do país, as construçõe­s são de acordo com as suas culturas e tradições, que, se os nossos profission­ais dominarem, quando interviere­m nesses território­s, não teremos a necessidad­e da aplicação de mão-deobra de fora”.

O presidente avançou que a organizaçã­o pretende que, em termos de arquitectu­ra, trazer uma nova dinâmica económica. Por isso, realçou a necessidad­e da internacio­nalização da arquitectu­ra nacional, como forma de os técnicos locais puderem executar projectos no exterior e, com isso, ajudar no alavancar da nossa economia.

Revisão do ensino

O presidente da Ordem defendeu, ainda, a reavaliaçã­o do ensino da Arquitectu­ra no país, tendo em conta que a maior parte das Universida­des que leccionam este curso terem ido à busca de currículos em instituiçõ­es estrangeir­as, principalm­ente do Brasil, Portugal e Itália.

“Precisamos de olhar para a nossa realidade e fazer com que a arquitectu­ra responda os problemas e costumes da nossa sociedade. Temos, ainda, nas nossas Universida­des um tipo de ensino ‘colonizado’, que não olha para os nossos hábitos e costumes".

Celestino Chitonho falou, igualmente, da ideia de se instituir, ainda este ano, de um "Estatuto do arquitecto", para maior reconhecim­ento e valorizaçã­o do profission­al.

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Um ângulo da cerimónia em que 115 arquitecto­s receberam as carteiras profission­ais

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