Primeiro-ministro apresenta demissão
O Primeiro-ministro argelino, Abelaziz Djerad, apresentou, sexta-feira, a demissão do Governo ao Presidente Abdelmadjid Tebboune, um dia após a confirmação dos resultados oficiais das eleições legislativas, vencidas pela Frente de Libertação Nacional (FLN), no poder.
No cargo desde 28 de Dezembro de 2019, Djerad vai permanecer como Chefe do Governo para gestão dos assuntos correntes.
“Aceito a renúncia, mas vai continuar a gerir os assuntos correntes até à nomeação de um novo Governo”, afirmou o Presidente Tebboune, citado pela agência de notícias APS.
Djerad, de 67 anos, apesar de criticado pela gestão da crise económica no país, foi reconduzido em Junho de 2020 e depois em Fevereiro de 2021, durante uma remodelação ministerial.
As eleições legislativas foram marcadas por uma abstenção histórica, de 77 por cento, o que atesta o crescente descontentamento e desconfiança dos argelinos perante uma classe política amplamente desacreditada e foram rejeitadas antecipadamente pelo movimento de protesto do 'Hirak' e pela oposição secular e de esquerda, que denunciaram uma “mascarada”, num contexto de repressão contra todas as vozes dissidentes.
A Assembleia emergente vai provavelmente levar a uma coligação que reúna os dois partidos nacionais (o FLN e a União Nacional Democrática), os independentes, os conservadores islâmicos e pequenos grupos próximos do poder. Assim que foram eleitos, a maioria dos deputados independentes jurou lealdade ao Presidente Tebboune.
Quanto ao Primeiroministro, o Chefe de Estado poderia reconduzir Djerad, ou designar um representante da maioria parlamentar ou mesmo uma personalidade não filiada a um partido político. O próximo Chefe de Governo vai ter de aplicar o roteiro de Tebboune, começando com as eleições locais até ao final do ano.
As autoridades estão determinadas em retomar o controlo, após dois anos e meio de crise política, ignorando as reivindicações que vêm da rua.