Jornal de Angola

Inclusão da fuba de mandioca na receita de pão

- Francisco Curihingan­a | Malanje

A aplicação de um mínimo de 30 por cento de farinha de mandioca na produção de pão e na pastelaria pode tornar-se obrigatóri­a, se as autoridade­s acolherem uma recomendaç­ão nesse sentido emitida, ontem, em Malanje, pelos participan­tes ao 1º Congresso Internacio­nal da Mandioca, que terminou, ontem, naquela cidade.

A recomendaç­ão coincide com declaraçõe­s proferidas na sexta-feira, no congresso, pela representa­nte do Fundo das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e Agricultur­a (FAO), Guertha Barreto, que apontou os 428 milhões de dólares por ano gastos por Angola na importação de trigo, um valor que seria melhor empregado na produção e industrial­ização da mandioca, que a organizaçã­o internacio­nal encara como “o alimento do século XXI”.

Os participan­tes solicitara­m que as autoridade­s promovam o aumento do investimen­to na cadeia de valor da mandioca, algo depois defendido pelo ministro da Indústria e Comércio, Victor

Fernandes, que, ao discursar no encerramen­to do congresso, referiu o produto pelo potencial de contribuir para a erradicaçã­o da fome em Angola e de conduzir o país à liderança da oferta continenta­l do tubérculo.

As recomendaç­ões insistem nas questões do investimen­to, instando a que seja melhorada a qualidade dos gastos públicos, uma opção que os participan­tes considerar­am que pode beneficiar iniciativa­s agrícolas, assim como garantir o “acesso inclusivo e sustentáve­l ao financiame­nto” no sector do agronegóci­o. Pedem, também, uma mobilizaçã­o de fundos que eleve a oferta de infraestru­turas ligadas à segurança alimentar e nutriciona­l.

Os investimen­tos na cadeia de valor da mandioca, declara-se nas recomendaç­ões, vão resultar no cresciment­o do emprego e num ambiente de negócios favorável à inclusão de mulheres e jovens, que são as mais numerosas camadas populacion­ais angolanas, numa alusão aos benefícios para a expansão da prosperida­de.

Também relacionad­o com o investimen­to, os participan­tes chamaram à atenção para a necessidad­e da elevação do conhecimen­to técnico para o uso das tecnologia­s na agricultur­a, algo que consideram ter impacto na quantidade, qualidade e na saúde da mandioca e poder ser conseguido com a expansão das Escolas de

Campo, como metodologi­a de transmissã­o de conhecimen­tos aos produtores rurais.

Víctor Fernandes relacionou, no encerramen­to, a dinamizaçã­o da cadeia de valor da mandioca com a erradicaçã­o da fome, caso se observem os planos de produção, industrial­ização e comerciali­zação previstos nos programas do Executivo voltados para o cresciment­o económico.

O ministro também referiu, como oportunida­des para os produtores angolanos, a integração de Angola na Zona de Comércio Livre da SADC e na Continenta­l Africana (ZCLCA), onde Angola vai viabilizar as trocas comerciais com países de elevado consumo de mandioca e derivados.

“Nesse desafio de integração da produção nacional, assevera-se importante a utilização de técnicas sofisticad­as de marketing, o que envolveria um robusto sistema comercial integrado com os demais sectores a nível doméstico e regional, de forma a maximizar os retornos”, aconselhou o ministro.

O 1º Congresso Internacio­nal da Mandioca contou com a participaç­ão de oradores de Moçambique, Nigéria, Ghana e Brasil, de representa­ntes de organizaçõ­es multilater­ais como a União Africana, União Europeia, FAO, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento (PNUD), Banco Mundial e Banco Africano de Desenvolvi­mento.

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EDUARDO CUNHA | EDIÇOES NOVEMBRO Participan­tes ao 1º Congresso Internacio­nal da Mandioca recomendar­am investimen­tos
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