Inclusão da fuba de mandioca na receita de pão
A aplicação de um mínimo de 30 por cento de farinha de mandioca na produção de pão e na pastelaria pode tornar-se obrigatória, se as autoridades acolherem uma recomendação nesse sentido emitida, ontem, em Malanje, pelos participantes ao 1º Congresso Internacional da Mandioca, que terminou, ontem, naquela cidade.
A recomendação coincide com declarações proferidas na sexta-feira, no congresso, pela representante do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Guertha Barreto, que apontou os 428 milhões de dólares por ano gastos por Angola na importação de trigo, um valor que seria melhor empregado na produção e industrialização da mandioca, que a organização internacional encara como “o alimento do século XXI”.
Os participantes solicitaram que as autoridades promovam o aumento do investimento na cadeia de valor da mandioca, algo depois defendido pelo ministro da Indústria e Comércio, Victor
Fernandes, que, ao discursar no encerramento do congresso, referiu o produto pelo potencial de contribuir para a erradicação da fome em Angola e de conduzir o país à liderança da oferta continental do tubérculo.
As recomendações insistem nas questões do investimento, instando a que seja melhorada a qualidade dos gastos públicos, uma opção que os participantes consideraram que pode beneficiar iniciativas agrícolas, assim como garantir o “acesso inclusivo e sustentável ao financiamento” no sector do agronegócio. Pedem, também, uma mobilização de fundos que eleve a oferta de infraestruturas ligadas à segurança alimentar e nutricional.
Os investimentos na cadeia de valor da mandioca, declara-se nas recomendações, vão resultar no crescimento do emprego e num ambiente de negócios favorável à inclusão de mulheres e jovens, que são as mais numerosas camadas populacionais angolanas, numa alusão aos benefícios para a expansão da prosperidade.
Também relacionado com o investimento, os participantes chamaram à atenção para a necessidade da elevação do conhecimento técnico para o uso das tecnologias na agricultura, algo que consideram ter impacto na quantidade, qualidade e na saúde da mandioca e poder ser conseguido com a expansão das Escolas de
Campo, como metodologia de transmissão de conhecimentos aos produtores rurais.
Víctor Fernandes relacionou, no encerramento, a dinamização da cadeia de valor da mandioca com a erradicação da fome, caso se observem os planos de produção, industrialização e comercialização previstos nos programas do Executivo voltados para o crescimento económico.
O ministro também referiu, como oportunidades para os produtores angolanos, a integração de Angola na Zona de Comércio Livre da SADC e na Continental Africana (ZCLCA), onde Angola vai viabilizar as trocas comerciais com países de elevado consumo de mandioca e derivados.
“Nesse desafio de integração da produção nacional, assevera-se importante a utilização de técnicas sofisticadas de marketing, o que envolveria um robusto sistema comercial integrado com os demais sectores a nível doméstico e regional, de forma a maximizar os retornos”, aconselhou o ministro.
O 1º Congresso Internacional da Mandioca contou com a participação de oradores de Moçambique, Nigéria, Ghana e Brasil, de representantes de organizações multilaterais como a União Africana, União Europeia, FAO, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Banco Mundial e Banco Africano de Desenvolvimento.