Libolo comemora hoje 122 anos
A região regista históricas batalhas de resistência imposta dos nativos que desde muito cedo se impuseram contra a ocupação e domínio das forças portuguesas
Sob fortes medidas de prevenção contra a Covid-19, o município de Libolo (Cuanza Sul) festeja hoje 122 anos de existência. A região viu passar a sua gestão de domínio militar para a administração civil a 29 de Junho de 1899 e foi elevada à categoria de município (conselho) apenas a 31 de Janeiro de 1900.
A Fortaleza, situada no centro da comuna de Calulo, sede do município do Libolo, foi construída pelos conquistadores portugueses no século XIX (1893 a 1894) e em 2017 passou a monumento histórico nacional.
O local servia para auxiliar o avanço das tropas portuguesas durante as guerras de resistência impostas pelos nativos da região que lutavam contra a ocupação e comércio de escravos.
A região do Libolo testemunhou históricas batalhas de resistência dos nativos contra o domínio e ocupação pelos portugueses. As guerras tiveram lugar na zona da "Pedra Escrita", bairro Dalauso, entre 1917 e 1932.
Hoje é um município potencialmente agrícola, com aposta, em grande escala, na produção de hortícolas, citrinos e cereais. Na sua sede existem pequenas indústrias transformadoras, principalmente moageiras, que têm ajudado na transformação do milho e farinha de mandioca.
Nesta altura, o município precisa de mais investimento no sector da indústria transformadora, visando o processamento da produção dos pequenos agricultores e cooperativas. Por falta de escoamento e compradores, muitos produtos têm se deteriorado.
No período colonial e nos primeiros anos da Independência do país, Lobolo foi uma das regiões de grande produção de café e óleo de palma, chegando a possuir cerca de 320 grandes fazendas que, devido à guerra que o país viveu, a maioria ficou abandonada e algumas destruídas pelo fogo.
Festejos
O programa dos festejos que começa sempre no primeiro dia de Junho, abrangem actividades religiosas realizadas pela igreja Católica.
No dia 13 deste aconteceu a consagração de Santo António, considerado padroeiro da vila, acto que terminou com uma missa de acção de graças.
O programa contempla ainda actividades culturais, desportivas, recreativas, feira da agricultura e culmina no dia 29 com o habitual Festival Internacional de Música de Calulo (Festicalulo), que já vai na sua vigésima edição.
O chefe de sessão de Promoção, Turismo e Cultura do Libolo, Contreiras Canhanga Muhongo, disse que o município comemora neste mês de Junho duas festas distintas. Conforme explicou, o dia 13 de Junho é dedicado às Festas de Santo António de Pádua, da Igreja Católica, Padroeiro do Libolo. Seguese a peregrinação à capela de Nossa Senhora de Fátima de Calulo.
Segundo o responsável, devido à Covid-19, a actividade que anteriormente congregava mais de 5000 mil pessoas, este ano realizouse no pátio defronte à Fortaleza de Calulo com apenas 1500 pessoas. Estiveram presentes o administrador municipal, membros da administração, fiéis e munícipes.
O pároco da Igreja Católica do Libolo, Osvaldo Mariano dos Santos, destacou Santo António como uma figura importante no seio da Igreja, por ter dedicado a sua vida ao evangelho de Cristo e à conversão dos pecadores do seu tempo, deixando seu legado aos munícipes do Libolo.
O pároco apelou aos fiéis para seguirem o seu exemplo, principalmente pregando o amor ao próximo.
O administrador Municipal do Libolo, Rui Feliciano Miguel, destacou, igualmente, o amor ao próximo do padroeiro de Calulo na missão de evangelização.
Celebrar com prevenção
No quadro dos festejos deste ano, a directora municipal da Saúde do município do Libolo, Ângela Maurício, disse ao Jornal de Angola que a celebração está a obedecer um programa restrito devido à Covid-19 que assola o mundo.
Disse que os munícipes estão sensibilizados sobre as medidas de prevenção, através do uso obrigatório de máscara, lavagem das mãos com água e sabão ou utilização de álcool em gel e distanciamento social.
O município, disse, registou, até ao momento, 52 casos positivos, dos quais, 51 recuperados e um óbito. Entre 24 de Abril e 18 deste mês realizou-se a primeira e segunda dose de vacinação aos populares enquadrados nos grupos prioritários.