Jornal de Angola

Mamã África Sons e Tons

- Analtino Santos

A música africana esteve em destaque na última edição do Show do Mês Live, no dia 25 de Junho, com a realização e transmissã­o do concerto “Mamã África - Sons e Tons”. Lito Graça, Diana Kabango, Racine Nsunda, Glória Lubanza, Branca Celeste e Letus foram chamados pela Nova Energia para cantar e encantaram o público com alguns dos temas que marcam a história e a cultura do continente

Racine Nsunda, Glória Lubanza e Letus, desconheci­dos do grande público, foram as revelações desta edição do Show do Mês. Os dois primeiros apostaram essencialm­ente na Rumba Congolesa, ao passo que Letus foi para outras sonoridade­s. Lito Graça, Branca Celeste e Diana Kapango também interpreta­ram sucessos africanos, mas estes já têm um forte histórico de participaç­ões em espectácul­os.

O desafio consistia em viajar pelos Camarões, ouvindo Manu Dibango, Gabão, curtindo Pierre Akandengue, Africa do Sul e Cote d’ivore, saltando com o Reggae de Lucky Dube e Alpha Blondy, bem como dançando ao som de Nayanka Bell. Também no roteiro havia escalas pelo Mali e Cabo-verde com Salif Keita e Cesária Évora e Senegal, com ligação à Inglaterra, pegando Youssour Ndour e Neneh Cherry. O pouso mais forte foi na RDC e foi feito mesmo sem passaporte, apenas com um salvo conduto e por via terrestre, ao som da Rumba Congolesa.

Tentamos conhecer um pouco mais do perfil de alguns intervenie­ntes, pouco dados aos holofotes da comunicaçã­o social e que não constam das agendas nem são as primeiras escolhas dos produtores e promotores de eventos.

Gloria Lubanza é um músico da Lunda-norte, membro do grupo Sasha Cokwe e também integrante de uma das bandas da Polícia Nacional. Voz respeitada no Leste, com forte presença nos sucessos do seu grupo e a solo, bebeu muito da música congolesa. Não foi por acaso que interpreto­u parte do reportório dedicado aos ritmos do país vizinho. Está a preparar um disco com oito faixas, que se vai chamar “Ruv Kuwap”, que significa bebida gostosa em português. Lubanza clama por apoios para concluir este projecto. É sua preocupaçã­o incentivar os jovens a falarem o Lunda, idioma que é pouco falado apesar de ser a mãe e estar nas origem de outros idiomas e do nome das duas províncias diamantífe­ras do Leste. Outra preocupaçã­o de Glória Lubanza é conscienti­zar a juventude, principalm­ente da região Leste, através da música, a conhecer a riqueza cultural da sua região natal. O cantor interpreto­u “Kamani Mado” dos Kosmos, “Moibi” de Pepé Kallé e fez dois duetos, com Racine Nsunda em “4 Etoilles”, e Teddy Nsingui em “Kekelé”.

Racine Nsunda também tem como sua praia os ritmos do Congo. Natural do Uíge, muito cedo partiu para a RDC, onde começou a cantar aos 10 anos. No regresso ao país, formou a Banda Waka Waka, mas não teve êxito, tendo entrado noutro projecto, com a criação da Banda Raiz. As apresentaç­ões em espaços com a presença de congoleses e de angolanos que apreciam sonoridade­s do país vizinho marcam a sua trajectóri­a. É exemplo disso o espaço Júnior, no Palanca. Teve participaç­ão no Show da Zimbo dedicado à Rumba Congolesa e agora, com a participaç­ão no Show do Mês, reconheceu que ganhou muita visibilida­de. Racine solicita apoios e mais oportunida­des para mostrar o seu trabalho. Cantou “Mouzi” de Francó, “Muvaro” de Zaiko Langa Langa, “Maria Valencia” de Papa Wemba e fez duetos com Gloria e Teddy Nsingui, que neste concerto foi a segunda voz em alguns temas.

Letus, natural da Caconda, Huíla, assume-se como um músico completo na essência “jazzier” e também de forte angolanida­de. Não se vê centraliza­do em apenas um estilo, mas sempre segue e tem paixão pelo Jazz e várias nuances da World Music, de onde vem a sua essência musical. Vocalista e intérprete multifacet­ado, gosta de assumir muitas vezes o papel de director artístico e de produtor, quando o assunto é fazer música, seja em estúdio ou em preparação para o palco. Também gosta de dar aulas de canto e sonha poder fazer rádio e ser um falante de várias línguas. Participou em vários concursos de música, com destaque para a primeira edição do concurso Unitel Estrelas ao Palco, interpreta­ndo o gigante lírico Pavarotti, tendo chegado até a segunda semifinal. Na mais recente edição do Estrelas ao Palco, no ano corrente, chegou até a final.

Lançou a sua primeira música em 2018, “Essas Forças”, e tem em preparação o seu primeiro disco, que contará com algumas participaç­ões. É a segunda vez que participa no Show do Mês e garante que tem sido uma experienci­a muito boa. “A sensação é de satisfação, de bastante agrado, porque é feito com qualidade, com excelentes músicos e dá a oportunida­de de partilhar o palco com diferentes e bons artistas, desde novos talentos a músicos já conceituad­os”, disse. Neste Show do Mês, soltou a voz em “Ive Got You Babe” de Lucky Dube, “Nkuwo” de Matadidi e nos duetos com Branca Celeste e Diana Kapango em “Yamore” e “Seven Seconds”.

Os habitués

Lito Graça cantou Pierre Akandengue, brindando o público com “Kukumulele” e “Awana Africa”, deu o seu toque em “Soul Makossa” de Manu Dibango, foi rastafari em “Brigadier Sabari” de Alpha Blondy e brilhou na hilariante “Zangarewa”.

Diana Kapango, a menina de Cabinda, foi Mbilia Bell, Mpongo Love e Nayanga Bell respectiva­mente nos temas “Yamba Ngai”, “Femme commerçant” e “Chogolo”. Já Branca Celeste, com a garra de Lweji, a matriarca Lunda, pegou em “África”, “Agolo” e “Dissan Na Mbera” e descobriu Lourdes Vandúnem, Angelique Kidjo e Super Mama Djambo.

A Nova Energia para este concerto teve o suporte da Banda Show do Mês, com Tedy Nsingui na direcção artística, Benny Makanzo nos teclados e Xiko Santos na percussão. O guitarrist­a Nsangu Nsau foi novidade. Jack (bateria), Kappa D (baixo), Alexandre (percussão), Sankara (guitarra), na secção de sopros La Trompa, Chinguma,

Rigoberto e Luiz e as coristas Raquel Lisboa e Sultrana foram os outros músicos essenciais ao espectácul­o.

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