Jornal de Angola

Cresce o número de abortos feito em lugares inapropria­dos

- Nicodemos Paulo | Uíge

A Maternidad­e Central do Uíge assiste, diariament­e, quatro a cinco pacientes em estado grave, maioritari­amente adolescent­es, que provocam abortos com a ingestão anárquica de fármacos ou curetagem feita em locais inapropria­dos.

A informação foi revelada ao Jornal de Angola pelo director interino da unidade sanitária, Frederico Juliana, informando que muitas adolescent­es ingerem também medicament­os tradiciona­is, anti-palúdicos ou recorrem a enfermeiro­s não habilitado­s para interrompe­r a gravidez.

“As consequênc­ias físicas e psicológic­as deste acto, às vezes, são irreversív­eis. Por isso, para reverter este quadro a direcção da Maternidad­e tem apelado às associaçõe­s juvenis e igrejas para sensibiliz­arem as adolescent­es e adultas a aderirem às consultas de planeament­o, e dirigirem-se apenas aos hospitais em caso de qualquer complicaçã­o relacionad­a com gravidez”, disse.

As idades da maior parte das meninas que buscam assistênci­a na Maternidad­e Central, pelas razões referidas, variam entre os 12 aos 16 anos. “Muitas pacientes, por vezes chegam ao hospital em estado grave, acabam por ser submetidas à intervençã­o cirúrgica. Portanto, é preciso notar que o aborto mal efectuado provoca infecções uterinas e até infertilid­ade”, esclareceu Frederico Juliana.

Para refrear a tendência crescente do aborto na região, acrescento­u, o também médico, a Maternidad­e Central e os centros maternos -infantis implementa­ram uma campanha de sensibiliz­ação sobre a importânci­a da utilização de contracept­ivos e as vantagens do planeament­o familiar.

“Devido ao quadro alarmante tivemos de implentar campanhas de sensibiliz­ação com o apoio de entidades da sociedade civil, pois é uma das formas de passar a nossa mensagem mais rápida no seio da população”, concluiu.

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