Artes cénicas angolanas revistas em livros
“A raiva”, “A grande questão” e “Teatro da tarimba” são os títulos dos livros que o dramaturgo Tony Frampênio apresenta hoje, para trazer novas perspectivas sobre as artes cénicas nacionais.
Os livros, que marcam a estreia do autor neste género, assentam em análises já apresentadas no teatro e DVD sobre a problemática sociocultural, política e económica do país, particularmente de Luanda.
Para o autor, o teatro ganha com a iniciativa, “pois não é praxe o lançamento de obras dramáticas em livro e tão pouco se fazem estudos sobre esta arte e assentes na actual realidade angolana”.
Os livros “A raiva” e “A grande questão”, explicou, falam sobre a problemática social do país, com maior incidência para Luanda, enquanto “Teatrodatarimba”éumestudo científico, resultante do trabalho de defesa de licenciatura em Teatro, que analisa a situação desta arte no país, tendo como “caso de estudo” a Companhia Horizonte Njinga Mbande.
Tony Frampênio adiantou que “A raiva” e “A grande questão” já existiam como peças de teatro, encenadas há 10 anos. A concepção em livro, disse, levou 2 anos. “Apesar de serem obras de teatro podem ser lidos por um público heterogéneo. É uma imagem da identidade e da cultura angolana, como forma de interpretar alguns fenómenos sociais”, reforçou.
O dramaturgo informou que no país ainda existe um teatro nacional, que instiga os fenómenos culturais e funciona como um veículo de exaltação da angolanidade. “Este teatro existiu nos anos 80, num casamento harmonioso com a literatura. Hoje, o que se verifica é um divórcio entre estas duas artes, o que, de certo modo, belisca o valor desta. O actual teatro praticado é de pouca profundidade filosófica e estética”, lamentou.
A falta de políticas claras e pragmáticas, as poucas e degradadas infra-estruturas, a falta de formação de qualidade, incentivos e promoção das artes são, para Tony Frampênio, os factores que relegam o teatro à condição de produto não rentável.
“Quase não existem estudos científicos nesta área. Mena Abrantes é um dos poucos. Temos também Agnela Barros, Africano Kangombe e talvez mais alguns”, critica, acrescentando que a intenção do lançamento dos livros é contribuir para a mudança do paradigma do teatro em Angola.