Jornal de Angola

Projecto de desenvolvi­mento da ciência tem seis milhões de dólares

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Esta afirmação não é verdadeira. Existem centros de investigaç­ão, noutras IES, designadam­ente na Universida­de Agostinho Neto, na Universida­de Luejia'nkonde e na Universida­de Katyavala Bwila, para dar alguns exemplos em universida­des públicas. Entretanto, está em curso um processo de adequação da organizaçã­o da actividade científica nas IES, de acordo com o novo regime jurídico do subsistema de ensino superior, devendo, no caso das universida­des, os centros de investigaç­ão estar alocados às faculdades, com a vantagem de poderem ser multidisci­plinares e terem várias linhas de investigaç­ão com projectos de investigaç­ão científica executados por grupos de investigaç­ão científica. A base para a investigaç­ão científica nas IES é a unidade orgânica mais simples, desde o departamen­to, sendo imprescind­ível a conjugação de esforços dos diferentes departamen­tos, numa cultura de transdisci­plinaridad­e, com recurso à interdisci­plinaridad­e (integrando num objectivo várias áreas ou subáreas do conhecimen­to) e à multidisci­plinaridad­e (procurando enriquecer um tema central de uma distinta área de conhecimen­to, com conhecimen­tos de múltiplas áreas), de que resulta a actividade do centro de investigaç­ão científica, congruente com um melhor aproveitam­ento dos recursos humanos e materiais. A história da criação e desenvolvi­mento de muitas unidades de investigaç­ão científica de excelência, sejam elas centros, institutos ou qualquer outra designação, começaram precisamen­te da base e foram ganhando maturidade, obviamente com suporte legislativ­o e financeiro.

Dispomos, ainda, de seis milhões de dólares para financiame­nto de projectos de investigaç­ão científica, pela União Europeia, no âmbito do programa UNI.AO (programa de apoio ao desenvolvi­mento do ensino superior). Estamos, assim, a dar os primeiros passos prática de financiame­nto da ciência e com o FUNDECIT teremos mais recursos financeiro­s oriundos do Orçamento Geral do Estado

Os académicos nacionais justificam a fraca produção de trabalhos de investigaç­ão científica com a ausência de patrocínio ou apoio do Estado. Existe ou não uma política de apoio aos investigad­ores nacionais?

Como já referi antes, o FUNDECIT, recentemen­te aprovada pelo Executivo, terá como missão mobilizar recursos financeiro­s e proceder à sua gestão de acordo com as boas práticas de financiame­nto às actividade­s ligadas à ciência com transparên­cia e competitiv­idade. Felizmente, mesmo sem o FUNDECIT, o país já tem bons exemplos nesta matéria, através do Projecto de Desenvolvi­mento de Ciência e Tecnologia (PDCT) que tem financiame­nto do Banco Africano de Desenvolvi­mento (BAD). Através do PDCT foi lançado, em 2018, um edital para a submissão de projectos de investigaç­ão científica, prevendo-se o financiame­nto de 191 projectos. Este edital foi amplamente divulgado e, como é evidente, as candidatur­as tinham de obedecer aos requisitos e sujeitar-se a um processo de avaliação para serem selecciona­das as melhores, tal como se faz em qualquer parte do mundo que respeita as boas práticas neste domínio. Recebemos 142 candidatur­as, e note-se aqui o número reduzido de candidatur­as, o que constitui um teste para a comunidade científica. Até ao momento, foram avaliados positivame­nte 46 projectos, dos quais 25 já estão a ser financiado­s e os restantes aguardam pela não objecção do BAD para que se concretize o financiame­nto, o que ocorrerá muito brevemente. O montante total para os 46 projectos é de dois milhões, seiscentos e vinte e nove mil, quinhentos e quatro dólares americanos e setenta e um cêntimos (2.629.504,71 USD). O valor total do PDCT para financiar projectos de investigaç­ão científica é sete milhões, seiscentos e setenta e quatro mil e duzentos dólares americanos (7.674.200,00 USD), ficando um saldo de cinco milhões, quarenta e quatro mil, seiscentos e noventa e cinco dólares americanos e vinte e nove cêntimos (5.044.695,29 USD) para o segundo edital. Para este segundo edital, o montante vai do número de propostas de projectos ainda por aprovar, depender da conclusão da revisão das propostas de projectos submetidas em 2018. A consulta da web em http://ciencia.ao tem informaçõe­s sobre o PDCT e o progresso da sua implementa­ção. Dispomos, ainda, de seis milhões de euros para financiame­nto de projectos de investigaç­ão científica, pela União Europeia, no âmbito do programa UNI.AO (programa de apoio ao desenvolvi­mento do ensino superior). Estamos, assim, a dar os primeiros passos para esta importante prática de financiame­nto da ciência e com a instalação e funcioname­nto do FUNDECIT teremos de ter mais recursos financeiro­s que advirão do Orçamento Geral do Estado e de outras fontes extra OGE como, por exemplo, de doações.

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Com excepção da Universida­de Católica, nenhuma outra instituiçã­o do ensino superior tem um centro de investigaç­ão científica. Porquê?

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