Jornal de Angola

Processo de harmonizaç­ão curricular

-

A Universida­de Agostinho Neto é a instituiçã­o pública do ensino superior espalhada por todo o país. Quais são as metas para melhorar as condições de trabalho dos docentes e dos seus funcionári­os que muito reclamam pelas melhorias das condições de vida?

Permita-me fazer uma correcção: por força do Decreto nº 7/09, de 12 de Maio, desde 2009, a Universida­de Agostinho Neto (UAN) deixou de ter “unidades” fora de Luanda e do Bengo, com o processo do seu redimensio­namento e de criação de novas IES, muitas delas tendo como base “núcleos” da UAN existentes em algumas províncias. A UAN tem uma vantagem acrescida, pela experiênci­a acumulada, com o seu capital histórico, como a maior e a mais antiga universida­de de Angola que muito tem contribuíd­o para a formação de quadros superiores de Angola. Todas as IES, sejam públicas ou privadas, têm de ter um plano estratégic­o para o seu desenvolvi­mento que é discutido e decidido em sede dos seus órgãos colegiais. Este plano estratégic­o tem de ser realista, no contexto nacional, e tem de ter objectivos e metas bem estabeleci­dos, com mecanismos­inequívoco­sdemedição do progresso (indicadore­s). Ora, é em função deste plano que cada IES terá de orientar a sua gestão para fazer uma melhor racionaliz­ação dos seus recursos. Esta é uma decisão muito importante e fundamenta­l de cada IES. Por exemplo, definir que em matéria de investigaç­ão científica num período de x anos a Universida­de vai focar-se em projectos em uma ou duas áreas do conhecimen­toou,senãodefin­ir assim e partir do princípio que a investigaç­ão abarcará todas as áreas, provavelme­nte, com esta última decisão estará a dispersarr­ecursos(infelizmen­te, muito frequentem­ente parcos) e com esta “pulverizaç­ão” não consegue obter resultados sólidos. Digo isto, porque esta é uma parte essencial da gestão e a responsabi­lidade está toda nas IES. Evidenteme­nte, que o Executivo tem obrigações de prover mais recursos e, certamente, que terá de o fazer em função da população universitá­ria de cada IES. Esta matéria do financiame­nto do ensino superior é um dos grandes desafios do Executivo, nas difíceis condições actuais do país.

Há um plano para uniformiza­ção dos currículos. Para quando este processo? Por que as disciplina­s no ensino superior não são iguais mesmo com cursos iguais?

Permita-me outra correcção importante: não haverá uniformiza­ção! O que queria dizer é termos os currículos de um mesmo tipo de cursos todos iguais; não se trata disso, mas sim de harmonizaç­ão curricular. Isto é, para cursos de um dado domínio científico, o currículo terá semelhança em 70% e os restantes 30% serão da inteira responsabi­lidade da unidade orgânica que ministra o curso. Por outro lado, também estão bem definidas as normas para a organizaçã­o de cada curso, deixando de haver disciplina­s anuais, passando a ser semestrais e com carga horária determinad­a por unidades de crédito (uma unidade de crédito equivale a 15 horas lectivas). Estas normas estão bem expressas no Decreto Presidenci­al nº 193/18, de 10 de Agosto. Este processo é muito importante para facilitar a mobilidade de estudantes e mesmo de docentes no país e até para estarmos alinhados com as normais regionais da SADC e internacio­nais a outros níveis. A harmonizaç­ão curricular é um processo complexo, está a ser efectuado com docentes angolanos, em comissões nacionais curricular­es por áreas de conhecimen­to, estando umas mais avançadas do que outras, e esperamos que no ano académico 2021/2022 já seja possível admitir alunos em cursos no novo formato. Certamente que ainda há muito trabalho a ser feito, mas o mais importante é que já está em curso, já temos resultados e temos de prosseguir.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola